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A Igreja Única Dagunar

MensagemEnviado: 02 Set 2010, 20:10
por Léderon
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Tendo suas pedras fundamentais lançadas há mais de oitocentos anos, a Igreja de Daguna passou por severas transformações ao longo dos séculos para chegar à meandrosa organização religiosa que apresenta atualmente. Suas origens remontam aos primeiros missionários vindos de Tervat através de Chemkrë, trazendo consigo a sabedoria Única e a subserviência às Oito Potestades como meio de vida, e sua história faz parte do estabelecimento da própria nação.

Ao entrarem no território do que começava a se tornar a nação de Daguna, tais missionários encontraram-se numa linha de fogo cruzado. A região, então dominada pelos vunyatra e seus aparentados kaftar, vivia em meio a sangrentas batalhas entre clãs, por todo tipo de motivo – o povo, orgulhoso e guerreiro, lutava principalmente por territórios nas planícies, sempre em busca de expandir seus domínios. Foi durante esse período que o braço de Avkhass que ia até Taara praticamente desapareceu, devido à grande extração de madeira para a construção de fortificações e de alicerces do que viriam a ser as primeiras cidades.

Aqueles que vinham do Ocidente, em sua maioria humanos, encontraram a princípio resistência por parte dos habitantes. Muitos sacerdotes eram mortos, acusados de invadir os domínios dos drizuntu, na época senhores dos grandes clãs. Porém, aos poucos, a sabedoria religiosa mesclada às estratégias expansivas da Igreja provaram-se úteis para muitos líderes de Daguna que não eram drizuntu – senhores de pequenos lugarejos, mercadores relativamente influentes, entre outros. Aliados à força da palavra dos sacerdotes, tais senhores passaram a usar a religião para seus próprios ideais. Claro que em parte houve resistência do Clero Único, mas esta logo caiu por terra, dados os tributos que os novos fieis pagavam. Era a primeira ligação da Igreja com a política nas terras dagunar.

Passados os anos, aos poucos a Igreja passou a dominar as principais estradas para o Ocidente, graças à ligação religiosa já estabelecida com Chemkrë. Regulando as principais vias de acesso e transporte, a própria Daguna passou a ser controlada pela Igreja, que estabeleceu templos e organizou cidades – de fato, muitas técnicas arquitetônicas, de saneamento e construções variadas, vindas de Tervat, é que foram as responsáveis pelo domínio cada vez mais claro dos Dogmas Únicos. A Igreja compartilhava o conhecimento prático atrelado ao religioso, e assim passava a reinar suprema.

Claro que o preço do reinado foi alto; para os sacerdotes humanos do Oeste, engranzar a verdade de um deus único para um povo que passara eras venerando milhares de espíritos não foi tarefa fácil: passados pouco mais de duas gerações de clérigos, estes haviam desfigurado a Igreja Única em alguns aspectos, adaptando os itens centrais da velha religião dagunar – a re-encarnação e o politeísmo – aos interesses do clero, que passara a dar ênfase nas Potestades como figuras estritamente elevadas e divinas (deuses, de fato) e alterara a metafísica da transmigração da alma para uma relação de contato direto com o Uno, num sistema de mortes e renascimentos que, de acordo com as leis então estabelecidas, serviriam para purificar o espírito até atingir o Equilíbrio Eterno junto do Uno. Este último ciclo de transformações do espírito é que deu origem ao presente sistema de castas, estabelecido há cerca de seiscentos anos no último Conselho de Audrara, que instituiu as atuais Leis Únicas. Já há muito ocorrida a Secessão dos Kaftar, muitas das leis foram escritas com base no “verdadeiro povo dagunar” – os vunyatra.

Neste último Conselho (de um total de três) que foi cunhada a figura do Arhat, tomando as duas famílias politicamente dominantes da nação, os Reshni (hoje os Eritau) e os Dravna, como balaústres da então fixada Igreja-Estado dagunar. É importante ressaltar que aqueles que temem represálias (a maior parte da população) não chamam o governo de “o Estado” ou “a Igreja”, dada a integração visceral destes. Referem-se simplesmente a “o Arhat”. A organização estatal dagunar inicia-se nos Dois Sábios do Pêndulo, e abaixo deles encontra-se o Alto Conselho das Duas Famílias; entre estes, muitos são aqueles dedicados integralmente à religião, seguindo carreiras sacerdotais ou missionárias, enquanto outros assumem posições mais estritamente ordinárias e burocráticas.

