Considerações sobre o assunto para os que não são educadores
Para nós que lidamos com o R.P.G., parece simples pensar o nosso hobbie dentro da escola, principalmente porque intuimos como ele seria útil na escola.
Ocorre que não é simples assim: é bom, vamos colocar lá! As pessoas de um modo geral resistem ao diferente e os professores resistem ao jogo e ao brincar dentro da escola. Por conta disto, não é difícil imaginar como é complicado propor que um jogo diferente seja colocado dentro da escola.
O enfrentamento à resistência ao diferente é simples: mostramos que já é feito, as qualidades que tem e conseguimos que as pessoas olhem para o tal recurso pensando em utilizar.
O enfrentamento ao brincar e, consequentemente, ao prazer e à diversão dentro da escola é mais complicado porque a escola ainda é associada a algo sério, produtivo, valioso e o brincar é associada ao não sério, ao improdutivo e sem valor. geralmente precisamos evocar os estudiosos do desenvolvimento infantil (Piaget, Vigovsky) e demonstrar a importância do brinquedo e do brincar.
O que vejo, é que os professores concordam na hora, mas quando entram na escola, alegam que o sistema não permite mudanças, embora fique claro é que preferem naõ arriscar, como se dissessem sem falar: tudo bem, RPG é legal, mas não vou ser eu o primeiro.
Neste momento, quero destacar um ponto que ficou claro para mim quando estava estudando para fundamentar meu relato: como o RPG pode se ligar à escola.
Como o R.P.G. pode estar na escola
RPG na escola
A maneira mais simples que o RPG pode estar na escola é os alunos se reunindo na escola para jogar e a escola conscientemente liberando o espaço da escola para tal e, se realmente apoia: ter livros de RPG na biblioteca do colégio.
Esta vinculação é interessante e o argumento que pode ser usado para consegui-la é simples: o disponibilizar espaço não custa nada e aumenta a vinculação do aluno com a escola.
Este mesmo tipo de relacionamento é feito com os clubes de Xadrez e várias outras atividades não curriculares.Se a escola dá apoio a atividades tais, pode apoiar o RPG, se não o faz, precisamos pensar outras estratégias.
RPG dentro da sala
A questão aqui é mais complicada: pois, para ele entrar dentro de sala, ou será levado por um professor, ótimo se for o professor da turma mesmo que adotou a estratégia, mas pode ser um outro professor para trazer a lógica do RPG como um laboratório.
Implica esta ocorrência que o corpo docente da escola reconhece as qualidades pedagógicas do RPG e pretende conhecer ou adotá-lo mesmo.
Neste instante, os jogadores de RPG devem estar preparados para os choques:
o primeiro será jogar com gente que nunca imaginou jogar em situações que naõ são exatamente as que você joga: esqueça a possibilidade de trazer seu mago de 12 níveis com vários objetos encantados que lhe garantem sobreviver nos meios mais inóspitos: muito provavelmente jogará em ambientações muito mais realistas;
o segundo será que não usarão o mesmo conjunto de regras que você mais gosta (seria melhor falar o sistema de regrs que você acostumou a jogar), há grande chance de usarem um sistema de regras simplificado ou nem usar nenhum sistema de regras;
o terceiro pode ser que seja adotado apenas a lógica da contação conjunta de histórias (ou a técnica de narração interativa, como dizem os estudiosos da Ludus Culturalis), sem nenhum sistema de regras e testes;
Nenhum destes choques devem desanimar os jogadores: se o RPG ganhar as escolas o nosso hobbie ganhará muito com a divulgação e ainda terão chance de jogar nos cenários d20 se o professor de inglês entender que deverão jogar RPG usando a SRD em inglês (isto é real, um professor de história me relatou esta experiência que deve ser divulgada logo).
Como o RPG será usado, vai ser objeto de outra postagem neste mesmo tópico adiante.