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Mensagempor Tybert em 26 Mar 2008, 22:15

Em parte.

Ajuda a dar a idéia de passos para a solução de uma incógnita (uma expressão matemática, uma equação, por exemplo), embora a forma sempre fique bastante depois do conteúdo naquilo que escrevo.
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
— O que eu vejo é o beco.
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Mensagempor Dahak em 26 Mar 2008, 23:49

Entendi, então sua mensagem, nesse caso, permitiu a conciliação com a forma =)

Dahak Out
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Mensagempor Sr.Personna em 27 Mar 2008, 09:26

Sampaio,

Vc pode resgatar os padrões que preferir, mas uma coisa é apreciar e valorizar mais um estilo de obra, e outra é dizer que uma poesia que não segue a estética de sua predileção simplesmente não é uma poesia.

Nem os mais radicais modernistas falaram que os parnasianos não eram poetas, ou que seus poemas simplesmente "não são uma obra".

Perceba portanto a diferença de uma crítica e de um resgate cultural, para simplesmente uma manifestação de ignorância.


Todos os mais radicais modernistas entendiam muito bem de metro, rima e toda a estrutura da poesia clássica, eles eram transgressores legítimos afinal derrubavam com consciência e método.

"É preciso conhecer as regras para poder quebrá-las"

É esse o ponto que distingue os modernistas em seu momento de vanguarda do que os demais que os seguiram. Transgressão sem consciência é vandalismo pueril.

Não. Não necessariamente.
Por mais que lhe incomode vc suar em cima de uma poesia pra dignifica-la como "poesia"e outro escrever de impulso num papel e tb chama-lo de poesia, isso é algo que vc terá de conformar-se (ou provar que estou errado).
Vc faz um tipo de poesia, e ele outro. Não é uma questão de concorrência, é uma questão de característica.


Sim, necessariamente.
A arte, antropologicamente, se caracteriza por sua Aura.
Aura esta criada a partir de sua singularidade e por seu momento de Festa.
A Festa não é nada mais nada menos do que o esforço "desperdiçado" por um fim em si mesmo, quanto maior esse esforço maior é a Festa e consequentemente a singularidade.
Da corrente atual dos estudos poéticos posso citar duas correntes que me embasariam a criticar a forma como é feita a poesia dos modernos tardios:
Primeiro o da poesia enquanto anti-prosa que enxerga a poesia como uma busca sistemática em romper co'as normas da prosa, seja a estrutura de texto, seja as regras gramaticais, a substituição da pontuação pelo ritmo etc etc etc.
E a segunda que explicita o Verso Livre como um sistema próprio dentro da poesia tão antigo quanto o verso formal e tal qual também dotado de características estéticas próprias e intencionais.
Estou lembrando de cabeça, quando tiver os livros em mãos volto aqui e explicito melhor.

O Personna faz uma arte quase que exclusivamente apolínea, vc tb Mirallatos, mas o Tybert procura fazer uma dionisíaca, e tem todos os componentes de uma obra dionisíaca: a pulsão, o sentimento, a vibração, o lirismo modificado, a manifestação, ou até, como diria Ferreira Gullar, a "diarréia poética".


Sou Apolineo?
Bom, só uma pergunta:
Tenho a Poesia de Florbela e a de Cecilia meireles como diametralmente opostas.
A primeira é uma poetisa do simbolismo tardio que prima pelo soneto e se lança a temas do fundo da alma amargos, dolorosos e intensos à luz de velas e sussurros.
A segunda é um icone dos modernos primando-se pelo verso livre e temas doces e delicados.
Qual é a apolinea e qual é a dionisiaca?
Já examinou sucintamente meu conteúdo além da forma? Se ele é apolíneo... Ah. Então estamos com conceitos bem distintos do quem é Dionisio e de quem é Apolo.
Bebo muito da fonte de Sade (autor que muito influenciou Nietzche) e definitivament ele é um dos ápices do Dionisiaco.

Na música idem. Se vc ouve o primeiro cd do Pink Floyd verá que todos os elementos musicais estão ali. A música soa de uma forma que comunique um sentimento, embora nem sempre este seja agradável, enquanto a letra tb procura buscar apenas imagens, que façam sentido ou complementem a letra.
E não deixa de ser música.


