“NON OMNE QUOD LICET HONESTUM EST.”

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“NON OMNE QUOD LICET HONESTUM EST.”

Mensagempor Sr.Personna em 18 Mai 2008, 21:44

“NON OMNE QUOD LICET HONESTUM EST.”
por Cláudia Leitte

Gosto de criancas.
Tem aquelas mais espertas, as quietas.
Ateh as mais sapecas sempre dao paz.

Criancas sem dentes,
Criancas que riem,
Criancas na praia,
Criancas nao sao iguais.

Seus sorrisos sao verdadeiros
Em suas mentiras nao ha desespero
Sao soh fantasias,
Ou medo dos pais

Uma crianca eh como uma estrela
Estamos no ceu se podemos te-la
Olhamos para o ceu se queremos ve-la.

E lhe ensinamos:
A soltar pipas,
Fazer rimas,
Ou um barco, se nao gostar de rimar.

“Vah a escola,
Coma sua merenda,
Sonhe!
Aprenda!

Porque quem sonha alimenta o futuro,
Pode ateh temer o escuro,
Mas sabe que tudo pode superar.”

Crianca brinca o dia inteiro.
“Volte pra casa, menino, entre logo no chuveiro
Depois vah se alimentar…”

“Se nao comer, nao brinca,
Se nao estudar, nao vai ao aniversario da Julia.
Se voce errou, nao minta.
O que voce fez assuma.”

A educacao, o cuidado.
O amor, o preparo.
Privilegios para poucos,
Anseios dos “loucos”?

Pipa, Papel.
Hein?
Barco.
“Nao, Senhor, eu fugi de trem.”

Escola?
“Ah! Merenda.”
Se comer, apanha!
Quer viver, aprenda!
Aprenda logo a roubar.”

Quantos anos voce tem?
“Aqui eh terra de ninguem,
Nao tem aniversario,
Mas eu pratico o conto do vigario,
quer que eu te ensine tambem?”

Nao ha respeito.
Nao ha lei.
Todo dia uma crianca morre,
Ninguem diz: “eu matei”.

Pedofilos, Parasitas, Patifes
e ateh um bando de Politicos.
Baratas, Barbeiros e outros mosquitos.

Uns repousam sobre as feridas e as remelas,
outros trazem febre, que nao importa se eh amarela,
fazem a crianca colorida, acinzentar.

Barrigas grandes de vermes,
Braços pequenos carregando armas.
O menino que nao sabe se defender,
Aprende que tem que matar para nao morrer.

Silencio de um povo que segue
Porque o seu umbigo eh a piscina onde se nada.
Nada. None!
Todo dia uma criança some.
Nada! E mais Nada!
Todo dia tem uma violentada!

Ninguem faz absolutamente nada!
Ninguém eh suficientemente homem.
A gente se senta e come
Enquanto a criança eh enterrada!

Umas são espancadas,
Outras caem de um arranha-ceu
Uma família eh indiciada,
A outra experimenta do mais amargo e puro fel.

Minta, chore, mas corra.
“Ei, menina, não conte a ninguém,
Ao que eu disser, diga: amem
Essa eh a lei, ou então morra.”

E o silencio sempre reverbera.
Nesse mundo onde a beleza impera,
Nao tem espaco para a crianca sonhar.

E a gente que nao eh crianca,
Nem pensar em cochilar!
Pedir a Deus pra nao nos deixar sentir a dor da mae de Isabella,
Acreditar na historia da Cinderela
E continuar a caminhar.
Se “nem tudo que eh licito eh honesto”,
Apenas a confianca no PAI nos ajuda com o resto.
"Muito brincaram comigo,
até que aprendi a brincar...
Na vida se chicoteia
ou se deixa chicotear!"
(Lições, Lucas C. Lisboa)

O Jogo tem 3 regras simples:
1) Basta conhecer o Jogo para estar jogando.
2) Sempre que lembrar do Jogo, você perde.
3) Sempre que perder, você deve anunciar a derrota.
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Mensagempor Sampaio em 18 Mai 2008, 22:56

Seria bom, considerando as limitações de quem escreveu, claro.

Gostei da linguagem internética, não por ter sido bem usada, mas por ter sido usada. Acho que os poetas devem se adaptar, ou ao menos escreverem sobre sua era, e a internet é pra lá de relevante. É preciso vanguardear-se disso.

Disse "seria bom" pq, apesar de demagogo (o que desprezo), seria bonitinho, bem bonitinho, se não tivesse citado, duas ou três vezes, o caso Isabella.