Templos espalham-se por todo lugarejo da nação; por menor que seja, sempre há no mínimo uma capela presente, com um sacerdote representante do Arhat. Estes sacerdotes de pequenas igrejas não costumam assumir posições de governo nas vilas, mas servem de agentes arhatianos e mantenedores da ordem – e é exatamente por isso que todo lugar deve ter um templo. Um governante local que se recuse a manter um santuário é possivelmente exibido com a cabeça separada do corpo nas altas ameias de Audrara.


[Em expansão; próximos passos: a visão sobre as Potestades]

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 02 Set 2010, 20:39
por Madrüga
Cara, é ISSO. A transição ficou orgânica e fez sentido. Vamos sentar um dia eu, você e Emi para traçar a história do culto do Uno como um todo.

Só queria saber uma coisa: como fica a questão dos vunyatra serem não-humanos, quando uma das Potestades representa a Humanidade? Aliás, já conversamos sobre o que elas representariam?

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 02 Set 2010, 21:11
por Emil
Ficou muito orgânico! Quero que o príncipe em Chemkrë saiba essa história e tema o crescente poder da igreja lá.

E sim, precisamos fechar as bases do livro do Uno! Os potestades serão sempre os mesmos pra todo mundo?

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 02 Set 2010, 21:16
por Youkai X
Só mudando um pouco de assunto... Como ficaria a tal da guerra contra os invasores herpetocéfalos/lizardfolk/gefet (a mesma raça, nomes diferentes)? seria mesmo nessa época de 800 anos atrás ou melhor colocar em outra época (algo como aproximadamente 600 anos atrás)? Voto pra colocar entào pra 600 anos atrás, pra que possa ser resolvido antes a expansão e consolidação da igreja do uno em Daguna, que já está em um ótimo andamento e deixar pra depois a tal guerra que consolidaria a aliança das três "nações-irmãs" (Daguna, Ramkûd, Nam-Sari)

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 02 Set 2010, 21:18
por Madrüga
Emil escreveu:E sim, precisamos fechar as bases do livro do Uno! Os potestades serão sempre os mesmos pra todo mundo?


Eu queria que um dos lugares venerasse o número NOVE. Provavelmente Pehelnaur, mas eu teria que fazer uns retcons.

Youkai X escreveu:Só mudando um pouco de assunto... Como ficaria a tal da guerra contra os invasores herpetocéfalos/lizardfolk/gefet (a mesma raça, nomes diferentes)? seria mesmo nessa época de 800 anos atrás ou melhor colocar em outra época (algo como aproximadamente 600 anos atrás)? Voto pra colocar entào pra 600 anos atrás, pra que possa ser resolvido antes a expansão e consolidação da igreja do uno em Daguna, que já está em um ótimo andamento e deixar pra depois a tal guerra que consolidaria a aliança das três "nações-irmãs" (Daguna, Ramkûd, Nam-Sari)


Vale ouvir o Fabian aqui. Vamos organizar isso para o tópico da linha do tempo, também.

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 04 Set 2010, 18:49
por Léderon
Youkai X escreveu:Só mudando um pouco de assunto... Como ficaria a tal da guerra contra os invasores herpetocéfalos/lizardfolk/gefet (a mesma raça, nomes diferentes)? seria mesmo nessa época de 800 anos atrás ou melhor colocar em outra época (algo como aproximadamente 600 anos atrás)? Voto pra colocar entào pra 600 anos atrás, pra que possa ser resolvido antes a expansão e consolidação da igreja do uno em Daguna, que já está em um ótimo andamento e deixar pra depois a tal guerra que consolidaria a aliança das três "nações-irmãs" (Daguna, Ramkûd, Nam-Sari)


Sim, sim, eu vou dar uma explicação integrando esses eventos logo, logo. Por enquanto estou escrevendo sobre as outras coisas e não quero perder o embalo; assim que terminá-las, farei o texto sobre as Invasões e a Aliança.

