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Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 15 Mai 2010, 22:07
por Irish Carbon
Eu só comentei que estava ouvindo ela, Madruga, e que ela me deu vontade de escrever.

Guarde seus flames para si, cover do Leonardo. XD

PS: E eu ainda nem entrei no mérito de que Portnoy é um dos melhores bateristas da atualidade!

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 16 Mai 2010, 19:43
por Lanzi
Alguém topa usar Somnium, do Robert Rich?

http://en.wikipedia.org/wiki/Somnium_(album)

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 17 Mai 2010, 08:21
por Mai
Porra, aí não tem nem graça, Lanzi. xD

Só vale se escrever uma odisséia.

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 17 Mai 2010, 10:22
por Madrüga
Spark, largue de ser adolescentezinho do metal. E gente, vamos ESCREVER alguma coisa ao invés de ficar nessa masturbação de que música é maior?

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 17 Mai 2010, 21:49
por Léderon
É, vamos. :b

Os três primeiros eu fiz sem planejamento ou ideia alguma do que ia escrever.
Pros três últimos, as músicas sempre me fizeram pensar nos temas sobre os quais escrevi. São de RPG, mesmo. O primeiro é do meu cenário, o segundo é de Terras Sagradas, e o terceiro é de Changeling: the Lost.


O segundo ficou especialmente lédico. XD


Daemonia Nymphe – Nocturnal Hecate [3:19]

Reuniram-se na calada da noite, sob a luz da lua cheia. As duas estradas se cruzavam próximas a uma grande cachoeira, e o som da água ribombando sob as estrelas acalmava, com espanto e imponência. As três estavam usando mantos brancos, que refletiam a luz lunar como fantasmas em meio à terra abandonada.

Cantavam.

Deram as mãos, e deixaram as túnicas caírem; o orvalho tomou seus corpos, e a brisa fria as abraçava conforme começavam a dançar; os pássaros da noite as fitavam dos galhos altos, e muitos olhos de raposas refletiam seu brilho distante.

Ela estava chegando.

Abraçaram-se.


Lupercalia – Formismelarasanctusfilix [10:39]

A praia havia se tornado um mar de lama; as linhas do tempo distorciam-se, fazendo os viajantes ficarem confusos. O futuro ali era mesclado, tramado e retorcido junto do passado, fazendo a urdidura-mãe ficar como um novelo.

- Não era assim no meu tempo – disse a mulher.

- O problema é que não devia ser assim em nenhum tempo, Kali – concluiu Nasim. Ele deu de ombros. – E nem dá pra gente voltar.

- É uma bosta, cara.

Sim, era uma bosta, ele concordava.

Andaram até sair da praia-mar-de-lama, passando por planícies-cidades-árvores-trinárias. As percepções ainda confundiam-se. Ora sentiam cheiro de coisas ásperas, ora ouviam o barulho terrível do vermelho do horizonte, com o sol que se punha lentamente – ao menos isso era um sinal de passagem do tempo.

- Tá, não dá mais. – Kali sentou-se de repente, num tronco de árvore. – Cansei, sério.

- E vamos fazer o quê? Nem comida temos mais.

- Perguntar pr’aquela doida cantando.

Há pelo menos duas horas (pelo menos achavam isso) havia uma mulher estranha descabelada, seguindo ambos. Ela resmungava coisas num soprano azulado e mucoso.

- Ei, velha – chamou Nasim.

- MELARA! – vermelhidou e azulesceu a mulher. Ela parara de cantar e cochichar, e passou a dizer coisas estranhas. Parecia latim.

Então outras vozes a acompanharam.

A floresta-parque-céu-transbordando falava.

Não restava nada mais a fazer senão dançar, já que uma música animada começara. O mundo enlouquecera, as folhas revoavam em bandos migratórios, e Kali e Nasif resolveram se entregar à falta de sentidos que experimentavam.

Viajar no tempo tinha sido a pior ideia que os dois haviam tido.

Depois de se casar.

Morreram felizes para sempre.


Les Fragments de La Nuit – Entre Ciel et Fer [2:42]

O céu caiu. Despedaçava-se no horizonte, recarcomia-se pelas bordas, desfibrilava-se nas intempéries que se formavam por todos os lados. Nuvens de todas as cores rasgavam-se em milhares de outras, enquanto as aves brancas voavam incólumes no meio do fim do mundo.

Desviavam de prédios, casas, precipícios, estátuas, obras de arte e milhares de pessoas que voavam pelos ares, no turbilhão doentio que o fim dos tempos formara.