Sim estão todos os elementos ali, perfeitos e bem arranjados.... Sabe porque? Porque eles entendiam e estudavam música, sabiam onde romper e onde construir.
Não tenho problemas co'a ruptura com a mudança ou a iconoclastia contanto que seja feita por quem sabe o que está fazendo.
"Muito brincaram comigo,
até que aprendi a brincar...
Na vida se chicoteia
ou se deixa chicotear!"
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O Jogo tem 3 regras simples:
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Mensagempor Sampaio em 28 Mar 2008, 19:40

É necessário conhecer as regras para quebra-las, se essas regras forem pré-requisito de algo. No caso da poesia não são, e conforme demonstrei o que o Tybert usa já suficiente para ser uma poesia.

Se ele tiver alguma pretensão de ser poeta de fato, ou de ao menos refinar-se, aprimorar-se, estudar sobre poesia, de certo seria indispensável que ele dominasse essas técnicas, ou no mínimo as estudasse sificientemente para dizer que as conheceu, provou de seu sabor, e as rejeitou.

Portanto, acho que retornamos a visão que ambos temos das obras do Tybert: vc o vê como um tolo pretensioso que acredita ser um transgressor revolucionário, que acredita estar além das normas técnicas. E o vejo como uma pessoa que gosta se expressar e comunicar algo através de versos.

Seja como for, se conhecimento for pré-requisito para criticar, eu estou aqui, e conheço, e estou criticando. Conforme talvez alguns se lembrem os meus primeiros escritos na Spell (Spell Brasil na época) eram sonetos, haicais ou outros estílos poéticos bem pensados, definidos, cuidadosamente escolhidos. Minha preocupação com a ascedência, descendência, ritmo, metrificação, forma e em evitar rimas pobres era uma constante. Tanto que, olhe que ironia, já fui chamado de parnasiano.

Lembro quando vc entrou no fórum, na época como Zaratruska (ou algo assim, só lembro que era uma corruptela do anti-herói nietzscheano), tanto que comentei contigo sobre o nick.

Não sei se vc lembra mas em um de seus primeiros posts vc comentou um poema meu, o primeiro poema que eu escrevia com temática simbolista (um sobre um vampiro ancião) e que bem da verdade eu escrevi atendendo a pedidos. O poema era ainda um esboço, pois eu ainda não gostava da última estrofe, mas vc, que fazia críticas duras a maioria dos usuários, passou e comentou que aquele era um esboço de uma obra-prima. Fiquei lisonjeado.

Agora veja bem, como alguem que já se enamorou (na verdade ainda é enamorado) por uma poesia bem feita, cuja leitura seja fluida, que deslize pelos olhos (ou línguas), que seja agradável em sua composição sonora, com escolha de palavras com imagens fortes e sons relevantes a tonalidade, começa a escrever obras anárquicas??

Simples, ainda admiro alguns dos trabalhos esteticamente bem feitos que leio, mas na grande maioria simplesmente me fatigam. Usei e abusei da técnica quando me foi conveniente, como exercício, mas percebi que dá pra ser atento ao ritmo, sonoridade e tudo o mais, sem precisar seguir qualquer formato. Vide o poema concretista que postei aqui, sobre a pedra que enamora-se do rio. É possível sim, que se escreva um poema por INSTINTO (não sou fã do termo devido a ambiguidade, mas é o melhor no momento).

O poema do Tybert é escrito sequer preocupando-se demais com nenhum destes aspectos, mas focando-se em outra questão poética importantíssima, talvez a mais importante: expressar sentimentos/pensamentos numa ordem verbal não-sentenciada.

Provavelmente vc, interessado em linguística, já leu Saussere. Usemos um conceito seu para colocar da seguinte forma: O Tybert foca-se no significado, em detrimento ao significante.

O que, como o próprio Saussere nos lembra, É poesia, e talvez o mais importante da poesia seja essa comunicação quase sublimar que ela proporciona.

Sobre seu poema ser apolíneo: sim, é. O fato de vc tratar de temas como a embriaguez e o sexo (temas dionisíacos), não o torna dionisíaco, por seus tema é este, mas seu poema não é uma embriaguez, um impulso, um gozo, uma comunhão. Ele é justamente o apolíneo. Citando uma resenha que escrevi sobre O Nascimento da Tragédia: "O apolíneo representaria a estética, ou o esteticamente belo, o virtuoso, o civilizado, o regrado e pré-determinado. ".
São as palavras do próprio filósofo que uso.

Se tiver dúvidas conceituais sobre isso, seria um prazer debater sobre, ou até lhe passar essa minha resenha, que ;e justamente uma resenha focada na parte da obra que diz respeito a arte, o artista e as manifetações artísticas.

