Ilusão
Vejo-te passear pelo jardim
apreciar com indolência as orquídeas
sentir o perfume das rosas
negligenciando (conscientemente?)
o que há além dos muros
desse mosteiro onírico
que edificou para se afastar
do doloroso mundo
Na inocência que optou
vive sozinho numa mentira
que a só você engana
e em que só você acredita
Criou um lugar fantástico
com algo de belo e utópico
e um quê de decadente e trágico
nele se conforta e se protege
pôs no limite desse delírio
muros que o deixam inviolável
E assim prossegue seus dias
ignorando o suplício do real
e sendo absorvido pelo paraíso
que sua própria mente
tão necessitada de um placebo
construiu e te mergulhou