Sakya: Religiões.

Projeto coletivo de criação de um cenário oriental para o sistema d20, bem como criação e alteração de regras para o mesmo.

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Sakya: Religiões.

Mensagempor Seth em 05 Jan 2010, 11:26

Religião de Sakya:


Na atualidade há três grandes divisões em Sakya do ponto de vista religioso, nos últimos quinhentos anos. Ela corresponde, em certo sentido, as castas – embora não se possa afirmar com certeza que as castas sejam a origem de sua diferença, embora certamente tenham-na aprofundado. Um elemento comum é o culto aos ancestrais, e a um espírito supremo em sua totalidade – o Espírito Supremo. Daí cabe variações entre os reinos, castas, e mesmo entre regiões.

A casta dos Kaman, a maior dentre todas, partilha um culto comum, relacionado a terra e aos ancestrais de seu povo. As duas Castas mais altas, por sua vez, consideram uma elaborada religião desenvolvida a partir da noção de destino, das previsões do futuro e da conformação com sua vida, e da transmigração eterna das almas até o Fim. A Astrologia e Astronomia avançaram muito sob as inspirações dessa divisão, e a filosofia, poesia e música sacra. A outra é uma espécie de síntese, com a criação da idéia da prática de privações e disciplinas para salvar o Espírito de encarnações ruins.

Uma palavra sobre a religião Hinti: ela se concentra em torno da penitência e dos mortos, com rituais estranhos sobre os quais apenas alguns mestres da sabedoria conhecem algo mais que vagos rumores.

A religião tradicional do campo:

Por esse nome costuma ser conhecida a religião mais comum dentro da casta dos Kaman. É extremamente simples, essencialmente seguindo o ritmo da vida rural – do plantio a colheita, da seca as monções, cada grande data marcada por grandes festividades religiosas, e intercalado por festas menores e de caráter mais regional. Essa religião tem poucos dogmas, retirados da sabedoria da vida rural, e caracterizado por ditos e pequenas histórias ilustrativas, coligidas e presentes na memória local durante séculos – e interpretadas à luz das necessidades de cada época. O sacerdócio pode ser dividido em três tipos: o primeiro, mais comum e sem organização formal é o que admite que o casal-base daquela família desempenha o papel de sacerdote e sacerdotisa para seus familiares – da mesma forma, o fundador de um clã, como uma avó ou avô, e uma irmã ou irmão mais velho tem certa precedência em termos de cerimonial e de alguns tipos de tabus, como casamentos. O segundo sacerdócio é aquele desempenhado pela casta dos Sacerdotes, organizado em escolas de pensamento em volta de ritos antigos de proteção, de augúrios e os mais importantes, os ritos de exorcismo. Entretanto, apenas cerca de um quarto da atual casta de Sacerdotes se encontra habilitada para desempenhar esse papel, e sua quase totalidade vive em pequenos monastérios no campo. O terceiro sacerdócio seria o segundo mais antigo, depois do familiar: é aquele que envolve certas figuras de ambos os sexos, chamadas de sábios ou eremitas, que vivem retirados do mundo – e, dizem, tem o condão de ver além da visão humana turvada.

A mitologia é rica, formada principalmente por ditos, lendas e histórias antigas, envolvendo animais e ciclos de histórias em torno de um herói ou sábio. Embora fora da casta dos sacerdotes – e considerados como “sem casta” pelos mais tradicionais – existe a profissão de jogral, um músico ou ator profissional em contar, cantar, e encenar essas histórias tradicionais, e que vive coligindo e juntando essas histórias antigas. Boa parte do que está registrado em livros corresponde a transcrições orais que um ou outro menestrel letrado fez durante sua vida, e que foram enviadas as bibliotecas das grandes cidades.
Embora eventualmente varie de religião para região, e de escola de sacerdote para escola de sacerdotes, há alguns mitos que são comuns a todos; o mito de criação, por exemplo, coloca em xeque um combate de palavras e canções entre um grão (deus) do arroz, e um grão (deus) do café, para saber quem teria o privilégio de carregar o mundo. Admiti-se que a vitória coube ao grão (deus) de cevada, e esse combate e o assentamento do deus da sevada é a motivação do grande festival de ano novo, que dura nove dias; no primeiro, ocorre a encenação da criação do mundo pelo Espírito Supremo, e o primeiro duelo entre os deuses. Do segundo ao quarto, há celebrações e danças, e alguns homens e mulheres incorporam espíritos de seus ancestrais, sendo consultados e instados a intercederem por um novo ano. No quinto, há o segundo duelo, que o grão (deus) de cevada vence, e seguido de mais festividades, dessa vez de natureza leve e festiva. O último dia é o assentamento do deus da cevada, na terra, por mais um ano. A segunda grande festa, dali a quatro meses, no auge do inverno é a festa dos mortos. Nesse dia, os ancestrais de cada família, vila e clã, bem como os mortos são homenageados durante três dias. Essa festa é aguardada e temida – no segundo dia, quando os mortos efetivamente são homenageados os exorcistas não podem são proibidos de exercer seus grandes poderes. Nesse dias, também, a casta dos sacerdotes celebra a festa de um herói de lendas antigas, chamado de Sábio do bosque, que teria dançado com os mortos e extraído deles o segredo dos rituais hoje utilizados pelas escolas de exorcistas.

