Faces da Morte do Dragão. [8ª Face]

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Faces da Morte do Dragão. [8ª Face]

Mensagempor Arnok em 15 Abr 2011, 18:28

1ª Face: O Despertar


Sentou-se na beira da cama e abriu os braços, esticando todos os seus músculos e ossos que estalavam. Jogou a cabeça para traz e um novo estalo ecoou no quarto. A dor ainda era muito forte, os ferimentos ainda doíam bastante e vários deixarão cicatrizes.

O braço esquerdo estava muito queimado ainda, aquele dragão lhe dera muito trabalho e apesar de terem curado os ferimentos causados pelos dentes e garras, as pancadas ainda doíam e pouco podiam realmente fazer contra aquela queimadura, seu braço ficaria marcado para o resto da vida.

- Aquele curandeiro poderia ter mais fé naquele deus, assim poderia ser mais útil e talvez arrumasse meu braço, preciso que ele acabe com essa dor logo, murmurou para si mesmo com a voz quase não deixando sua boca. Apoiou a mão na cama para poder se levantar quando sentiu sua mão tocar a pela macia da moça que lhe fizera companhia durante a noite e estava espalhada na cama.

Um sorriso espalhou-se em seu rosto ao se lembrar de tudo o que havia feito com ela. Merecia esse tipo de recompensa sempre que salvava uma cidade e depois de quase morrer na batalha, escolheu uma jovem tímida com corpo delicado e poucas curvas. Levou-a para o quarto onde pretendia satisfazer-se. Ninguém ousaria opor-se a um desejo seu, afinal, fora ele quem desferira o golpe fatal e trouxera a cabeça como troféu.

O sorriso se alargou ao se lembrar de como fora prazeroso usar aquela jovem, como foi estimulante e relaxante fazer aquelas coisas, brincar com aquele corpo satisfazendo tantos desejos e não se alterou ao lembrar que ficara com raiva por ela passar a maior parte do tempo chorando... Lembrou-se de que em um de seus excessos, quando terminava, usou força demais e a quebrara irremediavelmente.

Decidiu que era hora de ir para outro trabalho. Pegou a bolsa de ouro e seguiu para junto de seus companheiros, para discutir o que fariam a seguir, qual o próximo destino e qual a próxima recompensa... Ao abrir a porta seus olhos doeram e sentiu a cabeça latejar. Sem aviso, toda a bebida da noite anterior cobrou seu preço e, voltando-se para dentro do quarto, aproximou-se da cama e vomitou.

Limpou a boca e atravessou a porta rumo a outras aventuras deixando inerte sobre a cama a jovem suja de pele sedosa que logo seria esquecida e talvez chorada.
Editado pela última vez por Arnok em 25 Jul 2011, 21:02, em um total de 8 vezes.
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Re: Faces da Morte do Dragão.

Mensagempor Arnok em 15 Abr 2011, 18:33

olá, se alguém estiver lendo, a idéia é relatar o dia seguinte ao de uma "aventura" dentro da mente dos personagens (na primeira, relatei um lado não tão heróico...) ainda não tenho tudo pronto e caso alguém goste e se interesse, podemos tornar esse um conto meio coletivo... (basta entrar em contato pro MP...)
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Re: Faces da Morte do Dragão.

Mensagempor Ken-Ohki em 15 Abr 2011, 18:45

O texto está muito bom. Queria eu ser bom em escrever coisas como eu gosto de ler elas :P
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Re: Faces da Morte do Dragão. [1ª Face]

Mensagempor Lady Draconnasti em 15 Abr 2011, 21:21

Um conto com um protagonista FdP? Ok, você tem minha atenção.

Poderia fazer uso de mais descrição física. Não vi nada falando de como era o sujeito ou a jovem (exceto que era delicada e quase sem curvas, o puto, ainda por cima era pedófilo!)