Pq esse caso já me encheu o saco. Aliás, me encheu desde o segundo dia que falaram disso. Imagina aonde está minha paciência hoje!
Acho o caso uma imbecilidade, a cobertura em cima do caso uma manifestação de acefalia da imprensa e principalmente do público consumidor.

Cada vez que alguem comenta comigo ou ouço alguem comentar, tenho vontade de vomitar. Acho que o caso expõe bem nossa precariedade intelectual, nossa baixeza de espírito e nossa tendência a maior e mais perigosa demagogia, hipocrisia e desocupação mental - que faz com que outros determinem o que nos ocupará.

Portanto, o poema é uma porcaria. Pq ajuda a estragar nossa sociedade. Pq reforça a baixeza.

Uma pena.
Spell: não somos bonzinhos, somos sinceros!
http://www.spellrpg.com.br/portal/index ... &Itemid=72

Perguntem qualquer coisa lá:
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Mensagempor Lanzi em 18 Mai 2008, 23:11

Interpretei de uma maneira diferente da sua Sampaio.

A linguagem internetês usada na poesia nos remete à idéia de que o poema é feita por um usuário qualquer que não possui o conhecimento da norma "culta" da língua e decide escrever um poema, sem qualquer pretensão estilística, pois não a domina, mas com pretensões "acusadoras e engajadas", batendo na mesma tecla que batem telejornais demagogos e está batendo a turba enfurecida, repetitivamente, sem trazer nada de novo e sem trazer nenhuma reflexão mais aprofundada. Tudo isso feito propositalmente pelo Zaratustra.

Quer dizer, é uma crítica a "crítica" que denuncia a turba e a indignação.
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Mensagempor Sampaio em 18 Mai 2008, 23:15

Fantástica sua interpretação.

Pode ser mesmo.

O fato de ter lido e respondido rapidamente (e da citação do caso Isabella ter me incomodado) fez com que não pensasse em nada além do óbvio.

Interessante.
Vamos esperar o Personna se manifestar.

PS: Quando falo da limitação do autor, considerei que o autor era de fato "Cláudia Leitte" (afinal, devido ao nivel do poema, poderia muito bem ter sido de alguem mediano como ela), ou seja, alguem que não o Personna.

Lendo sua observação Lanzi, sinto-me até constrangido de como fui concretista e incapaz de abstrair.
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Mensagempor Lanzi em 18 Mai 2008, 23:21

É um poema da Cláudia Leitte.

Então o que eu falei não tem nada a ver, apesar de ter sido uma interpretação bacana.
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Mensagempor Elara em 19 Mai 2008, 16:38

Personna,

A despeito do poema, gostaria de lembrá-lo de um preceito da seção:

2- Não será permitida a postagem de obras de autores renomados/conhecidos, sendo isso caracterizado como plágio. A menção a alguns trechos conhecidos será permitida, desde que dado o devido crédito ao seu autor.


É claro que Cláudia Leitte não é a mais renomada poetisa do mundo, e pra falar a verdade, não sabia nem que fazia versos. Mas de todo modo, a regra se aplica. Caso quisesse citar algo do poema, poderia fazê-lo dando o crédito, como o fez, mas usando apenas algumas partes.

De todo modo, é um desabafo em forma de versos. Não tem ritmo, não tem beleza nenhuma, não tem musicalidade. É horrível, mas bem social.

Sampaio escreveu:
Quando falo da limitação do autor, considerei que o autor era de fato "Cláudia Leitte" (afinal, devido ao nivel do poema, poderia muito bem ter sido de alguem mediano como ela), ou seja, alguem que não o Personna.


Mediano? Tá, desculpa mas essa é meio preconceituosa. Só por que ela é cantora de banda de axé? Cláudia Leitte cursou, ainda que incompletamente, Direito, Comunicação e Música. Não é a favor de drogas, por isso não faz comercial de cervejas (o que já é um grande passo para nossas cantoras sem miolo na cabeça).

E eu não sou assessora dela. XD

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Mensagempor Mirallatos em 19 Mai 2008, 18:45

Eu só soube da existência dessa mulher porque ela é conteúdo exclusivo de celular e eu formato material pra uma dessas operadoras. ¬¬
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Mensagempor Tybert em 19 Mai 2008, 22:50

Elara escuta axé. Hehe
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco.
(Manuel Bandeira - Poema do Beco)
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Mensagempor Sampaio em 19 Mai 2008, 23:18

Mediano? Tá, desculpa mas essa é meio preconceituosa.


