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Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 14:57
por Emil
Então, que eu acho a nossa imprensa (ou mídia, seus comunistinhas) um negócio dos mais bizarros que existem. Ela é frequentemente pautada por interesses escusos, alivia um lado e detona outro nas mesmas situações, ou é ruim de dar dó mesmo. Então eu abri este tópico para quem quiser discutir o assunto, e porque Tormenta é um alvo muito datado já; hora de trocar de espantalho.

Pra começar, entrevista na globonews em que a entrevistadora não estava esperando ouvir as respostas que ouviu e se indignou por causa disso:


Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 16:26
por banned_guardian
O engraçado é ver que a ENTREVISTADORA quer forçar a ENTREVISTADA a concordar com ela, chegando ao absurdo de emitir a opinião própria contrária a da Professora. De um lado a opinião de uma estudiosa da área e de outra a opinião de uma jornalista (que pelo jeito deve ter profundo conhecimento histórico/técnico do que foi discutido).

Ela devia se limitar a fechar a boca e ouvir a especialista falando.

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 16:31
por Kear
Engraçado é o argumento dela "eu tenho dois filhos por isso eu sei do que tô falando".

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 16:38
por Iuri
Uma postura ridicula para uma profissional.
Por outro lado, a entrevistada parecia estar provocando... toda pergunta, mesmo as extremamente objetivas como "O que pode ser feito para diminuir o consumo de drogas entre jovens?" (não exatamente nessas palavras) foram respondidas com "err, na verdade o problema está nas drogas serem ilegais..."
Quando entrevistado e entrevistador querem conversar sobre assuntos diferentes, uma entrevista ruim é o minimo que podemos esperar. Quando têm opiniões diferentes e fazem questão de expressá-las em momentos inapropriados, passa a ser lamentável.
Engraçado é o argumento dela "eu tenho dois filhos por isso eu sei do que tô falando".

Na verdade esse argumento é uma forma simplificada de "eu tenho filhos, e qualquer pai é instruído a abordar o assunto drogas com adolescentes por esta ótica, logo o ponto de vista que estou defendendo é suportado pelo governo e todos especialistas consultados por ele, pela igreja, e pelo manual de boa conduta moral do bom cidadão". Mas sim, é igualmente tosco e falacioso.

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 17:56
por Skar
Por outro lado, a entrevistada parecia estar provocando... toda pergunta, mesmo as extremamente objetivas como "O que pode ser feito para diminuir o consumo de drogas entre jovens?" (não exatamente nessas palavras) foram respondidas com "err, na verdade o problema está nas drogas serem ilegais..."


Mas olha pelo lado da entrevistada, ela sabe que uso de drogas é comum. Achar que existe um método mágico contra o uso das mesma é coisa de idealista de esquina. Drogas legalizadas significam possibilidade de discutir os efeitos que elas causam de educar os jovens para que eles não façam merda.

Acho que o problema é que opinião divergentes dificilmente conseguem ser ouvidas, pior sempre acabam sendo ridicularizadas ou reinterpretadas para melhor convir quem divulga o caso.

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 20:44
por Madrüga
É triste ver que a jornalista realmente acha que entende de alguma coisa. Meu, ela se formou em escrever texto e tirar foto, caralho. Fica de boa aí e entrevista quem sabe.

Fora essa visão tacanha de drogas, clichê de bom-mocismo desnecessário e panaca. E o "medo da autonomia"? Pelamor.

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 20:57
por Lucita
Pesquisadores, considerar períodos históricos, cultura dos povos, hábitos humanos, estatísticas...

Tudo isso é ótimo, desde que sirva só pra constatar que a sua opinião é a verdade verdadeiramente universal.

- Eu vi isso numa pesquisa que dizia que mais de 52,4% das pessoas acreditam que isso é verdade.

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 20:59
por Emil
Que pesquisa é essa, Lucita?

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 21:01
por Madrüga
Isso não é só um exemplo...?

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 21:01
por Lucita
Nenhuma, eu acabei de inventar só pra provar que o que eu disse é verdade. [tivequeexplicar]

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 21:03
por Emil
Nossa, que burro eu!