Mas algo me incomodou um pouco. Se ele ainda estava dolorido, como ele teve "disposição" para uma noitada?
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Re: Faces da Morte do Dragão. [1ª Face]

Mensagempor Ken-Ohki em 16 Abr 2011, 00:09

Lady Draconnasti escreveu:Mas algo me incomodou um pouco. Se ele ainda estava dolorido, como ele teve "disposição" para uma noitada?


Se eu, um reles mortal consigo disposição dolorido pra uma noitada, imagina um guerreiro acostumado com batalhas.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [2ª Face]

Mensagempor Arnok em 16 Abr 2011, 11:49

2ª Face: Orações.

Foi difícil dormir.

Foi difícil acordar.

Foi difícil fazer as orações nessa manhã.

Foi difícil ouvir o que acontecia no quarto ao lado.

Já estava acostumado. A história sempre se repetia a ponto de já não se incomodar, só que dessa vez ele começara a sentir um tipo de afeição pela garota, começara a se preocupar com ela desde que chegaram.
Sua mente estava uma bagunça e passou a noite se revirando na cama, lembrava do que havia acontecido durante o dia e pensava no que acontecia no quarto ao lado. Fora para a batalha como a fazer compras, estavam começando a ficar entediados com isso. E essa postura quase matou a todos... Passaram a ser descuidados e convencidos e isso não estava certo...

Teve muito trabalho para tentar manter todos vivos, os ferimentos foram mais sérios que os de costume e aquele sopro maldito, aquele sopro era poderoso demais para ser curado... Lembrou do rosto queimado do companheiro agonizado a seu lado, sem que lhe restasse qualquer poder para salvá-lo.

Os olhos castanhos da garota voltavam a sua mente constantemente e junto deles a imagens do que estavam acontecendo do outro lado da parede se formavam, cada vez mais perturbadores e ele chorou. Aqueles olhos cheios de vida e traços de pureza e um quê de ingenuidade eram muito belos e aquele sorriso alegre lhe acompanhou durante toda a viagem até a montanha. Sorriu ao lembrar de quando encontrou-a e curou sua mão que cortada, não se lembra muito bem como aconteceu, apenas que a viu correndo com o vestido tingido de vermelho e chorando quando trombou com ele e os amigos. Ela foi atirada ao chão e seguindo o costume, foi até ela curá-la e ao desempenhar sua tarefa, viu aquela face suave brilhar e decidiu que ela poderia ser alguém importante no lugar de uma camponesa.

Conversaram um pouco, ela preparou um lanche quando soube que ele logo seguiria até a montanha. Lanche que ficou pelo caminho sem que ele pudesse provar os alimentos cheios de carinho. A bagagem pesou e teriam que deixar todo desnecessário pelo caminho. Novas lágrimas brotavam...

Tocou o rosto, ainda estava dolorido pelo soco que recebera na noite anterior. Melhor esquecer isso e seguir em frente, era o que sempre dizia. Precisava fazer sacrifícios para o bem de todos e isso queria dizer esquecer o que aconteceu na noite anterior. Se Agnar não tivesse morrido, as coisas seriam diferentes... Agnar, apesar da falta de fé era um companheiro leal e ficaria do seu lado e sua palavra seria respeitada... Mas Agnar morreu para tentar salvá-los e agora era sua vez de fazer sacrifícios, concessões para o bem do grupo!

Seus dedos estava sujos de sangue, os ferimentos que recebera no rosto voltaram a sangrar e ele precisava consertar isso. Lentamente levou a mão ao rosto e um brilho quente começou a surgir a dor começou a amenizar mas o brilho logo desapareceu, mas não foi capaz...

Olhou para o símbolo sagrado jogado sobre a cama e lembrou-se das orações que deveria fazer, lembrou-se dos preceitos sagrados que juraria novamente seguir. Jurou. Jurou deixar que emanasse do seu ser, através de seus atos, a vontade divina e sentiu a força inundar seu ser e sua alma. Jurou fazer justiça.