Não é preconceito. É conceito mesmo.

Só por que ela é cantora de banda de axé?


Sim...

Quer dizer, não só por isso, mas isso não é um tremendo de um agravante?

Cláudia Leitte cursou, ainda que incompletamente, Direito, Comunicação e Música.


O que torna ela mais medíocre (e estou sendo bonzinho) ainda. Alguem que cursa Música e faz axé deve ter problemas neurológicos.
Além de tudo nem preciso dizer que graduações pouco querem dizer, especialmente quando sequer são graduações, são "cursos incompletos"...

Não é a favor de drogas


Porque ela é uma demagoga, como comprova o poema, de marca maior. Uma pessoa que não pensa além do senso-comum.
Ou talvez ela seja contra as drogas pq é muito religiosa, mas isso tb não muda muito as coisas.

por isso não faz comercial de cervejas


Uma pena. Ao menos alguma utilidade ela teria.

Ela é inegavelmente medícore pra baixo, suas entrevistas (sim, já assisti), seus comentários, suas participações em programas, as bobagens que fala nos shows, as letras de sua música e esse poema pífio, patético e deprimente, apenas confirmam isso.

O comentário do Lanzi, quando achou que o Personna tava fazendo um deboche, diz tudo sobre o nivel intelectual da pobre mulher.
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Mensagempor Tybert em 20 Mai 2008, 00:25

O Personna fazendo deboche acaba dando duas graças.
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
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Mensagempor Elara em 20 Mai 2008, 10:10

Tybert,

Não, eu não escuto axé. Por favor, não me interprete mal. Mas se escutasse, bem, cada um tem seu gosto, fazer o que...

Sampaio,

A partir daqui, tudo o que argumentarmos será uma discussão vazia sobre uma terceira pessoa. Continuo considerando o que vc disse como preconceito. E seu segundo comentário reforça mais ainda a coisa, acrescentando inclusive um grau acentuado de machismo. Ademais, graduações não dizem nada a respeito de ninguém, é verdade, mas fazem alguém deixar (ou pelo menos demonstrar interesse em) de ser mediano (no sentido mais pejorativo da palavra, que é o que transpareceu por aqui).

De todo modo, vou fazer uma coisa. Envio esse material aqui no fórum para a assessoria dela, e de repente ela mesma pode se manifestar, respondendo se é demagoga ou não. Que acha?

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Mensagempor Mirallatos em 20 Mai 2008, 10:41

Como eu GOSTO disso.







Cordel é escrito por gente sem instrução.
Repente então...
Axé tem origens afrobasileiras...
Samba também...(eu disse samba, não essa merda de Bossa Nova).
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Mensagempor Sr.Personna em 20 Mai 2008, 11:36

Sampaio,
Gostei da linguagem internética, não por ter sido bem usada, mas por ter sido usada. Acho que os poetas devem se adaptar, ou ao menos escreverem sobre sua era, e a internet é pra lá de relevante. É preciso vanguardear-se disso.

Também considero válido o uso estético da Linguagem Internética, casaria perfeitamente num poema sobre amor virtual ou qualquer coisa que valha... Mas ali só aparece para afundar mais o poema.
Engraçado concordar com tantas coisas que disse principalmente no que se diz com relação ao caso da menina lá.

Lanzi,

Enaltece-me saber que me julga capaz de construir algo desse gênero, mas falando a verdade eu não teria essa capacidade, meu senso estético agonizaria ao escrever cada linha! Seria uma tortura sem fim. Lê-lo até o fim já me foi um custo e só o fiz por raiva e por ter se encaixado exatamente numa linha de pensamento que tenho pesquisado a alguns meses e que dentro em breve falarei aqui.
Mas de todo modo o que disse sobre o texto é exatamente o que pensei ao lê-lo. Me poupou o trabalho de fazê-lo.


Elara,

Sim, eu tenho plena consciência dessa regra, mas antes de postar isso aqui conversei com o Dahak me justificando. O intuito não era de modo algum divulgar o trabalho mas sim levantar a discussão que começamos aqui.

Mediano? Tá, desculpa mas essa é meio preconceituosa. Só por que ela é cantora de banda de axé? Cláudia Leitte cursou, ainda que incompletamente, Direito, Comunicação e Música.


