É um poema antigo, data de uns 2 anos atrás, não sei ao certo. Fruto de uma insônia, isso eu me lembro, mas não recordo de tê-lo postado em nenhuma versão da Spell.
Apreciem. E se possível, comentem.
Chero.
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Suicídio
Na noite do meio do nada
Neste claro e abafado quarto
No fim da longa estrada
No mato.
O suicídio do último
Insondável arfar
Incontido no profundo íntimo
Deu-se o derradeiro suspirar.
A morte visita
É doce
Delicada incita
Com sua grande foice
O ato do suicidar.
Se é triste a vida
As horas são longas
O fim convida
Sem mais delongas
Simplesmente terminar.
Porque amanhã
Começa novamente
Mundana morte vã
Que nunca se desmente!
De que adianta
Minguar no vácuo
De uma Igreja Santa
Cheia de dízimo máculo?
De que adianta
Fechar as janelas
Se há tanta
Hipocrisia e mazelas?
De que adianta
A estrada pavimentada
Se a noite espanta
A solitária alma indomada?
De que adianta
A relva
Se é ela que implanta
A selva?
Em que o mato
Mata
Do veneno herbal
Todo o mal
Das flores na foice
Da morte
Ao suicidar-se
E sair pela porta
E desistir
Porque amanhã existe
Ainda.
(Elara Leite)