Vestiu, calmamente, suas roupas impecavelmente limpas e seguiu para fora do quarto, atravessando a porta deixava dentro do quarto tudo o que havia pensado e sentido. Deixou para trás todas as incertezas, toda a tristeza e todo o conteúdo das orações. Tinha que ser ele mesmo novamente e um semblante pacifico e sério tomou conta do seu rosto. Terminara suas obrigações como servo do seu deus ao deixar seus quarto com o símbolo sagrado reluzindo a luz do sol após as orações matinais e seguiu até onde seus companheiros estavam.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [1ª Face]

Mensagempor Arnok em 16 Abr 2011, 12:04

Lady Draconnasti escreveu:Poderia fazer uso de mais descrição física. Não vi nada falando de como era o sujeito ou a jovem (exceto que era delicada e quase sem curvas, o puto, ainda por cima era pedófilo!)

Mas algo me incomodou um pouco. Se ele ainda estava dolorido, como ele teve "disposição" para uma noitada?


Lady, estou apresentando os personagens e nesse conto optei por começar dizendo quem eles são e não como são... Minha idéia é apresentá-los nas 5 primeiras faces e na sexta uma descrição mais detalhada começa a narrativa que não planejei longa (10 parte no máximo)
(ainda estamos dentro da cabeça deles... e vendo o mundo segundo os seus valores, suas dúvidas, incertezas, vontades...)

quanto a disposição para a noitada, o Ken já comentou, mas gostaria de ressaltar que estou me inspirando no D&D e desde que tenhas PVs, pode fazer o que quiser XD .
Agora sério, dependendo da cultura e da época, uma batalha era muito estimulante e depois dela era comum que fizessem isso para descarregar a tensão, geralmente com mulheres da cidade dominada que seriam suas escravas... (além da abstinencia até a batalha muitas vezes contribuir para esse tipo de coisa...)


Ken-Ohki escreveu:O texto está muito bom. Queria eu ser bom em escrever coisas como eu gosto de ler elas :P


Bom, só tem uma maneira de conseguir escrever coisas como gosta de ler.. Escrevendo! É mais uma questão de prática e treino que inspiração, como já dizia Einsten "o genio é 1% inspiração e 99% transpiração" e o Stephen King comenta em alguns prefácios, declarando que o mais importante é a prática, a insistencia... Eu tenho esperança de que se continuar escrevendo, vou conseguir ficar bom nisso algum dia...
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Re: Faces da Morte do Dragão. [2ª Face]

Mensagempor Lady Draconnasti em 16 Abr 2011, 19:20

Agora sério, dependendo da cultura e da época, uma batalha era muito estimulante e depois dela era comum que fizessem isso para descarregar a tensão, geralmente com mulheres da cidade dominada que seriam suas escravas... (além da abstinencia até a batalha muitas vezes contribuir para esse tipo de coisa...)


Estou ciente. O comentário a respeito foi mais algo como "pq eu não gostei desse cara?"

Cuidado para não se inspirar demais e tornar a narrativa "regrada de acordo com D&D" pois aí ela pode perder o brilho.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [3ª Face]

Mensagempor Arnok em 18 Abr 2011, 23:00

3ª Face: Histórias.

Mais uma linha estava sendo reescrita, não acreditava como havia feito tanta coisa ruim antes de dormir. Aquilo era dinheiro, o seu dinheiro, jogado fora e não podia continuar assim.

Os outros não entendiam, não queriam lhe dar a parte real das recompensas e dos troféus que lhe cabia. Tinha mais necessidades, portanto, precisava de mais. Era ele quem os fazia famosos, era ele que os tornava verdadeiros heróis. Se não o tivessem, não seriam nada e pareciam incapazes de ver isso.

