[Aplicações] RPG como recurso pedagógico

Discussão sobre aspectos culturais, religiosos, comportamentais e educacionais do RPG, a popularização do jogo e o combate ao preconceito.

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[Aplicações] RPG como recurso pedagógico

Mensagempor Raposa em 13 Mar 2009, 10:51

Bom. Nao muito ha ver mas comeco dizendo que ja vi cada aplicacao de "RPG" tao temerosa q da ate tristesa. Vi alunos saindo da sala dizendo "q coisa boba", em geral, os melhores alunos. E olha q educacao nao eh a minha principal area de estudo, ainda. Entao, tudo depende muito do que eh feito, e como eh feito, e oq deve ou nao ser chamado de RPG >.o Vou pular essa longa conversa.
So devo mencionar que interpretacao e que " o role play" (sem game) nao eh uma tecnica nova em educacao, isso eh usado a tempos e funciona (dentro dos limites).

Minha opiniao, resultante das minhas observacoes: O jogo em si nao devia ser oferecido no periodo de aulas mesmo, deveria ser um tipo de atividade extra-classe opcional (claro, isso eh ruim pra escolar particulares). Eu acho que, uma vez que o jogadores esteja suficientemente atrelado ao seu personagem, uma vez q o personagem esteja bem desenvolvido e o grupo se interesse por construir uma historia, o narrador pode solicitar pesquisas de diversas naturezas ou redacoes (muitas vezes os players vao fazer isso mesmo sem solicitacao). Mas pra isso dar certo eh importante q o jogo ainda seja um jogo. Muitas pessoas se interessam + pelos seus hobbies que pelas suas obrigacoes. Pra mim RPG eh otimo na educacao informal e, ate o momento, me parece meio dificil de praticar na educacao formal (considerando uma sala de aula ideal onde todos os alunos, independentemente de genero, tem a mesma chance de serem "tocados" pelo conteudo apresentado).

Eu acho legal essa opcao de jogar RPG em vez de fazer educacao fisica :P Especialmente pq eu ODIAVA educacao fisica. Ainda assim eh so um "ou vc toma o remedio ou toma injecao", ha uma obrigatoriedade e a obrigatoriedade facilmente descaracteriza o ludico.

Bem, resumindo. Eu acho q os jogadores aprendem mais quando o jogo os leva a outras atividades do que enquanto estao propriamente jogando.
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Mensagempor Dahak em 19 Mar 2009, 11:27

Seu_Madrüga escreveu:Já até banalizou um pouco o assunto. O interessante é que, como 99% de tudo que é acadêmico, isso não chega nem perto das pessoas que deveriam se informar mais, fica tudo na mesma e vira só massagem intelectual.

Sabe Felipe, o quadro é difícil, a situação é complicada e mudanças demandam tempo. Mas precisam começar por algum lugar, né?

Claro, não negarei que tenho um otimismo em relação a isso, mas mesmo por um prisma mais idôneo, analisando o que tem sido feito por outras pessoas e o interesse das mesmas com essas novas propostas, dá para ter uma perspectiva melhor, uma expectativa para o médio e longo prazo.

São tantos trabalhos que são colocados efetivamente em prática, tantos educadores, mesmo os que nunca jogaram RPG, que participam de eventos e atividades nesse sentido mais lúdico que não vejo mais uma perspectiva tão obscura assim.

E graças a Deus vejo movimentos táteis saindo da academia. Alguns buscando e conseguindo até atenção da iniciativa privada.

Essa semana, por exemplo, um amigo meu aplicou um TCG que criamos, chamado BioMagic, no EJA e foi um enorme sucesso. A professora simplesmente amou o potencial da ferramenta e os resultados obtidos. DO ponto de vista da aprendizagem, os alunos foram até além daquilo que estava previsto, conseguiram fomentar até certas relações que deixaria muito aluno ensino superior pra trás.

Uma coisa que o Gun citou é uma verdade muito recorrente: há aplicações didáticas que gozam de diversos aspectos do RPG que o professor mal imagina que isso possui um nome, que poderia achar um apoio em materias já criados ao longo desses 35 anos de RPG.

E isso eu vejo em diversos momentos, em diversos níveis de ensino e por diversos professores. É animador, apesar de serem reformas pontuais e de entender que mudanças demandam muito mais que pontualismo, ainda é animador se pensarmos que está começando, que está engatinhando.

O primeiro Simpósio de RPG & Educação, por exemplo, data de 7 anos. É algo super recente em um contexto histórico.

Batousai, acredite, os alunos não só levam a sério como conseguem aprender muito mais significativamente um determinado conteúdo do que pela abordagem tradicional de ensino. Claro, demanda muito mais tempo, é bem mais complexo de se organizar uma aula assim e etc. Mas contempla muitos aspectos importantes que uma aula convencional normalmente deixa a desejar.

