Bom, um dia desses fiquei sem dormir, e entre inúmeras quase-alucinações que tive, me veio a idéia esse texto. Então, decidi concretizá-lo, e está aí.
O mundo dos que não dormem
Não sei se alguma noite você ficou sem dormir, mas se sim, certamente conseguirá entender, ao menos em parte, o mundo dos que não dormem. Nesse mundo, as pessoas vêem, porém nada lhes retém, e também elas não são retidas por qualquer coisa. É um estranho mundo sem sonhos, uma vez que não se dorme, e por não ter sonhos, essas pessoas nada desejam. Por mais que se queira, a vida no mundo dos que não dormem é feito de um repleto vazio, o qual nunca se preenche com nada. A esperança, aquela que mantêm a vida nos corações, não se encontra nesse mundo, pois o que é a esperança senão a crença de um amanhã melhor, amanhã esse que nunca vêm. Nem as manhãs ensolaradas ou as paixões repentinas conseguem quebrar essa letargia que atingem aos que não dormem. Como conseqüência, são pessoas sérias, sensatas, contidas, conformadas e até um pouco mortas. Em seus trabalhos, em suas casas, em suas rotinas, essas pessoas são como sombras na intensa noite que é a existência. Assim é o mundo dos que não dormem: um mundo sem sentimento, sem essência, sem cor, e apenas a lucidez, a crua lucidez, é o preenchimento de um mundo oco do verdadeiro ser.