Seu trabalho era simples, precisava esquecer tudo o que era ruim, pegar tudo o que podia ser aproveitável e transformar em coisas maravilhosas. Se seus companheiros ajudassem, ele não teria cometido tantos erros ao escrever a balada dos últimos feitos. Para sua tristeza, havia escrito belos versos após as comemorações da vitória. Belos, mas verdadeiros e se os cantasse, seria vaiado e seus companheiros expulsos, se tivessem sorte.

Era sempre ele quem tinha que tornar tudo do jeito que queriam ouvir. Precisava corrigir o que as pessoas fizeram, o que falaram, o porquê de terem feito e dito tudo o que disseram e fizeram... Era muita coisa pra ele sozinho e se pelo menos cooperassem um pouco e fizessem as coisas como ficariam melhores de serem contadas...

Além de todo este trabalho, ainda tinha que ir a frente do grupo, arriscando sua vida incontáveis vezes e era menosprezado por ser esperto e não se deixar ser atingido por flechas ou se deixar envolver em combates violentes nos quais poderia morrer. Além de não reconhecerem seus esforços como deveriam, ainda tiveram a petulância de sugerir que dividisse o que ganhou cantando na noite anterior ou o que ganhara fazendo suas coisas...

Precisavam ver seu lado, entendê-lo, ajudá-lo. Agora estava sufocado no seu trabalho enquanto os outros estavam descansando ou ainda bêbados.

O sol já havia nascido e atravessava as frestas da porta e da janela quando, à luz da lamparina, terminou o último verso. Não ficou como queria, mas serviria para fazer algum dinheiro. Lavou o rosto com o resto de água na jarra de barro e empurrou mulher que dormia na sua cama atirando-a ao chão e ordenando-lhe que o ajudasse a se vestir, no que ela prontamente atendeu.

Quando decidiu que estava realmente belo e pronto, jogou uma moeda de prata para ela e saiu andando, pronto a ignorar qualquer reclamação ou indignação por parte dela que, sabiamente, ficou calada. Ele sabia que haviam combinado uma peça de ouro pela noite, mas a quem ela reclamaria ter recebido apenas uma de prata? Além disso, ele não deveria nem ter dado isso a ela, foi um privilégio ter lhe feito companhia essa noite e ela deveria ter lhe agradecido do fundo da alma, ter compartilhado seu leito!

Com o coração repleto de generosidade, estufou seu peito e deixou o quarto para se encontrar com os outros. Carregava um grande sorriso estampado no rosto e uma bolsa cheia na cintura.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [3ª Face]

Mensagempor Lady Draconnasti em 25 Abr 2011, 13:02

Bardo?

Até agora, achei que esse foi o melhor dos três. E eu estou ficando curiosa pra saber WTF aconteceu.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [4ª Face]

Mensagempor Arnok em 25 Abr 2011, 23:17

4ª Face: Planos.
Ela havia tido o sono dos justos. Sabia que aqueles dois se revezariam como sentinelas, como sempre. Não gostava de baixar a guarda, mesmo em uma cidade onde era vista como heroína preferia manter alguém alerta, fora das comemorações. Essa mania era uma das heranças... melhor não lembrar disso no começo de um dia, poderia atrapalhar tudo...

Haviam tido sucesso na última missão e era nisso que precisava pensar agora que acordara. Aqueles idiotas estavam muito preocupados com eles mesmos e não estavam mais obedecendo como deveriam, por causa disso tiveram uma perda grande demais para ser reposta. Não adiantara em nada quebrar a cabeça na noite anterior, não teria como substituir, teriam que seguir sem ele...

Precisava de todos eles como eram antes, ou não teriam chances. Eles tinham pontos fortes e pontos fracos e ela sabia que os pontos fortes eram importantes, mas os fracos eram muito mais importantes, afinal, era por esses pontos que ela conseguia comandá-los, salvo a única exceção: Agnar, que fora consumido na última batalha. O peso para comandar aqueles homens estava muito maior agora, que se sentia sozinha...