Sabe o que mais me incomoda nesse caso? Ela trabalha com "música" já cursou algo de Música! Porque diabos ela acredita que poesia não merece o mínimo de cuidado com essas coisas tão preciosas para a música como é o caso do ritmo e sonoridade?
Não é a favor de drogas, por isso não faz comercial de cervejas (o que já é um grande passo para nossas cantoras sem miolo na cabeça)

Ser radicalmente contra as drogas para mim é uma postura pueril e lugar comum. É de um puritanismo que me assusta e incomoda. Drogas sempre estiveram junto com a humanidade e todas as tentativas de acabar com elas só criaram coisas piores. (vide lei seca e máfia nos EUA dos anos 20 e o tráfico no Brasil)
De todo modo, vou fazer uma coisa. Envio esse material aqui no fórum para a assessoria dela, e de repente ela mesma pode se manifestar, respondendo se é demagoga ou não. Que acha?


Leia isso... Talvez a acessoria de imprensa chame todos nós de semi-analfabetos por não ter gostado do poema, pois essa é a opinião de alguns que lá comentaram...

Tybert,
*afaga a cabeça e joga denovo a bola que sai quicando porta afora*

Mirallatos,
Sinceramente? Eu sabia vagamente que existia um grupo chamado babado novo e só.
Cordel, Repente, Samba e até mesmo o axé tem preocupações estilísticas, de ritmo e sonoridade.
O cordel e o Repente então... Patativa do Assaré compõe em redondilha maior seus versos, fazendo uso de rimas ricas e figuras linguisticas de primeira.
Sim, em linguagem regionalista mas está bem preocupado com a beleza de seus versos.
Editado pela última vez por Sr.Personna em 20 Mai 2008, 15:03, em um total de 1 vez.
"Muito brincaram comigo,
até que aprendi a brincar...
Na vida se chicoteia
ou se deixa chicotear!"
(Lições, Lucas C. Lisboa)

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2) Sempre que lembrar do Jogo, você perde.
3) Sempre que perder, você deve anunciar a derrota.
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Mensagempor Seth em 20 Mai 2008, 12:03

Comparar com Drumond Bandeira e Gregório foi forçar a amizade demais da conta... :blink:
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Mensagempor Sr.Personna em 20 Mai 2008, 12:09

Tenho estudado um fenômeno chamado de Indústria Cultural que consiste num meio como a sociedade atual conseguiu satisfazer as necessidades culturais de um mundo que se tornou urbano rápido demais.

A população rural satisfaziam suas necessidades de entreterimento, diversão, fruição artística e religiosa
através de sua Cultura Popular, local, com todos os seus ritos, festividades, festejos, comemorações religiosas. Não possuiam, no entanto, acesso a uma outra cultura que que se pode chamar de Arte Eurudita, não só pela distancia dos centros onde eram produzidas mas por limitações de conhecimento.

Acontecendo uma acelerada urbanização a Cultura Popular não se conservou. Dai toda essa população que agora vive nas cidades não tem acesso mais nem a Cultura Popular e nem a Arte Eurudita mas continuam carentes da fruição que outrora era proporcionada pela Cultura Popular.

Com isso surge a Industria Cultural para satisfazer essas necessidades que não são mais satisfeitas surgindo assim o cinema, o rádio e etc... A Industria Cultural consiste numa mercantilização da cultura, sendo seus produtos extremamente vendáveis e de fácil consumo. Se apropriando da Cultura Popular e da Arte Eurudita e as simplificando e pasteurizando até que o público mediano pudesse digerí-las com facilidade.

Nesse ponto, traço um paralelo com a Semana de Arte Moderna de 1922 e, especialmente, no que se refere à poesia. Essa vanguarda não faz nada menos do que decretar a morte dessa estética Eurudita, com todas as suas regras e padrões. Propondo assim uma poesia liberta dessas amarras e acessível a todos.

Essa proposta libertária (que considero um movimento legítimo e natural) foi no entanto muito bem recebida pela industria cultural pois atingia exatamente o que estava fazendo. Produzindo uma poesia que pudesse ser consumida e feita por qualquer indivíduo.

Nesse novo paradigma de um consumo fácil e rápido a poesia simples cai como uma luva perfeita.
E agora todos que antes não podiam se considerar artistas (mas tinham essa aspiração) também tem essa sua necessidade atendida sem precisar de um estudo e/ou trabalho aprofundado sobre sua arte.

O que vemos nessa "obra" da Cláudia Leitte é exatamente isso: uma arte pasteurizada ao extremo sendo consumida por massas semi-cultas. E temos uma artista satisfazendo sua necessidade de ter multiplos talentos legitimada pelos resultados oriundos da Semana de Arte Moderna e pela Industria Cultural.
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