Portanto, por favor, DEIXE o Tybert ter sua escrita dionisíaca, que é pra lá de louvável que ele o faça. Eu até pediria que vc se desprendesse um pouco e aprendesse a apreciar esse tipo de poesia, mas acho que dado o seu momento, é improvável. Vejo em vc um sentimento de competição poética, um sentimento de superioriedade incompriendida, e só espero que perceba que esse lamento é um lamento, e nada mais.

E evite repetir seu bordão de "acho que tenho que mudar o nome do que escrevo, pq se isso é poesia, eu faço outra coisa". Além de ser enfadonho (e EMO :P ) a verdade é que, por mais desagradável que seja eu dizer isso, suas poesias não são tão boas. São apenas um tipo de poesia, que vc segue e segue com qualidades e defeitos, e só.
Seu quintal não é tão mais verde que o do vizinho. Apenas tem flores diferentes.
Spell: não somos bonzinhos, somos sinceros!
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Mensagempor Elara em 29 Mar 2008, 11:54

Eu hein, parece até que o Tybert precisa de advogados de defesa e acusação.

Como dizem por aqui: vareeeeei.

Chero!
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Mensagempor Sr.Personna em 30 Mar 2008, 12:15

Toda arte possui suas regras e a poesia NÃO é excessão.
Tornar a poesia uma arte sem regras, sem elementos para serem renovados e desconstruidos é fadá-la a banalização.
Eu aprecio a poesia livre quando esta é feita de modo capaz e cuidadoso (vide a prosa poética chamada Veleiros Brancos).
Sei muito bem do valor de Quintana e até de Arnando Antunes.
Dionisiaco e Apolineo não é meramente forma é forma e conteúdo. E sim, utilizar de recursos tão esquecidos como a Versificação nos tempos de hegemonia da "liberdade" poética é mais transgressivo e inovador do que repetir a mesma estética que está posta a mais de meio século.
O que faço possui sim inovação em forma e conteúdo e não é mero "plágil" como disse nosso amigo Tybert.
Ao mesmo tempo que resgato as estruturas clássicas as modifico e adapto sutilmente e coloco sob essas formas conteúdos que nunca foram apresentados assim.
Não eu não vou abrir mão do meu bordão, da mesma forma que não é qualquer um que rabisca algo no papel que pode se chamar de artista plástico não é qualquer um que coloca palavras uma debaixo da outra que pode se chamar de poeta.
Editado pela última vez por Sr.Personna em 30 Mar 2008, 13:23, em um total de 1 vez.
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Mensagempor Lanzi em 30 Mar 2008, 12:57

Queria saber onde o Tybert se chamou de poeta.
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Mensagempor Sr.Personna em 30 Mar 2008, 13:04

Lanzi,

O tybert não se chamou de poeta.
O que aconteceu é que estou respondendo ao sampaio aqui sobre algo que eu falei em outro post.
Sampaio ao invés de fazer as críticas separadamente juntou tudo no post do Tybert, então muitas coisas que digo aqui não são direcionadas a figura do Tyber.
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Mensagempor Tybert em 30 Mar 2008, 13:44

Arte precisa de regras desde quando? Onde está o manual universal da verdadeira e única arte?

as modifico e adapto sutilmente

-Vejam o magnífico circo de pulgas! Ninguém nunca viu coisa igual!
-Oras, já vimos centenas de vezes exatamente a mesma coisa nesse mesmo lugar.
-Não, se você reparar bem, aquelas tem a franja caída pra esquerda, as minhas tem a franja caída pra direita! São totalmente diferentes e únicas!
Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
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Mensagempor Sr.Personna em 31 Mar 2008, 08:05

Leia meus posts e me mostre onde já viu igual. Não essa crítica genérica e aberta.
Quando lhe critico toco nos pontos, associo nomes, escolas e o que mais me vier à mente.
Risos "já vimos centenas de vezes exatamente a mesma coisa nesse mesmo lugar." Ah meu caro eu não vejo muito disso. Sinceramente faça a estatística, o metro regular perde feio em popularidade para a forma livre.
Aqui nesse forum, na internet, nas livrarias, o que faço já deixou de ser a norma.
Já o que escreve vejo em tudo quanto é lugar (até mesmo atrás do saco de pão)
Sim, a franja da pulga muito me interessa saber se ela está para a esquerda ou para direita. Se é canhota ou destra! Me divirto co'isto e sei que há quem se divirta co'estes nuances tambêm. Você saberia apreciá-lo se soubesse do que exatamente se trata. Mas... Deixa pra lá. Sua agressividade me entedia.
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Mensagempor Tybert em 31 Mar 2008, 15:37

Oh Personna você é tão legal... quer andar comigo no recreio?
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