Um grande diferencial aqui, que inclusive o Raposa comentou, é a forma de aplicação. Algumas são absolutamente sofríveis. É uma aula convencional travestida, ou uma aventura engessada em que nada, absolutamente nada pode sair daquele roteiro que o DM preparou. Aí perde a função.

Como eu disse, é bem complicado porque demanda muita reflexão por parte do professor, muito jogo de cintura e um papel de mediação, tem de ser um professor mediador, que admita outras concepções de educação que não o amplamente disseminado.

Parte da dificuldade tanto de fomentação, quanto de aplicação, quanto de acepção do RPG como instrumento didático/pedagógico (e aí é uma via de mão dupla, tanto por parte do docente como por parte do discente) é que implicaria em aceitar mudanças nos paradigmas e dogmas da educação. E se por vezes inovar já é complicado, mudar, então, é algo bem mais distante.

Mas volto em um dos meus primeiros pontos: por algum lugar, em alguma instância é preciso começar.

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Mensagempor Madrüga em 20 Mar 2009, 11:48

Dahak, o que o Gun disse foi:

Gun escreveu:Também por volta da 7 ou 8 Série (Já faz muito tempo isso não dá prá lembrar ao certo), participamos de uma experiência em que a professora de história propôs um debate em que deveriamos assumir os dois lados da Reforma Protestante e a Contra Reforma e debatermos o assunto do ponto de vista que eles tinham na época. Ou seja quase um RPG usado como ferramenta didática isso em 97-96 em uma escola pública do Estado de São Paulo e dúvido muito que a professora conhecesse algo sobre RPG...


Aí já acho um pouco de "wishful thinking" pensar que isso é RPG como ferramenta didática; é meramente um debate. Eu participei de um julgamento (fui promotor) baseado no livro Gota D'Água, do Chico Buarque, quando estava no colegial. Não direi que isso era "RPG como ferramenta didática", percebe? Era meramente teatro (a professora nem conhecia RPG), a professora era atriz, etc. Muitas vezes somos afoitos a achar que QUALQUER COISA tem elementos de RPG, e isso é exagerar um pouco, é forçar a comparação.
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Mensagempor Dahak em 20 Mar 2009, 17:34

Ah sim, concordo.
Meu ponto é que o RPG demanda um pouco de "teatralidade", certo?
Mas se você chega em um professor e comenta sobre uma atividade teatral você obtém uma reação xis. Mas se você chega e comenta que quer aplicar o RPG porque ele envolve, dentre outras coisas, a teatralidade, você normalmente obtém uma resposta xis piorada, com estranheza.

Claro, a expressão poderia ser justificada graças ao "dentre outras coisas que envolve além da teatralidade", mas para defender o uso do RPG como instrumento para alguém que não conhece o jogo ou, pior, que o conhece de forma totalmente deturpada, você precisa trazer para o contexto da pessoa, precisa quebrar alguns tabus e, fundamentalmente, precisa mostrar o que o RPG tem de relação com a educação.

Minha orientadora, por exemplo, perguntou-me diversas vezes as relações ou tentou fazer comparações entre o RPG e o teatro e o RPG e um psicodrama para tornar a idéia mais "tátil", mais fácil de ser visualizada.

Se a professora do Gun consegue enxergar pontos positivos nos elementos do teatro para a educação, logo, pode ser um bom começo, um bom gancho para defender a utilização do RPG. Até em função de que considerar o teatro como instrumento implica, em maior ou em menor grau, em uma abertura para novas concepções de ensino.

Seria partir do ponto que alguns preceitos do RPG já são entendidos e assumidos como bacanas. Melhor, que alguns desses traços possuem embasamento teórico, uma vez que não acharemos muitos referênciais objetivos quanto ao RPG. Logo, se é preciso permear pelas beiradas para então chegar no todo, o processo de apresentação e demonstração do RPG também pode se dar pelas beiradas =)

Claro, alguns podem preferir ver na prática para poder entender. Em verdade, isso poderia facilitar muitas, muitas coisas. Tirando, claro, o fato de que bolar uma aventura e adequar um sistema não é lá tão fácil XD (já que algumas disciplinas não possuem taaaantos exeplos de aplicação, vide a minha). Mas muitos pedem uma justificativa prévia, uma fundamentação para se permitir a aplicação.

Em síntese, meu ponto é que pode ser mais tranquilo ir acrescentando idéias novas, como um sistema de regras, uma ambientação e etc (ainda que sejam aspectos fundamentais para caracterizar o RPG) do que partir do zero. Mas claro, isso cai por terra se você pega alguém que tem uma concepção errada do assunto.

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