por Luminus em 22 Jun 2008, 18:56
Bom... vejamos... não sei se tenho como responder ou comentar sobre o que vocês falaram, acho que precisa de um podcast: powergamers- parte 2. Mas gostaria de fazer os seguintes comentários sobre o assunto:
É interessante notar que três termos meio que se confundem nesse assunto: munchkin (que eu não tenho idéia do que seja), powergamer (que eu acredito saber o que significa) e overpower (que eu acredito muita gente nem conhece). Vamos, então, do fim para o início.
Overpower era um termo utilizado na década de 1990... tinha a ver com a questão de equilíbrio entre o contexto de uma classe (sua descrição dentro do sistema, seu "lugar" no grupo, etc) e os seus poderes utilizáveis e alcançáveis. Daí, o jogador procura maximizar algumas das habilidades de seu personagem à revelia de outras, recebendo um bônus absurdo naquilo em que se focaliza e recebendo um bônus não necessariamente ruim, mas certamente abaixo da média, no restante de suas habilidades. Exemplo: em AD&D, alguns jogadores faziam personagens guerreiros e, utilizando o sistema de perícias, gastavam vários pontos em especialização em uma única arma (regra do Livro do Guerreiro), ganhando bônus elevados para ataque e dano com aquela arma... só que, utilizando outras armas, esse personagem é mediano, não podendo valer-se da maximização. Assim, você tinha um guerreiro de primeiro ou segundo nível, com um bônus de +6 no ataque e +4 no dano, fazendo 2 ataques por rodada (o que no AD&D é muita coisa!), e que com outra arma teria "apenas" +2 no ataque, +1 no dano e 1 ataque por rodada. Essa mesma tendência era observada em outras classes, uso o guerreiro apenas por sua natureza intrinsecamente simples.
Então, em resumo, o overpower era (é?) aquele jogador que procura antever os desafios que o mestre colocará ao grupo ("hm, será que teremos mortos-vivos? qual é a melhor arma contra eles?") e então maximiza seu personagem naquelas habilidades que acredita serem as fundamentais. Ele então espera que o grupo entenda e aceite suas escolhas ("sou a primeira linha de defesa de todos!") e ficará magoado se o seu 'cálice sagrado' for maculado dentro da aventura ("como assim, 'ele ataca minha arma'? Por que ele não me atacou?? Você está me roubando, né?!?!?!?!?"). Esse tipo de jogador não é necessariamente mal intencionado (no sentido de que ele ainda quer participar e ajudar o grupo, não necessariamente dominar tudo e todos), mas ele certamente é problemático, uma vez que é movido a modificadores, e não se diverte com situações perigosas e heróicas: ele espera, no fim das contas, o sucesso garantido.
Então, temos o powergamer, que eu estou escrevendo junto assim por preguiça mesmo. Ao que me parece, o powergamer popularizou-se com a tendência dos sistemas mais recentes, que são mais abertos e customizáveis. Powergamer é aquele que maximiza TODAS as vantagens possíveis de seu personagem e não aceita possuir fraquezas. Ele acredita que todos têm a obrigação de fazer o melhor do melhor dentro de cada classe. Pois bem, ele escolhe a classe dele, faz o máximo e os outros que se virem. Ele não quer realmente cooperar, ele quer resolver tudo sozinho, de preferência à revelia dos outros personagens. Quando o grupo é formado exclusivamente por powergamers há momentos realmente raros, pois surgem interações únicas (e imprevisíveis) entre os personagens. Agora, quando são dois ou menos no grupo... há um sério indício de que haverá problemas.
Em resumo, o powergamer tem de tudo para ser um problema, mas há ocasiões em que será tolerável, quando não aceito. É interessante dizer com todas as letras que o pior problema é taxar alguém de ser um powergamer, exilá-lo no grupo, e provocar sua saída. Antes de mais nada, há de se conversar, dizer claramente o que está incomodando, ouvir o jogador tido como problemático e procurar um jeito de todos interagirem e manter o grupo coeso.
Sobre munchkins, não me atrevo a dizer, nada: realmente não sei do que se trata.
E!