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IV - Conflitos: Ao Vivo e a Cores
Nossos intrépidos vilões, Fapra-sem, e Lady Dreconnesti, atravessavam os campos do Reino das Sombras em uma velocidade surpreendente, mas pararam em um certo ponto já quase na fronteira do reino. Encontravam-se um tanto quanto... Perdidos.
- Temos de ir para o norte. – Dizia Dreconnesti.
- Não, devemos ir para o leste! – Teimava fapra-sem. Ele olhou e re-olhou o mapa. – Mas também, esse mapa que Lorde Oitoh nos entregou é horrível!
- Isso não é desculpa! – Dreconnesti sibilou aborrecida. – Você é um homem, e homens deveriam saber seguir direções com precisão!
- Sou apenas um garoto de 13 anos! – Fapra se defendeu, invocado. Ele olhou em volta pensativo, e então encarou a Lady. – Quantos anos você tem? Tem namorado?
Dreconnesti o ignorou. Uma voz desconhecida cortou o ar.
- Precisam de ajuda?
- Quem é você? – Fapra-sem perguntou.
- Sou Íma, mais conhecido como RPGnafaixa. – Era um rapaz de altura mediana, cabelos encaracolados, e estranhas roupas de metaleiro. – Eu possuo um grande arsenal de mapas, fichas, cenários, livros e aventuras, e posso ajudá-los. Onde querem ir?
- Para a torre de gelo do mago traeHdloC. – Dreconnesti respondeu.
- Sim, é um caminho perigoso. Vocês terão de passar pelos dominós da PTB.
- PTB? – Fapra-sem e a donzela perguntaram juntos.
- Potências Televisivas Brasileiras. – RPGnafaixa respondeu. – É um lugar horrível, onde eles te prendem com apresentadores horríveis e programações piores ainda. Fritam seus cérebros como batata em óleo fervente com seus programas de massa, e seu poder é quase infinito. Têm uma fome gigantesca por algo chamado Audiência, uma coisa baseada no número de espectadores de cada programa.
- Não temos nada a temer! – Dreconnesti respondeu convencida. – Vamos alcançar a torre de traeHdloC de qualquer jeito.
- Nesse caso, vamos andando. – RPGnafaixa respondeu.
Os domínios da PTB eram coloridos, cheios de imagens de lugares, acontecimentos e notícias da última hora. Havia platéias recheadas de pessoas em alguns programas, e nossos vilões já estavam quase no fim, passando imperceptíveis por trás dos estúdios, quando o pobre Fapra-sem, acabou se distraindo e atravessou um palco.
Um homem gorducho surgiu por trás de uma coxia, passando o braço pelos ombros do garoto. Uma musiquinha de fundo animada começou a tocar, e o público aplaudiu.
- Aow Brasil! Sejam bem vindos ao Sabadão do Fustão! Hoje eu converso com?
Fapra-sem, pego de surpresa, lançou um sorriso sem graça e improvisado para a câmera.
- Er... Fapra-sem, braço direito do Lorde...
- Pôra meu! – Que coisa, hein? – E que sucesso! Fala para o Brasil sobre os sucessos de sua vida!
- Na verdade, eu...
- Ô loco, hein, meu! – Fusto exclamou surpreso. – Todo o Brasil sabe que você é um cara que é um exemplo, tanto na horizontal quanto na vertical. O que você tem a dizer sobre esses boatos do RPG ser satânico?
- Bem, vejamos eu...
- Com certeza meu! Realmente nada a ver! Você está fazendo muito sucesso com as meninas?
E as perguntas de Fusto continuavam a vir.
- Mas isso é tortura demais! – Dreconnesti disse tapando os ouvidos. – Esse mala-sem-alça-molhada-com-pedras-dentro nem o deixa responder as perguntas! Alguém tem de tirar o Fapra de lá!
- Sim, e esse apresentador irá tomar toda a nossa tarde se deixarmos! – RPGnafaixa exclamou. Ele pensou por algum tempo, e disse animado: - Eu tenho um plano! Se nos concentrarmos, poderemos abrir um portal para uma PTB rival!
- Sim, claro! – Dreconnesti concordou.
Então os dois pensaram com força em seu objetivo. Uma luz roxa surgiu no centro do palco e uma voz cheia de eco anunciou:
“Subindo, subindo, subindo... Lesgal! Com ele, Dudu Liberado!”
Um homem loiro, de olhos azuis e estatura mediana, saiu do portal sob uma chuva de aplausos, dizendo:
- Olá, olá, olá, amigos e amigas, senhoras e senhores, crianças e crionços de todo o Brasil! Hoje temos muitos convidados e muitas brincadeiras! Temos o Táxi do Dudu, a Banheira do Dudu, o Pintinho Azulzinho do Dudu...
- Que isso meu? – Fusto perguntou irado. – O que você está fazendo aqui?
- Deu certo! – RPGnafaixa exclamou animado. – Agora vamos aproveitar e dar no pé!
Fapra-sem aproveitou a oportunidade para ir correndo até seus amigos e fugir. Os dois apresentadores começaram a discutir, e depois a brigar violentamente, enquanto os heróis atingiam a maçaneta de saída do estúdio.