Seltor tinha muitos dons e esperteza junto a sua ganância e egoísmo que o tornavam o mais fácil de controlar, mas, apesar de ser útil, não confiaria sua vida a ele. Wilhan vinha de uma família respeitada e tinha o nome conhecido além de uma alma quase boa, mas era um covarde e através do medo e falta de alto estima ele se tornara um ótimo animalzinho sob seu comando, mas nunca alguém que pudesse ajudar a definir os rumos que deveriam tomar.

Khon era o mais complicado deles, nunca havia gostado desse tipo de gente. Ele era um animal, absurdamente útil em uma luta, mas sua sede e necessidade de exibir o que chamava de masculinidade eram um grande incomodo e lhe davam nojo e um alto grau de aversão, mas precisava dele e tinha que deixar que tivesse a oportunidade de descarregar seus hormônios durante as viagens. Ignorar tudo o que fazia no quarto era uma tortura e muitas vezes a fez chorar e alguma até mesmo decidiu acabar com aquela coisa com as próprias mãos, mas chamada pela razão e pelos músculos dele, mudou constantemente de idéia e aprendeu a conviver temporariamente com aquilo e tomava bastante cuidado para não ser mordida.

Os outros não eram importantes, faziam tudo o que mandavam sem questionar e não tinham maiores inspiração que cumprir seus desejos e lutar, eram vazios. A utilidade daqueles homens no combate era inegável, mas fora, eles traziam problemas demais e era ela quem tinha que decidir tudo. O peso da responsabilidade sobre seus ombros tornou-se absurdamente grande agora e fazer as coisas funcionarem estava difícil. Na noite anterior, vira se prenunciar uma batalha que acabaria com metade da sua força de combate. Uma luta interna seria o fim. Por sorte, ela ficou só no anuncio e dois socos resolveram o conflito, pelo menos por hora...

Encontrar outro trabalho era prioridade para ela, só assim para mantê-los ocupados e longe de confusão. Ela já tinha juntado bastante dinheiro, lhe faltava renome, força e armas místicas para voltar para sua terra e fazer o que precisava fazer.

Ela era mulher e sentia necessidade de estar com alguém, necessidade ter o carinho de alguém, de compartilhar sua cama, mas isso logo a deixava com raiva, muita raiva! Não tinha ninguém! Ela estava sozinha, sempre esteve e sempre estaria sozinha. Ser forte era preciso e isso significava ser dura, não se entregar a ninguém.

Estava tão difícil nessa manhã...

Estalou os dedos das mãos, deixou a cama e vestiu o resto de suas roupas. Estava na cidade e poderia desfilar sem a armadura um pouco, sentir-se desejada sempre lhe deixava bem, mesmo que por pouco tempo. Depois de encontrar com os outros, bastaria pegar sua mochila e seguir em frente. Estava pronta para mais um passo rumo a sua recompensa final e os sacrifícios logo seriam recompensados.

Com um sorriso nos lábios, tentando afastar as últimas lágrimas, deixou seu quarto.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [5ª Face]

Mensagempor Arnok em 26 Abr 2011, 20:33

5ª Face: Justiça.

Arrastou-se para fora do lugar onde estivera escondida e rumou para o meio do seu lar, lugar onde vira a cena bárbara que havia acabado algumas horas antes. Todo seu corpo tremia e vacilava quando começou a se mover. Usando a pouca força de vontade que restava chegou onde estavam os restos do que uma hora antes era sua mãe. O sangue espalhado por todo local ainda estava um pouco quente e exalava seu perfume por todo o local, mas já não incomodava a criança que havia se acostumado com ele.

Lembrou-se da ordem de se esconder quando a mãe percebeu que algum ruim iria acontecer. Lembrou-se de sua mãe lutando sozinha contra aqueles monstros. Nunca se esqueceria daquelas criaturas, daquelas bestas violentas e cruéis que golpearam sua mãe covardemente. Ela até tentara lutar contra eles, mas sentia que não havia uma chance real de vitória, apenas esperança de sobreviver por um capricho de destino, que não aconteceu...