As aves brancas dividiram-se em borboletas e mosquitos, cada um tomou seu rumo e devoraram-se uns aos outros, no fim das coisas. O criador observava as suas crianças digladiando-se, e sorria acima das nuvens.

Enfim, acabara.


L’Effet C’Est Moi – Les Passions Des Chevaliers Errants [3:27]

Após os dois meses de cerco a Beriloshir, as tropas vindas de Samari e Muhânon finalmente puseram-se a marchar pelos campos cheios de corvos e cadáveres. Mais uma batalha estava prestes a acontecer, e as aves gritavam.

O estandarte azul e laranja trazia o sol de Amirtan, desafiando as muralhas impenetráveis da capital de Bados. Os soldados xingavam, muitos deles bêbados e mais corajosos diante do perigo de morte que corriam. As torres de cerco giravam lentamente.

O fim se aproximava, e desde a passagem da Grande Besta o povo não sentia a terra tremer daquela maneira.

Uma flecha voou, solitária, flamejante e precisa, em direção ao portão. O destino do mundo estava sendo decidido. E acabaria ali.


Ulytau – Jumyr-Kylysh [5:04]

As cortinas do bordel balançavam, sozinhas. Não havia mais ninguém respirando ali. Kayaz matara todas as vagabundas, seus filhos e a cafetina. Não havia espaço para aquelas pessoas em Audrara. Elas sabiam, desde sempre. O Arhat não tolerava prostituição, e a Casa das Flores vivia escondida, até que ele descobrira por fim onde ficava.

Não havia remorso, ainda que as crianças chorassem. Eram crias da podridão, não podiam viver mais, pois suas almas já nasceram maculadas com o desequilíbrio, com o caos das coisas mundanas.

Kayaz olhou mais uma vez para o sangue espalhado pelas paredes, ali, sentado na janela. Só a lua crescente e os grandes aneis foram testemunhas de seu feito. As estrelas brilhavam, como se aprovassem o ato sagrado.

Desceu pelo parapeito, pulando pelos telhados da capital. Ninguém ouvia seus passos, nem sabiam de sua passagem, pois ele era o Invisível.
Ele era a lâmina do Arhat, e ninguém ficava em seu caminho.


Miranda Sex Garden – A Fairytale About Slavery [8:48]

A escada era longa, em espiral. Os degraus tinham musgo e umidade de eras passadas, e o cheiro de sangue seco e morte impregnava o maldito fosso. As paredes, de tijolos riscados e arranhados, estavam todas recobertas de desenhos e frases que amaldiçoavam os donos daquele lugar. A cada lance da longa escada espiralada, jazia um esqueleto acorrentado. Todos eles eram de mulheres, todas elas eram felizes, e toda sua felicidade se esvaiu assim que a porta fechara-se pela primeira vez.

Ninguém sabia quantas correntes haviam lá, nem até onde ia a profundidade daquele fosso. Um único fiapo de luz descia, reto e doloroso, do topo até onde Deus (ali esquecido) sabe onde.

Há semanas a mulher que vemos ali, sentada, não ouve mais ninguém. Os cabelos pretos, desgrenhados e sujos com seus próprios excrementos, cobrem a face que carrega olheiras e cicatrizes, marcas de sabe-se lá quantos meses ali ela fora trancada. Não sabia mais seu nome, não sabia de onde vinha nem como fora parar ali.

Olhe, ela ainda respira. Às vezes ela se deita e fica olhando para cima, para o céu, como se a porta do fosso não existisse. Nessas horas ela sorri, não por lembrar-se de como era o céu, mas porque alguma coisa dentro de si a faz achar graça em tudo. Ou em nada. Não existe mais vida lá embaixo, e toda a esperança se esvaiu.

Só restava o desespero e a fome, a tristeza e a solidão.

Espere.

Alguém abriu a porta. E está descendo. Foi até ela e a abraçou. Até que ela fechou os olhos.

Sorrindo. E morreu.

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 19 Mai 2010, 11:11
por Mai
De tanto o Led me encher, escrevi mais um. :3

-=-=-=-

Ela chegou em casa a passos silenciosos. Sempre era assim: entrava, sem dizer uma única palavra, e ninguém notava sua existência. Seus pais, seus irmãos... pra eles, era um fantasma, que apenas transitava naqueles corredores, ocasionalmente comentando coisas triviais, e só.

Trancou a porta do quarto por dentro, jogando a mochila num canto. Arrancou o casaco, e a blusa, revelando um corpo juvenil, marcado por alguns hematomas e cortes. Não aguentava mais. Não aquilo. Não aquela vida, aqueles... "amigos".

Era hora de acabar com isso.