De repente, tudo tomou uma forma estranha. Tudo havia virado massa de modelar, e uma música POP (Puta**a Organizada sob Pretexto) começou a tocar. Dois apresentadores de massinha, um alto e com pinta de garotão, e outro baixinho e bigodudo surgiram, dizendo:
- Welcome to Celebrity Deathmacht! Tonight, we have a historical fighting! Dudu Liberado versus Fusto Bilba!
Pequenas letras amarelas surgiram abaixo, onde se lia:
*Bem vindos ao Celebrity Deathmacht! Hoje à noite temos uma luta histórica! Dudu Liberado contra Fusto Bilba!*
E a galera foi ao delírio.
- Essa não! – RPGnafaixa exclamou.
- O que foi? – Fapra-sem perguntou. – O que está acontecendo?
- As ondas Ibopeanas se espalharam pelo portal, chamando a atenção das PTI, as Potências Televisivas Internacionais! Agora estamos sob influência de POPTV!
- Droga! – Dreconnesti urrou de raiva. – E eu que sempre odiei esse programa!
No alto, Cavalgando Nos Ventos Nórdicos Distantes, o quarteto fantástico percebeu a bagunça que acontecia lá embaixo, nos dominós das PTB. Não demorou para que eles vissem os vilões.
- Lá estão eles! – Córtex exclamou animado. – Segurem-se homens! Vamos à luta!
Os vilões já abriam a porta para ir embora quando escutaram um grito ensurdecedor.
- Vallalha!
No momento em que o machado de Córtex ia atingir a cabeça de Fapra, tudo congelou por alguns segundos. As coisa voltaram a ser reais, e em uma explosão de luzes e fumaça, uma voz ecoou.
- Here comes the pain!
*Aí vem a dor!*
O machado de Córtex acertou em cheio a cabeça de Fapra-sem, que caiu pesadamente no chão do ringue.
- Amazing! – Just in WWE! Remember, this is entertainment, but do not try this at home!
*Maravilhoso! Apenas na WWE! Lembre-se, isso é divertimento, mas não tente isso em casa!*
RPGnafaixa apanhou um livro de RPG e acertou-o na cabeça do Viking. A multidão gritou animada, enquanto CaVolcando lançou-se sobre Dreconnesti, que socorria Fapra-sem. O garoto não sentia dor, estava apenas tonto. Mais tarde os participantes daquela luta descobririam que nada ali era realmente de verdade.
CaVolcano caiu sobre Dreconnesti, e os dois ficaram com o rosto colado.
- Que isso?! – Ela perguntou se debatendo.
- But, What is that?
*Mas, o que é aquilo?*
Cavolcano sentiu seu corpo flutuar. Ele ficou cara a cara com um sujeito de dois metros, que tinha um olhar assassino.
- Fofinho... – Dreconnesti suspirou com os olhos brilhando.
- Peraí, perái! – CaVolcano disse um tanto quanto desesperado. – Chamar namorado não va...
O soco de Fofinho lançou CaVolcano para o outro lado do ringue, embora o golpe não tivesse causado dor. O juiz fez um movimento frenético com as mãos, expulsando o invasor-cavaleiro-salvador-de-donzelas-que-Eram-O-Que-Eram.
Enquanto isso, Fapra-sem gingava na frente de Clarinetplr dizendo:
- Há, há, há! Sua música nada pode contra mim!
Clarinetplr então assoprou seu instrumento com uma força surpreendente criando um som agudo tão forte que quase ensurdeceu o vilão. Enquanto ele tampava os ouvidos, Clarinetplr lhe desferiu uma clarinetada na cabeça e Fapra-sem quase desmaiou.
Joey Koé que estava empoleirado nas cordas pulou sobre Fapra-sem, que levantava.
- Here comes the Pain!
E Fapra-sem foi ao chão novamente! Clarinetplr e o filósofo Joey bateram as mãos em comemoração quando Dreconnesti quebrou uma cadeira na cabeça do bardo.
- Fui. – Foi o que ele disse antes de cair, com os olhos vesgos e uma careta.
- Valhalla! – Córtex arremessou RPGnafaixa para fora do ringue. Ele virou-se para Lady, que recuou.
CaVolcano veio correndo. Clarinetplr levantava, e Joey preparava o ataque. Dreconnesti se sentiu sozinha e absolutamente perdida quando tudo, de repente, passou a piscar. As vozes desapareceram, as imagens passaram a ser rodeadas de chuviscos e desapareceram em um flash de luz.
Um pássaro cortou o céu à distância. Eles estavam novamente em campos vazios e selvagens. Olharam em volta, sem entender o que havia acontecido.
No alto de uma elevação, uma figura sombria apareceu, segurando em uma das mãos o que parecia ser o fio de uma tomada. Na outra, tinha um cajado preto e retorcido, onde na ponta havia um grande ônix.
- Lorde Oitoh! – Fapra-sem disse animado.
Nuvens negras surgiram no horizonte às costas do Lorde Sombrio, anunciando a tempestade que viria.