Novos ataques se seguiram até que ela não foi mais capaz de reagir e caiu quase indefesa, mas mesmo assim ainda tentava reunir suas forças e lutar. Tudo resultou em uma nova onde de sofrimentos... A criança não seria capaz de esquecer nenhum momento daquela cena bizarra que fora obrigada a assistir e sentia que se a vissem, teria talvez um destino pior.

Esperou que eles acabassem de fazer tudo o que quisessem, pegar tudo que desejassem, todas as coisas que a mãe juntara sua vida toda foram levadas ou destruídas e por fim, quando estavam satisfeitos simplesmente deixaram o lugar.

Sua alma estava rasgada pelo que sua mãe havia passado. Sentia a injustiça, sentia uma fúria tremenda crescendo e sentia que aquilo só se aplacaria com o sangue e os gritos daquelas bestas imundas ou quando a consumisse completamente.

No fundo, sabia que não seria capaz de fazer nada e isso era absurdamente angustiante. Precisava de justiça! Precisava encontrar seu pai! Se seu pai tivesse ali, nada teriam feito. Seu pai era um dos maiores, como sua mãe gostava de falar, mas por ser tão grande não estava mais ali. Ele estava com os grandes, com os realmente grandes...

Tomou uma decisão, iria encontrar seu pai e os outros e clamaria por justiça.

Esticou o corpo e com um salto fez suas asas se moverem, alçando vôo. Lembrava-se do que sua mãe contara sobre os dragões muito antigos, aqueles que ficaram grandes demais para esse mundo. Lembrava-se que eles deixavam-no e seguiam para a grande montanha, onde esperam que as eras passem. Sabia que nenhum deles sabia o que estava acontecendo, o que havia acontecido com sua mãe, mas quando soubessem... Quando soubessem...

Voou, seguindo seu coração, como sua mãe lhe ensinara, na certeza de que chegaria ao seu destino e o pedido seria atendido.
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Re: Faces da Morte do Dragão. [5ª Face]

Mensagempor Iuri em 26 Abr 2011, 21:24

A criança não seria capaz de esquecer nenhum momento daquela cena bizarra que fora obrigada a assistir

Acho que bizarra foi uma péssima escolha de palavra para esta frase...

Só para dizer que estou acompanhando, na verdade.
CURSE YOUR SUDDEN BUT INEVITABLE BETRAYAL!!!

-- Máfia Firefly. Aqui na Spell, daqui a alguns meses! (dá tempo de rever os episódios!)
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Re: Faces da Morte do Dragão. [5ª Face]

Mensagempor Lady Draconnasti em 27 Abr 2011, 11:24

E a história parece tomar um rumo que eu não estava esperando.

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Isso é bom =D
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Re: Faces da Morte do Dragão. [6ª Face]

Mensagempor Arnok em 16 Mai 2011, 23:48

6ª Face: Reunião.

Uma mulher com um metro e setenta e cinco, cabelos negros que chegavam perto da cintura e o corpo bem torneado exibido pela roupa que escolhera atravessou a porta da taverna, a luz em um primeiro momento permitiu que vissem apenas sua silhueta. Ela que caminhou elegantemente até uma mesa, dois homens a seguiam silenciosamente, mantendo alguma distância e vestiam armaduras e seus rostos eram bastante comuns. Teriam entrado despercebidos não fosse por ela, caso não fossem para a mesma mesa.

Outros homens, sentados na outra mesa, olhavam-na cheios de desejo, ignorando a cicatriz que trazia no lado esquerdo do rosto, uma mistura de corte com queimadura que de modo algum a tornava menos atraente ou desejável, apenas adornava seu rosto. Em geral, homens assim não se intimidam pelo fato dela levar uma espada, e esse não eram diferentes. Uma bela mulher armada era ainda mais atraente e eles lhe teriam causado algum tipo de problema ou, no mínimo algum comentário caso não soubessem ser ela Saria Benthourt, corajosa e realizadora de grandes feitos, companheira de Khon, o Destruidor.