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 23:19
por stinger957
Esse tópico devia ter sido feito na época das eleições, haha.

É em momentos assim, em que o de um monte de cidadãos ilustres e poderosos tá na reta, que o chorume começa a ser produzido e jogado nas nossas caras em larga escala pelas redações do Brasil afora.

EDIT: sobre a entrevista que abre o tópico... É a Globonews, já dava pra esperar isso - normalmente eles só trabalham com entrevistados que abaixam a cabeça e endossam a postura que a emissora prefere...

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 18 Abr 2011, 23:55
por Elven Paladin
Não sei, creio não ter problema algum com a "Imprensa" e boa parte da minha visão acerca dela é encontrada em "Sobre Jornalismo", um artigo de H.L. Mencken escrito nos anos 20 e ainda válido nos anos 10. Alguns trechos (o artigo pode ser visto aqui e tem algumas diferenças com na minha edição de O Livro dos Insultos):

...O que desejo dizer é simplesmente o seguinte: pelo que sei e acredito, o jornal americano médio, mesmo os supostamente de primeira linha, é não apenas ruim como diz o dr. Sinclair, mas dez vezes pior -- dez vezes mais ignorante, dez vezes mais injusto e tirânico, dez vezes mais complacente e pusilânime, e dez vezes mais sinuoso, hipócrita, velhaco, enganador, farisaico, tartufista, fraudulento, safado, escorregadio, inescrupoloso, pérfido, indigno e desonesto.

Que pena, que pena! Infelizmente, faltam-me palavras. O jornal americano médio, especialmente o chamado de primeira linha, tem a inteligência de um pastor batista, a coragem de um camundongo, a retidão de um palpavo pró-Proibição, a informação de um porteiro de ginásio, o bom gosto de um criador de flores artificiais e a honra de um advogado de porta de cadeia. Se me pedirem para apontar cinco jornais que estejam claramente acima desta média -- se me desafiarem a relacionar cinco jornais que sejam dirigidos de forma tão inteligente, justa, corajosa, decente e honesta como uma fábrica média de pregos, uma empresa de crédito imobiliário ou um negócio de importação de arenques --, levarei dois ou três dias para fazer a lista. E, quando ele estiver pronta e for lida pelo meirinho no tribunal, haverá um rumor de risadinhas abafadas à menção de quase todos eles. Estas risadinhas virão de jornalistas que devem saber um pouco mais do que eu sobre o assunto....

O que aflige primeiramente os jornais dos Estados Unidos -- e aflige também o esquema regenerador do dr. Sinclair -- é o fato de que o gigantesco desenvolvimento comercial destes jornais os obriga a atingir massas cada vez maiores de homens indiferenciados, e o de que a verdade é uma mercadoria que estas massas não podem ser induzidas a comprar. As causas disto estão enraizadas na psicologia do Homo boobus, ou homem inferior -- ou seja, do cidadão normal, típico e predominante de uma sociedade democrática. Este homem, apesar de uma aparência superficial de inteligência, é, na realidade, incapaz de qualquer coisas que possa ser descrita como raciocínio. As idéias que lhe entopem a cabeça são formuladas por um processo de mera emoção. Como todos os outros mamíferos superiores, ele tem sentimentos muito intensos, mas, também como eles, falta-lhe capacidade de julgamento. O que o agrada mais no departamento de idéias -- e, daí, o que ele tende a aceeitar mais como verdadeiro -- é apenas o que satisfaz os seus anseios principais. Por exemplo, anseios por segurança física, tranqüilidade mental e subsistência farta e regular. Em outras palavras, o que ele exige das idéias é o mesmo que exige das instituições -- ou seja, que o deixem livre da dúvida, do perigo e daquilo que Nietzche chamou de os acasos do labirinto. Acida de tudo livre do MEDO, aquela emoção básica de todas as criaturas inferiores em todos os tempos e lugares...