Atualizei o post sobre a Igreja de Daguna (a parte em azul).

Próximo post: As Castas. :haha:

As Castas

MensagemEnviado: 04 Set 2010, 18:52
por Léderon
A criação das Castas como meio de organização espiritual, partindo do Arhat, é algo exclusivo e sedimentado. No início, foram determinadas de maneira arbitrária a partir da localização geográfica de onde viviam várias famílias em Audrara – já então uma cidade grande e com sua característica arquitetura concêntrica –, transformou em mera quem vivia no centro e em etak os habitantes das periferias. O então recém formado Exército Sacro mantinha – e ainda mantém – a ordem entre uma e outra classe, evitando a permanência de membros de uma casta inferior nos domínios de uma superior, ainda que o contrário não seja um problema. A capital, muito mais desenvolvida que as demais cidades de Daguna, conta inclusive com uma organização mais hermética: um punhado de ruas é “livre” e pode ser acessado por qualquer casta, enquanto outras são feitas exclusivamente para membros de uma ou outra. Nas demais vilas, não há uma separação física tão distinta, ainda que possa ser percebida.

Concebida inicialmente como um complemento espiritual dos Dogmas Únicos, focados no ponto de vista dos vunyatra então dominantes, as castas sofreram severas modificações ao longo dos séculos, conforme Daguna tornava-se um dos reinos mais prósperos e Audrara cada vez mais cosmopolita. Com dezenas de raças entrando e saindo da nação, o sistema que preconizava os vunyatra como último degrau espiritual teve alguns adendos, determinados por centenas de rolos de pergaminho com incisos, emendas e reformas confusas que, analisadas por qualquer um que saiba os ditames e jargões legais, revelam-se como uma trama de indulgências e tributos.

Em resumo, as castas dagunar são, desde seu estabelecimento, determinadas por consanguinidade. Alguém que nasça em uma família etak morrerá etak, a menos que prove seu crescimento espiritual, mediante uma infinidade de provas determinadas pelos Dogmas. Esses testes, chamados de Provações da Alma, são realizados a cada Sacrifício do Arhat (quando os Dois morrem) – uma média que gira em torno de vinte anos. Esse sistema é tão confuso e intrincado quanto as modificações criadas ao longo dos anos e, no fim das contas, percebe-se que os que sobem os degraus da escadaria espiritual são exatamente aqueles que podem pagar mais, ou seja, o sistema de castas é exatamente o que parece ser: uma simples pirâmide social baseada no capital de cada família. Muitos especulam esse fato, e um número grande destes também tem a língua cortada pelo mesmo motivo.

Enquanto as Provações da Alma são eventos esperados pelos vunyatra, membros de outras raças que submetem-se às leis da Igreja Única Dagunar aguardam por uma celebração menor e mais recorrente, as Provas do Espírito, realizadas todo ano em diversos templos da nação, mas com o mesmo princípio socialmente excludente: os que podem pagar mais tributos à Igreja são naturalmente os mais evoluídos espiritualmente na cadeia evolutiva de sua própria raça (segundo a Igreja), estando “mais próximos” dos vunyatra a cada casta que conseguem subir.

Assim como os habitantes icônicos da nação, outras raças naturalizadas dagunar, subservientes à Igreja, são consideradas como tendo sua própria divisão em castas, paralelas à dos vunyatra, e designadas pelo nome zha, “estrangeiro”, em bez-shinal. Sendo assim, um humano com muitas posses pode ser um zha-sita, enquanto um guerreiro privodnaha será um zha-hateg.

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 04 Set 2010, 22:17
por Madrüga
Gostei, isso ajuda a situar principalmente os aventureiros estrangeiros (muitos PJs, pelo jeito) na estrutura de Daguna.

Aliás, cáspita, você vai falar de Potestades, mas nem combinamos nada!

