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Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 15:12
por Lumine Miyavi
Exceto que não. Leia meu post e argumente. ;D

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 15:15
por GoldGreatWyrm
A poesia moderna são os golpes do Kratos.

Cada movimento, cada lâmina que ele crava em um boneco...

é lindo :pidao:

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 18:01
por Sr.Personna
A Poesia moderna é como aqueles quadros modernistas, me deixam indiferente, completamente indiferente pois perderam a capacidade de comunicar.
Numa eterna busca de uma forma nova, fabulosa e e inovadora acabam desprezando a arte e seus fundamentos que lhe permitiam tocar o espectador, o leitor.
O cordelista não escreve em redondilha por achar difícil ou criativo o faz simplesmente porque o ritmo e a rima são elementos minemônicos (esqueci como se escreve e to com preguiça de procurar agora depois volto e conserto) ou seja cantam seus versos com a forma pois isso os ajuda a decorar e facilita a assimilação por parte de quem apreciará sua arte.
A técnica não é inimiga da apreciação artística e sim sua maior aliada. O problema da poesia está justamente no academicismo que insiste que inovar sempre e quebrar paradigmas é o ideal. Já deu no saco essa onda de desconstrução poética. É chover no molhado e não trás nenhum novo leitor.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 18:21
por Madrüga
Resumindo, você mal leu o que os outros disseram e repetiu o que você mesmo disse anteriormente.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 18:24
por Lumine Miyavi
viewtopic.php?f=25&t=6435#p205024

Responde os pontos aqui feitos, Personna.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 19:01
por Sr.Personna
Vou tentar ser mais didático
Poema modernista é mais dificil de ler pois não usa recursos que facilitam a memorização e a assimilação do poema.
Versificação dificulta para o poeta mas facilita a leitura e a "decoração" do poema.
Veja como desapareceu o hábito de se saber poemas de cor, olhe como os repentistas muitas vezes ANALFABETOS sabem poemas enormes na ponta da lingua. Tudo porque dominam uma ou outra técnica versificatória.
Veja bem, quantas músicas de roda você ainda sabe de cor? Quantos poemas modernos sequer se lembra?
Poemas masturbatórios sobre nada são bem mais comuns desde a semana de arte moderna. Poesia clássica você sempre conseguia saber de onde, para onde e o porque o poeta escrevia. O verso livrismo dos modernosos não tem nem inicio, nem meio, nem fim.
Primazia da forma sobre o conteúdo? Muito prazer meu nome é concretismo. Veja a pintura moderna e a clássica depois tenha coragem de me dizer que a clássica sacrifica mais o conteúdo.
É essa incessante experimentação, desconstrução e revolução da forma que o modernoso vive que deixa a arte sem parametros para ser apreciada.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 19:05
por Madrüga
Donde se conclui que você nem respondeu a questão do tópico.

"Ser didático" é muito empáfia, cara. Sobe o nível que você não tá falando com pré-primário.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 19:33
por Mirallatos
Sei não, poemas modernos, marginais, também tiveram seu momento e nem por isso são lidos como antes. Justificar a adesão à leitura daria margem para muita coisa,muito debate, teóricos, blabla. Em verdade, o que é mais fácil: ler um romance ou ver um DVD? Ler um livro ou consultar a Wikipedia? O certo é que, no final das contas, não foi a poesia/teatro/pintura e sim o tempo quem mudou.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 19:50
por Madrüga
Exatamente. O conto é muito mais popular do que o romance há quase um século porque é mais rápido de ler. E de fazer.

Sinceramente, escrever um conto ou escrever um poeminha é fácil. Ainda mais se formos manter longe dos academicismos ou complexidades forçadas. Algumas coisas mais leves e sem muito sentido ou dificuldade, como o Personna andou postando.

Mas acho que foi o Adorno que falou da poesia lírica depois dos horrores da Segunda Guerra, algo assim. Hoje não dá mais, não existe espaço para poesia épica (não significa mais nada, não temos muito esse "espírito de um povo") ou lírica (os tempos e o espírito de época se alteraram demais, lirismo hoje é frescura).

Só que aí é que tá, o critério de valor foi o Personna que pôs. Eu não sei poemas de cor, mas isso não faz FALTA, de fato. Talvez tenha sido até bom a sociedade largar a poesia de lado.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 19 Ago 2010, 19:52
por Sr.Personna
Madruga,

Eu devo estar cego ou com alguma dislexia grave pois eu não sei qual ponto das criticas que eu NÃO abordei em meus comentários.
Por favor, poderia me fazer a gentileza de apontá-los?

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 20 Ago 2010, 04:20
por Emil
Eu tendo a concordar com o Madruga, e vou aproveitar a insônia para tentar explicar porque.

