Página 1 de 1

Diário

MensagemEnviado: 31 Mar 2009, 23:59
por Mai
Diário

A qualquer um que ler este diário:
Confie em mim, senhor ou senhorita. As palavras que se seguem não são fruto de uma noite regada a rum ou vodka, nem de uma manhã posterior à essas noites animadas. São fatos e, por Deus, eu gostaria que não fossem.

15 de agosto
Eu sei que não estou ficando insano. Eu ouço as vozes. Às vezes, são murmúrios comuns, como o de duas pessoas conversando a caminho da feira. Outras, não passam de lamentos e gemidos incoerentes. Capazes de arrepiar a nuca de muitos, sim, mas ainda assim inofensivos.

Mas não são todos assim. Ah, não são... Eu ouvi mortes. Gritos de dor, espadas se chocando e cortando a carne, ossos quebrando e gargantas sufocando dentro de baldes d'água. E pior, eu ouvi planos. Planos esses que, veja bem, não são para matar alguém que já partiu pra outro mundo, uma encenação de um passado distante e perdido. Isso tem a ver conosco.

18 de agosto
Contei a Bader, meu companheiro de longas viagens, sobre as vozes. Ele riu, fazendo chacota de minha “falsa” preocupação. “Fantasmas, Zafiel? No barco de nosso capitão?”, replicou, sarcástico, fazendo comentários sobre minha infantilidade. Eu suspirei, balançando a cabeça. Não ia adiantar.

28 de agosto
Eu acho que as vozes pararam. Isso é um bom sinal... não é?

04 de setembro
Bader se enforcou com uma corda amarrada na proa do navio. Fomos acordados pelo som de seu corpo batendo no casco, ecoando. Capitão Orpheus lançou-o ao mar, e os outros homens cantaram músicas em homenagem ao meu amigo. Morto.

E as vozes voltaram. Rindo. Rindo como Bader rira de minha preocupação. Não é mentira, por Deus, não é... Eles vão matar a todos nós. Eu preciso avisar aos outros... Mas eles não vão acreditar. Nenhum deles.

09 de setembro
Eu vi Enzo reagir estranhamente quando ouvi o barulho seco de um pescoço sendo quebrado. Ele levantou o olhar, procurando algo, e então murmurou algo pra si. Talvez eu não seja o único.

14 de setembro
Os planos estão ficando mais claros em minha mente. Eu os ouço, maquinando nossa morte. São três: um de voz ríspida e rude, um de voz mais suave, e um que não deve ser mais que uma criança. Talvez o segundo seja uma mulher, mas o pequeno é um garoto. Alf, ouvi dizerem seu nome.

15 de setembro
Agora é um fato: eu não sou o único. Aos poucos, todo o resto da pequena tripulação começa a escutar o mesmo que eu. E a temer o desconhecido. Contei ao Capitão Orpheus sobre Bader, e ele apenas acenou com a cabeça, franzindo o cenho. Talvez ele saiba de algo.

20 de setembro
Qasir, Eluna e Alf. Esses são os três que conspiram contra nós. Tenho passado cada vez mais tempo trancado em meus aposentos, me concentrando nas vozes, que içando velas ou carregando barris de suprimentos. O Capitão parece ter um plano...

27 de setembro
Trouxeram uma mulher para o convés. Ela não nos disse o seu nome, clamando que estava com pressa. Ficou agitada e inquieta assim que subiu a bordo, e isso me incomodou bastante. Jogou alguns punhados de sal, murmurando palavras numa língua estranha, cheia de “ks” e “sh” e “rr”. De um pequeno baú, retirou três pedras: um lápis-lazuli, um rubi e uma esmeralda, que logo reconheci como as que tínhamos pilhado em Razazut.

Uma chama se acendeu em pleno ar, e eu exclamei de susto, recuando. A primeira pedra foi lançada ao fogo, e a voz de Qasir começou a gritar impropérios, misturados aos seus urros guturais de sofrimento. O rubi arrastou consigo a voz melodiosa de Eluna, e eu cobri as orelhas para tentar escapar do tormento de ouvir a voz aguda da mulher se tornar ainda mais estridente. Por fim, a esmeralda. O pranto de Alf foi demais para mim, e a partir desse instante eu não lembro de mais nada.

06 de outubro
Passei todo esse tempo desacordado. Me disseram que eu me retorcia na cama, murmurando coisas sem nexo, arranhando meus próprios braços. Eles doem, e estão cheios de pequenos cortes. Minha testa tem uma mancha roxa, que disseram que eu adquiri batendo o rosto na parede.

Mas eu não podia estar mais feliz. As vozes foram embora. Dessa vez, não voltarão mais.

19 de março

O Capitão disse que não vai mais viajar. Eu já estou velho, vou voltar para minha casa, e descansar, aproveitando os espólios de nossas últimas aventuras. Foi bom enquanto durou.

01 de maio
O corpo de Enzo foi encontrado na praça de Parsiel. Havia uma estaca grossa trespassando seu peito, e um sorriso macabro estampado em seu rosto. Dizem que ele tinha pego uma febre alta, e que isso tinha fritado seu cérebro.

Eu tenho um mau pressentimento.

13 de junho
Shank e Borjax. Loraldan, Uwain, e até mesmo o Capitão Orpheus. Todos, todos mortos. Esquartejados, enforcados, impalados, torturados até a morte.

Eu tenho um péssimo pressentimento.

15 de agosto
As vozes voltaram. Que Deus me ajude.

Diário

MensagemEnviado: 01 Abr 2009, 17:54
por Allefcapt
As regras são as seguintes:

1 - DO FORMATO:

1.1 - Cada usuário tem direito a enviar apenas um conto, identificado ao seu nickname com o limite de 1500 palavras.
Se esse limite for excedido, o participante será penalizado em um voto para cada 20 palavras excedentes. O título do conto não está incluso nesse limite e o tema é livre.
1.3 - Os contos deverão ser enviados para o e-mail concursocontos@spellrpg.com.br e postados em seguida no subfórum aberto para o concurso até 20 de abril de 2009.
Uma vez enviados para o e-mail ou postados, os contos não poderão sofrer alterações. A postagem deve ser idêntica a cópia que teremos recebido previamente. Do contrário, o trabalho será desclassificado.