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 04 Set 2010, 22:23
por Léderon
Os estrangeiros, mesmo, são considerados "sem casta" (tá perdido lá no primeiro post). Só são zha os dagunar não-vunyatra, já que as castas foram criadas pensando apenas nessa raça, quando ela era predominante.

Aliás, cáspita, você vai falar de Potestades, mas nem combinamos nada!

Por isso que eu ainda não fiz, querido. :haha:

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 11 Set 2010, 23:23
por Léderon
*bumps*

Atualização, em azul:
  • A Confraria dos Perfumistas Régios;
  • Ganchos de aventura.

O Arhat

MensagemEnviado: 12 Set 2010, 11:31
por Léderon
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Ansira, sua linda.

Governantes sagrados de Daguna, chamados também de “os Dois”, “os Mais Velhos” ou “o Pêndulo”, o Arhat simboliza a unificação absoluta da nação sob o conceito do Equilíbrio absoluto da Igreja do Uno, a partir das leis dagunar. Por mais de seiscentos anos este regime funciona como algo natural na vida do povo de Daguna, mas muitas são as intrigas envolvendo as Duas Famílias dos anciões que governam os vunyatra. Hoje, os Dravna e os Eritau comandam a nação; num passado distante, nos primeiros anos do Arhat, os Eritau não eram mais que uma pequena família de mercadores, ricos, porém sem muito destaque no país que estava ainda se formando. Naquela época, o governo era dos Dravna, sempre tradicionalistas e mais ligados à Tervat, e da família Reshni, que, ainda que numa vida de dedicação ao Uno, pregava um regime mais liberal e sem as perseguições de hoje em dia.

Não se sabe ao certo de quem partiu o ataque, e hoje ainda se especula muito sobre a Noite das Chamas Negras, em 671 , a madrugada em que a grande casa dos Reshni foi consumida por um fogo escuro vindo do céu estrelado. O que se sabe é que arbitrariamente, e de maneira muito confusa, os Eritau foram escolhidos às pressas, pelos Dravna, para suprir o rombo deixado pela morte de toda uma metade do Alto Conselho. Há lendas entre o povo de que nem todos os Reshni morreram, afirmando que muitos fugiram para terras distantes, para longe dos Dravna; uns dizem que eles ainda voltarão, outros ainda falam de uma “Nova Daguna” fundada por eles além dos mares do sul, mas tudo não passa de burburinho.

Atualmente, o povo considera as Duas Famílias praticamente como uma só. Há uma clara predominância dos Dravna, ainda metódicos e tradicionais – são eles que criam mais leis e promulgam mais decretos sacros, enquanto os Eritau são “os políticos” da nação, ainda que regidos pela Igreja. A família é a que faz mais acordos com os reinos vizinhos e cuida da parte puramente burocrática.

Mohut, o atual ancião dos Dravna, parece ser o mais rígido e desalmado membro do Arhat desde a criação do Pêndulo. Por toda a vida foi um militar, tornou-se líder da Ordem dos Executores Únicos quando adulto e, mais velho, passou a treinar os guerreiros mais proficientes do exército sacro. Nunca teve esperança ou ambição de se tornar o Ancião da família, imaginando que morreria bem antes; talvez isso tenha o deixado como é hoje: forte e saudável, ainda que seja o mais velho dos Dravna. Muitos odeiam Mohut, e sabem que, se depender dele, o governo atual vai demorar para mudar. Por isso torcem pela morte da outra voz do Arhat, Ansira.

A anciã dos Eritau, contudo, continua tão saudável quanto Mohut. Ansira fora criada desde pequena para tornar-se uma dos Dois e, ao contrário de seu companheiro de governo, conhece absolutamente todas as leis que regem Daguna, emenda por emenda, linha por linha. Ainda que não seja de responsabilidade do Arhat criar as leis, mas sim de decidi-las, é Ansira que media algumas das politicagens mais frágeis da nação.