É infrutífero focar a discussão puramente na forma poética, no sentido mais estrito e apertado possível do termo. Por quê? Porque como toda arte, a poesia não é isolada do mundo: as modificações na forma acontecem por diversos fatores, a maioria deles externos à poesia em si. E como nenhuma arte é isolada do mundo, dificilmente são só as modificações na forma (mais uma vez, no sentido mais estrito do termo) que causam seus sucessos e/ou suas crises.

Parte um, o materialismo histórico: Nem sempre houve romances; nem sempre haverá romances. Assim que a escrita se solidificou como principal vetor de transmissão de informação, a epopeia oral começou a perder espaço. Por causa da escrita, as fórmulas mnemônicas -- como ritmo, rimas internas, número de pés, repetições, construções sintáticas pré-estabelecidas, fórmulas fixas -- perdem sentido. Não há necessidade de decorar se você pode consultar o texto. As grandes epopeias faziam sentido para os gregos antigos, já eram um anacronismo para os romanos: a lenda diz que a última coisa que Virgílio fez no leito de morte foi mandar botar fogo na Eneida. Sorte nossa que ninguém obedeceu. Mas o ponto é: o cara achava que a coisa que ele passou a vida escrevendo não ia fazer falta nenhuma. E, comparando com as funções que as epopeias gregas exerceram em sua sociedade, bom...

Avancemos um pouco a frente: a invenção da imprensa e outros fatores econômicos tornaram o livro o grande vetor da escrita. Isso faz com que boa parte da literatura seja pensada para este apoio. O romance (não só por isso) se torna a forma mais proeminente de narrativa, a principal porta de apreensão das artes literárias passa a ser a leitura, e não a audição. Óbvio que a poesia jamais passaria imune por isso.

Parte zero, a dialética (parte zero porque ela está em todas as outras partes e bagunça todas elas): O suporte influi sobre a literatura e a modifica. Essa nova literatura influi sobre o suporte, e o modifica. Mantenham isso em mente durante a leitura desta mensagem. Se eu não dormir, tentarei voltar a este ponto depois.

Parte dois, a luta de classes: Nem sempre houve romances; nem sempre haverá romances (sim, de novo). Acho que foi o Hegel que definiu: o romance é a epopeia da burguesia. Algumas pessoas objetaram o termo epopeia, ninguém importante discordou completamente. Por um lado, a criação da imprensa e a produção massiva do livro como suporte e como mercadoria permitem que a classe que controla o comércio, a nova forma hegemônica de economia, controle a distribuição da forma hegemônica de literatura. Por outro, o romance se torna um dos meios de transmissão dos valores desta nova classe que surge e ascende ao poder político também, falando de conteúdo mesmo. Mais uma vez, com a poesia não é diferente. Dialeticamente, o conteúdo de boa parte dos romances e dos poemas em dado momento passa a ser a crítica e até a negação de tais valores. Então, juntando: nem sempre haverá romances porque novas tecnologias e desenvolvimentos econômicos podem favorecer outras formas, assim como permitir que novas classes ascendam ao poder, ou mesmo valores da mesma classe hegemônica podem encontrar formas que melhor os favoreçam.

Parte um bê, a poesia no fim do século XX e início do século XIX: um autor que eu gosto muito, um tal de Walter Benjamin, uma vez disse algo mais ou menos assim: quando a fotografia foi inventada, gastaram mais ou menos cem anos em discussões infrutíferas se ela era arte ou não, quando deviam ter começado logo a discutir SE ela alterava a natureza da arte (e como essa natureza era alterada). Bom, da fotografia até hoje, inventaram muito mais coisas com potencial para alterar a natureza da arte: por exemplo, o cinema, os cds, a internet, o mp3, (sem contar outras artes) e isso são só as coisas que meu cérebro amador e insone consegue lembrar. E eu tenho um misto de duas impressões: a) que a poesia vem perdendo sua capacidade dialética, isto é, sua capacidade de ser alterada e alterar toda essa tecnologia que surge (ela sofre influência, mas não influencia de volta); b) nós temos dificuldade de perceber que as novas tecnologias e desenvolvimentos econômicos alteraram a poesia e ficamos pensando numa natureza, numa definição que não faz mais sentido.