Eles contemplavam-na tranquilamente, imaginando as partes do seu corpo que permaneciam cobertas ou os sons que ela faria quando a vista ficou escura. Alguma coisa gigantesca ocultou-lhes a vista, mas depois da surpresa inicial, perceberam tratar-se de apenas um homem. Eles eram fortes, mas os braços daquele que estava a sua frente era absurdos e pareciam ser feito de aço. Um deles tinha marca de queimaduras e inúmeras cicatrizes marcavam o corpo imenso.

- Vocês perderam alguma coisa? Sua voz baixa foi quase um soco naqueles dois, porque quando deixaram de olhar os músculos e olharam o rosto perceberam que um dos olhos era completamente branco, faltava uma orelha e um colar de dentes adornava o pescoço, troféus, suspeitaram. Entenderam, ao olhar para aquele único olho bom, que estavam diante de uma besta terrível que consumiria qualquer um no seu caminho e rezaram silenciosamente para que Khon apenas passasse.

Satisfeito com o pavor nos olhos deles, seguiu para sua mesa, não sem antes esbarrar “acidentalmente” na deles fazendo com que a bebida e a comida caíssem sobre eles. Parou para ouvir a reclamação, mas nenhum deles falou nada. Ficou um pouco decepcionado, queria sujar seu machado, mas teria problemas se fizesse isso sem motivos então seguiu em frente trombando em uma moça que servia as mesas, ela foi atirada ao chão espalhando o que carregava e sujando-se. Ele sorriu com o canto da boca, chamando-a de desastrada, no que recebeu muitos pedidos de desculpas regados por lágrimas da jovem aos seus pés. Entediou-se e chutou-a para o lado, abrindo caminha até a sua mesa enquanto ela limpava o sangue do lado da boca.

Ao sentar-se notou a figura imponente e impecável de Wilhan, exibindo seus adornos de ouro e suas belas e caras vestes. Sua fisionomia séria e ao mesmo tempo bondosa indicava que ele estava em um nível de paz e de entendimento muito elevados. Ao seu lado, também com belas e ornamentadas vestes, estava o belo Seltor, que bocejou ao notar que o lugar estava quase vazio e caminhou descuidadamente até a mesa.

Quando estavam reunidos, começaram a conversar, discutindo qual deveria ser o melhor destino a tomar e evitando, de comum acordo, falar sobre o companheiro que haviam padecido na última empreitada. Eles estavam indecisos sobre que rumo deveriam tomar, quando três novas figuras entraram na taverna. Não se importariam com eles não tivessem visto o emblema real com um deles e um brasão do forte de Whelintergnton.

Os homens com aparência cansada e as vestes sujas de poeira, eram corpulentos e o menor deles caminhou diretamente até a mesa onde eles haviam se sentado, como se tivesse grande urgência falou:

- Sou Sir Whilian Carreguer de Olverter, Servo da Sua majestade e terceiro em comando no forte de Sua majestade em Whelintergnton e venho vos falar em nome de Sua majestade. Sem esperar que as pessoas a sua frente falassem coisa alguma, continuou. Sua majestade deseja que vocês rumem para o forte de Whelintergnton e lá permaneçam para enfrentar um mal que há muito não caminha sob esse céu. Fomos alertados pelo sábio Samilio Elian, adivinho de sua majestade, que o Devorador de Reinos, cujas lendas remontam a mais de mil anos, despertará e que, apenas com a ajuda de tão renomados heróis teremos alguma chance de detê-lo antes que ele consuma todo nosso reino. Devo dizer também que cada um de vocês será recompensado com tanto ouro e jóias quanto for capaz de carregar caso realmente consigam derrubar tão terrível criatura e que caso recusem o desejo de sua majestade, incorreram em falta grave, portanto espero que estejam prontos para partirmos ainda nessa manhã...
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