O Sacrifício do Arhat

O maior ritual da Igreja de Daguna é o Sacrifício do Arhat, o evento que marca a transição de um governo a outro por meio da morte sacralizada de seus dois membros. Como apenas os anciões das Duas Famílias governam a nação, é natural que a idade limite seus mandatos. Normalmente, por suas vidas sedentárias e raras incursões para fora de Audrara, é comum que um dos Dois faleça por simples morte natural. Num passado distante, muitos foram assassinados, envenenados, seqüestrados ou sofreram coisas parecidas. Tem sido cada vez mais rara esse tipo de coisa, no entanto, dada a segurança ampliada e as penas absurdas aplicadas a qualquer tentativa de atentado.

Quando um dos Dois morre, o outro se oferece em sacrifício. Essa é a maior marca da Lei do Equilíbrio dagunar: os dois devem partir juntos, para que um novo Arhat se estabeleça. O Sacrifício do Arhat é a maior celebração da Igreja e, em vez de lamúrias e luto, a nação tem uma semana de festividades dedicadas à renovação das bênçãos sobre a terra dagunar. Os templos perdoam pecados, muitos condenados vão novamente a julgamento para terem penas reduzidas, locais são consagrados e pagãos rezam para que o novo governo seja curto.

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 13 Set 2010, 13:07
por Agnelo
Cara, eu quero muito ver o mohut, ou quem sabe a ansira mesmo quebrando esse voto do sacrificio.

Adorei o que tu fez em daguna, mas por algum motivo eu quero muito ver essa terra arder em guerra civil :b

Quando eu for mestrar em tsag eu quer conversar com vocês sobre esse tipo de coisa.

As Matilhas de Audrara

MensagemEnviado: 14 Nov 2010, 10:04
por Léderon
Uma das consequências da crença em metempsicose é a consideração que os dagunar têm por determinados animais. A Igreja prega que alguns deles são as encarnações anteriores às raças que habitam as Terras Sagradas e, por isso, algumas espécies são consideradas sagradas, dependendo da semelhança que têm com as “encarnações superiores”. Cães são anteriores aos vunyatra; macacos precedem os humanos; as próprias árvores são consideradas encarnações anteriores dos privodnaha, e assim por diante.

Obviamente, pela brutal influência dos vunyatra na Igreja-Estado, os cães são os animais mais bem tratados de Daguna. São infindáveis as famílias que os têm como animais de estimação, e todo cão de rua é bem alimentado por quem quer que passe. É proibido maltratar esses animais (o que resulta em chicotadas) e matá-los é praticamente uma sentença de morte. Isso causou uma profusão de cães nas cidades dagunar, e a que mais sofre com isso é a capital. Em Audrara, há dezenas de matilhas grandes, bandos que se unem em torno de cachorros maiores e mais fortes e perambulam pela cidade – nunca sendo barrados em lugar algum. Os cães só podem ser acuados ou repreendidos caso ataquem alguém e, mesmo assim, nunca apanham ou são maltratados seriamente; apenas em casos extremos é que um ou outro deles é acossado usando-se armas e outros tipos de tortura.

Os lugares mais pobres da cidade fedem a urina e fezes de cachorro, dada a quantidade exorbitante desses animais que vivem por lá. Nas áreas mais ricas, há etaks designados com o emprego específico de “zelador dos cães”, responsável por alimentar os animais e remover seus dejetos.

Há lendas e boatos sobre as matilhas de Audrara. Algumas pessoas dizem que os cães são na verdade mais inteligentes que os próprios vunyatra, e vivem à revelia, bem alimentados e cuidados onde quer que vão. Outros falam de uma matilha muito grande, que só pode ser vista pela cidade à noite e é liderada por um cão monstruoso, negro, de olhos brilhantes e mais parecido com um lobo selvagem. Essa tal matilha parece crescer consideravelmente mês após mês, mas os cães que nela aparecem nunca são vistos antes na cidade. Até o momento não se sabe de onde vêm, mas nas áreas mais pobres da cidade um ou outro indigente diz ter perdido um membro da família nos últimos dias, desaparecido no meio da madrugada.

Re: [Região] Daguna

MensagemEnviado: 14 Nov 2010, 10:56
por Madrüga
Amei, amei e amei.

Isso é um detalhe MUITO interessante, completamente ligado com a cultura e religião do local e que dá uma cara inteiramente diferente para o lugar. Vai ficar parecendo a USP, XD.