Estamos acostumados a pensar na poesia de livro, do fim do século XIX e início do XX, e nem percebemos que o avanço da música popular cantada, mais todo o desenvolvimento econômico e tecnológico da indústria fonográfica podem ter sido o ônibus em que a poesia subiu enquanto ninguém olhava. Olhe a música brasileira, por exemplo. Sem entrar na discussão qualitativa, quem foi chamado de poeta nesses últimos tempos enveredou-se por lá (Renato Russo, Cazuza, Humberto Guessinger, Chico Buarque, Gilberto Gil, Vinícius de Moraes, Rogério Skylab, etc.). Quando pensamos em movimento poético relevante moderno, temos sorte se lembramos dos concretistas, mas esquecemos do sucesso internacional e da longevidade do rap, que é um acrônimo para Rhythm And Poetry. Entretanto, se eu quiser ficar numa definição mais ortodoxa de poesia, o que de relevante foi feito até agora usando o cd? O .mp3? A internet?

Nada, não muito, porque por ora não é o tempo, nem o espaço dela. Saraus, fóruns de internet, livros, podem render coisas interessantes. Mas são assim: nós, conhecidos, amigos, mandando bilhetinhos e cartas um para os outros. Um bilhete que se passa escondido da professora para o colega ao lado, por mais brilhante que seja, é só um bilhete dividido entre duas pesssoas. Pode ter sentido profundo para elas, mas não tem muita relevância. É bom que passem e se gostem e se riam. Mas não tem muita relevância. Da mesma maneira que quem é que tem acesso à internet e manda cartas hoje? E se não o fazemos, é porque somos preguiçosos, obtusos, a dificuldade (embora recompensante) nos afasta? Não, é porque temos outras ferramentas à disposição, que tornam as cartas em papel obsoletas.

Editado: Texto enorme e eu com sono mas sem conseguir dormir. É claro que passou um monte de erro. Aos poucos eu vou arrumando, mas nada que modifique o conteúdo.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 20 Ago 2010, 11:00
por GoldGreatWyrm
Resumindo, então: poesia é que nem retrogaming.

Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 20 Ago 2010, 12:35
por Lanzi
Marco Catalão escreveu:“Conheci o Brasil que não dá ibope
e tive medo. Como quem do morro
inutilmente grita por socorro
e sua voz se perde no po-pop

das balas dos bandidos e do Bope,
assim tive que ouvir, como um esporro
da realidade, como um sai-cachorro,
o rap do terror que a tudo entope.

Forçado a olhar sem máscaras a impura
cara da vida, suja, feia e dura,
vi o que não cabe na televisão.

Recebi o batismo dos incautos
e, incapaz de agüentar novos assaltos,
já não saio de casa desde então.”


Marco Catalão escreveu:“No ônibus cheio, a diarista reclamava:
– Quem dera a minha vida fosse mansa e boa,
com carrão e piscina, como a da patroa!
Mas a patroa dizia ao marido, brava:

– Não fosse o nosso filho, eu bem que te largava,
e ia viver igual à tua amante, à toa,
sem dívida que vence, sem cheque que voa!
Mas a amante, sem conseguir dormir, sonhava:

“Ah, se eu tivesse sido menos azarada,
já estava no apogeu da carreira de artista!”.
Mas a artista, no quinto café, entediada

enquanto concedia a décima entrevista,
num momento de lucidez inusitada,
pensava: “Foda mesmo era ser diarista!”.”

Re: Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 24 Ago 2010, 13:48
por Fada Suicida
Mirallatos escreveu: Aliás, a arte tradicional, de uma maneira geral, perdeu terreno. Só serve como base canibalizada pra coisas mais vertiginosas da era industrial. Uma merda.


Dorgas, cara...

Perdeu por diversos motivos, e faz um enorme sentido ué. Ela (a Arte :venera: ) veio acompanhando todas as mudanças sociais e tecnológicas de todas as épocas e na arte contemporânea, refletindo a falta de idéias pra tanta coisa hoje em dia, a arte ou se volta para suportes tecnológicos ou vira uma coisa nonsense e "angustiante" que reflete o "paradigma do século XXI" ¬¬'

Não acho que a arte "tradicional" tenha perdido terreno, ela somente tem compartilhado com novos meios de se fazer arte. E isso é algo que aconteceu com todos os movimentos artísticos de todas as épocas.

[flame]Nesse ponto eu sempre vou preferir as artes plásticas do que a poesia, o poder da imagem é muito maior que o da palavra.[/flame]

Muitas poesias são de fato algo insosso, sempre gostei das mais soturnas ou mais épicas por conta das imagens a que elas remetem.

Re: Por que não se lê poesia?

MensagemEnviado: 25 Ago 2010, 12:26
por Geleiras
a arte tradicional, ou regional, não morre...
esse papo de que as coisas tem de se encaixar no tempo presente, ignora que a arte também serve como forma de ir contra a corrente.
se as pessoas não possuem mais tempo para ler um romance, porque lua nova, harry potter, senhor dos anéis e gaiman fazem tanto sucesso?