O terceiro festival, perto do final do ano, é o da colheita. Ali é celebrada a “moça dos campos”, segundo alguns o primeiro ser, e a ancestral dos humanos, que fora plantada pelo Espírito Supremo. Dizem que ela teria acasalado com um animal – segundo alguns, desse casamento teria tido origem a humanidade. A identidade desse ser varia, de tigre há elefante; de qualquer forma, nos três dias são celebrados seu nascimento, seu casamento e o nascimento de seus filhos, e o presente que sua mãe deu a eles: os rudimentos da língua, e das primeiras técnicas de plantio, colheita, e do fogo.
Além desses grandes festivais há vários outros menores, quase uma vez a cada mês. Os ancestrais são lembrados como conjunto diariamente, e os mais importantes – ou próximos – no aniversário de sua morte.
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Mensagempor Seth em 05 Jan 2010, 11:57

Origem Mitológica Antiga de Sakya.


O período anterior aos últimos dois mil anosn razoavelmente bem documentado, é envolto em lendas e mitos, ou em relatos folclóricos e canções semi-esquecidas durante milhares de anos. Muitos Cronistas das cortes de Sakya tentaram, ao longo dos séculos, produzir um relato aproximado, mas a maioria das tentativas redundou em fracasso. Há, entretanto, dois livros esclarecedores.

O primeiro é o Livro do Estrageoi, o Alto-Sacerdote do templo de Vanraja. Escrito há pelo menos mil e duzentos anos, o autor teria coligido informações de dezenas de listas, canções, relatos, além de consultar livros desaparecidos e compor uma visão parcial da História mais antiga de Sakya. Ele situa a origem lendária dessa época há sete mil e quinhentos anos, no fim do ciclo anterior, que durou quinhentos milhões de anos multiplicados pelos grãos de areia do rio Murai.

De qualquer forma, as origens lendárias concordam que em determinado momento os deuses voltaram a adormecer, no fenômeno conhecido pela divina dormição. Essa seria a origem do hábito de “falar” com os deuses por meio de sonhos induzidos com a cerveja de especiarias, ou com misturas secretas envolvendo café, vinho, aguardente de cana, a queima de ervas e incenso. As cidades humanas de então eram pequenas, as margens dos rios, dependente da pouca sabedoria que alguns Sábios, criaturas mais “presentes” nos sonhos dos deuses e dos homens transmitiam. Os relatos também concordam na criação de uma série de principados e republiquetas pacíficos a cerca de três mil anos, onde hoje é Sakya e Shian-Hu. Daí, um estranho povo de Demônio veio do norte, desejando sangue para acordar seu estranho e maligno deus adormecido, e só foram expulsos após imensos combates – alguns dizem que seres antigos, moradores do oceano, foram acordados para conter por meio de terremotos e maremotos a fúria e ambição dos demoníacos invasores. Daí veio uma longa era de relativa paz e prosperidade, que restou na formação de Shian-Hu e dos reinos rivais de Sakya, há cerca de mil e quinhentos anos – e daí a sua configuração atual.

O segundo é a Lista dos Nomes do Divino Arroio, um códice produzido por sábios da arruinada cidade de Jan, relatando os nomes que os diferentes povos conferiam ao deus-rio que adoravam. É um trabalho ainda mais fragmentário e fantasioso, mas com dados diferentes que ora confirmam, ora divergem do Livro do Estrageoi. Segundo esse livro, a atual região do mundo emergiu das águas e foi colonizada por um povo de semi-humanos, filhos da espuma do mar e do rio. Eles teriam acasalado com antigas tribos de homens primitivos, gerado três “nações”: os povos de Sakya, Shian-Hu, e da cidade de Jan – essa última a “pura” linhagem do deus-rio. Embora originalmente a casta sacerdotal tenha regido os povos, a ambição de alguns quebrou a primitiva união, gerando reinos e cidades rivais entre si. Uma das linhagens, mais ambiciosa, traficou com um estranho e maligno povo-serpente, unindo seu sangue ao deles, e dando origem a um longo século de guerras e morticínio. No fim, a cidade dessa linhagem foi desmantelada, restando apenas os que no começo renegaram o acordo com as serpentes humanas. Esse mesmo grupo criou Jan, a cidade dos muitos relatos. Alguns dizem que a cidade foi destruída numa cheia especialmente terrível do rio – e muitos identificam os charcos a oeste de Sakya, com sua misteriosa disposição, com as possíveis ruínas da fabulosa cidade, a mais antiga criada pelo homem, remontando segundo sua cronologia a nove mil anos.

Se o Livro do Estrageoi está quase completo, a Lista dos Nomes do Divino Arroio além de muito rara, é incompleta e de difícil leitura. A isso se soma a possibilidade de que a queima da Biblioteca Imperial de Shian-Hu tenha destruído algumas das melhores cópias e estudos realizados sobre esse livro.
Editado pela última vez por Seth em 05 Jan 2010, 19:40, em um total de 1 vez.
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Sakya: Religiões.

Mensagempor Emil em 05 Jan 2010, 19:30

Gostei, bastante interessante. Tem uns errinhos facilmente arrumáveis, nada muito grave. Gostei da referência aos Nagash e aos Susko. Não sei se elas estão muito claras, entretanto, mas é mais frescura minha.
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Lutai primeiro pela alimentação e pelo vestuário,
e em seguida o reino de Deus virá por si mesmo.

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Sakya: Religiões.

Mensagempor Madrüga em 13 Jan 2010, 20:41

Eu gostei bastante, dá forma e responde a diversas questões. Como disse o Emil, há erros consertáveis. Acho que essa parte da religião está bem servida, só resta saber mais em forma de informações rápidas, "de jogo".
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Re: Sakya: Religiões.

Mensagempor Seth em 14 Jan 2011, 00:49

Mais alguns comentários? preciso de mais feedback de vocês.
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