O problema com que se depara um jornal moderno, pressionado pela necessidade de se manter como um negócio lucrativo, é o de conquistar o interesse deste homem inferior -- e, por interesse, não me refiro naturalmente à sua mera atenção passiva, mas à sua ativa cooperação emocional. Se um jornal não consegue inflamar seus sentimentos é melhor desistir de vez, porque estes sentimentos são a parte essencial do leitor e é deles que este draga as suas obscuras lealdades e aversões. Bem, e como atiçar os seus sentimentos? No fundo, é bastante simples. Primeiro, amedronte-o -- e depois tranqüilize-o. Faça-o assustar-se com um bicho-tutu e corra para salvá-lo, usando um cassetete de jornal para matar o monstro. Ou seja, primeiro, engane-o -- e depois engane-o de novo.

Esta, em substância, é toda a teoria e prática de arte do jornalismo nos Estados Unidos. Se nossas gazetas levam a sério algum negócio, é o negócio de tirar da focinheira e exibir novos e terríveis horrores, atrocidades, calamidades iminentes, tiranias, vilanias, barbaridades, perigos mortais, armadilhas, violências, catástrofes -- e, então, magnificamente superá-los e resolvê-los. Esta primeira parte é muito fácil.

...A segunda parte não é muito mais difícil. O que se exige do remédio é que ele seja simples, mais ou menos familiar, fácil de compreender -- que não representa uma prova&ção para o centro cerebral superior -- e que evite conduzir a tímida e delicada inteligência da multidão para aqueles estranhos e dolorosos caminhos da especulação. Todo o jornalismo sadio nos Estados Unidos (sadio no sentido de que floresce espontaneamente, sem precisar de auxílio externo) baseia-se firmemente em inventar e destruir papões. Assim como a política. E assim como a religião. O que reside sobre essa impostura fundamental é uma artificialidade, um brinquedo de homens com mais esperança do que bom senso. O jornalismo inteligente e honesto, assim como a política inteligente e honesta, e até mesmo a religião inteligente e honesta -- são coisas que não têm lugar numa sociedade democrática. São, quando existem, curiosidades exóticas, orquídeas pálidas e viscosas, bestas em cativeiro.

Assim, parece-me uma injustiça, além de presunçoso e moralista, jogar a culpa pelo baixo nível de nossa imprensa sobre a malandragem de seus proprietários e editores. O trabalho de fazer jornal é perverso, assim como são perversos quase todos os que se deixam atrair por ele, mas a perversidade primária não neles, e sim nos seus fregueses.


(Caso alguém queira ler além disso, vá no link acima. Esse texto é uma obra-prima)

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 19 Abr 2011, 00:13
por Emil
Caro Elfo,

Favor parar de ser exu tranca-tópico nos assuntos em que eu tenho interesse em discutir.

Desde já grato,
Emil.

Mas sério, muito bom o texto. Eu gosto da arte de insultar. Vou ler inteiro depois, que é coisinha linda de meu deus, embora eu pareça discordar de uma ou duas coisinhas.

Re: Imprensa: tópico pra falar tudo de ruim sobre ela

MensagemEnviado: 19 Abr 2011, 02:00
por argrim
Mas a entrevistada trollou legal.
Alguns pontos:
  • A jornalista pergunta, como evitar que jovens fiquem viciados, a mulher muda o foco para dizer que droga não é doença. Alcool não é doença, mas alcoolismo é.
  • Não sei da onde essa mulher tirou que droga em si não faz mal, quero ver que controle de qualidade tem que ter para transformar o crack em uma droga não prejudicial.
  • Homofobia, racismo e machismo fizeram e fazem parte da sociedade, nem por isso devem ser legalizados. (Só mostrando a falácia do argumento, não defendendo uma equivalência).
  • A entrevistada pelo visto tinha a intenção de surpreender a jornalista, tanto que ela não deu nenhuma das "opiniões polêmicas" na conversa antes de iniciar a entrevista.
Claro, isso mostra total despreparo da jornalista ao não rebater nenhum desses pontos. Coloca essa mulher na frente da velharada do canal livre, que ela não ia passar tão fácil.

"Nunca tive problemas com droga. Só com a polícia..." - Keith Richards