A lâmina estava ali, ao alcance da mão.

Tomou-a entre os dedos finos e trêmulos.

Cortou.

Evanescence - Tourniquet [4:38]

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 26 Mai 2010, 09:41
por Lumine Miyavi
Oh lol, saiu algo random.

Polaris - Summerbaby [03:24] / Album: "Music From The Adventures of Pete and Pete"




O homem ajustou seus óculos escuros e girou o guidão-acelerador da moto. Uma nuvem de poeira levantou-se, enquanto as saias das colegiais que cruzaram seu caminho levantam, antes de parar no semáforo.

Um sorriso de canto de boca é percebido através do seu capacete, para desgosto das senhoras conservadoras do outro lado da rua. Com um gesto obsceno, ele dispara deixando marcas de pneu no chão e um estridente som, além do cheiro de borracha queimada numa arrancada súbita.

Parando em frente a uma pet shop, o homem desce de sua moto e puxa a pequena jaula da garupa de sua moto. Seus piercings, zíperes e alfinetes tintilam e provavelmente o impediriam de entrar num local com detector de metais, mas não era o caso daquela loja.

O dono, um senhor de meia idade rechonchudo já sabia pra que ele estava ali.

- Aqui está sua encomenda. - o homem deixou um punhado de notas amassadas e pegou seu pacote com uma agressividade natural pra sua aparência. Com uma rasgada rápida, o embrulho de papelão está no chão, e meio quilo especial de iguana é depositada na jaula, ainda selada no saco plástico.

- Mamãe vai amar a surpresa! - ele monta novamente na garupa e parte.

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 26 Mai 2010, 11:10
por Lady Draconnasti
Phil, isso foi tão fofo XD

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 14 Jun 2010, 07:33
por Léderon
Insanamente fofo. XD

O que me lembra que preciso voltar a escrever. ~

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 14 Jun 2010, 09:24
por Kear
Dead topic is ressurrected.

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 15 Jun 2010, 23:32
por Myako Lumine
Journey – Don’t Stop Believin [4:13]

A noite caiu rapidamente, invadindo o quarto pelas enormes janelas que viviam abertas, abandonadas, escancaradas para quem quisesse invadi-las. Vivia só naquela imensidão de paredes que se dobravam e cercavam a si próprias, formando um imenso labirinto.

Nunca saíra do quarto. E observava todas as noites, com medo, a porta e as janelas. Deveria sair? Deveria se arriscar a encontrar o que mais temia?

Sentou-se na cama empoeirada, pensando. Ponderava as opções, tremendo, sem saber se deveria ouvir um instinto que acabara de despertar em seu tão vazio peito. Não era um poço de felicidade, tampouco de satisfação, e de fato jamais tivera alguém, ou algo, para guiar-lhe no meio dos momentos mais difíceis.

Nunca saíra do lugar. Era sempre, dia e noite, o mesmo quarto empoeirado que observava, há anos. Valeria a pena se aventurar? Valeria a pena arriscar não ter um amanhã?

O dia de hoje parecia tão ruim que preferia que não tivesse amanhã.

Suspirou. Um rangido típico, cansado, de quem há anos não recebe cuidado, e se forçou nas dobradiças para trancar o quarto.

Aquele era seu segredo.

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 16 Jun 2010, 00:57
por Noara Fox
Rod Stewart - Have You Ever Seen The Rain [3:13]

Atrás de seus óculos escuros eu enxergava um herói.
Seu boné preto de malandro, sua jaqueta de couro preta.
Imagens que o tempo não apagará.
Mas o tempo apagou sua face, não posso mais te ver.
Apenas nos meus sonhos posso te encontrar.

E enquanto a chuva lá fora caia, você cantava sua musica favorita.
Sua banda, sua guitarra, sua bateria, itens deixados como herança.
Sua garrafa de cerveja, seu maço de cigarro e seu perfume KAIAK.
Eu sempre lembrarei quando a chuva cair.

E o som ecoa em meus ouvidos. E a lembrança do bar, do clube.
A vida era divertida, mas toda diversão tem um fim. E o seu fim chegou.
A musica parou e o último perfume que exilava de você era de uma coroa de crisântemos.

Apesar do sofrimento guardo comigo tais palavras:
“Para uma mente bem estruturada a morte é apenas a aventura seguinte.”
E assim nos reencontraremos, um dia, talvez, em algum lugar.

Te Amo Eternamente... Pai ♥

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 16 Jun 2010, 12:25
por Lina
Que triste, Noara... mas bonito, bonito.

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 16 Jun 2010, 17:05
por Noara Fox
Ahhh valeu Lina! *-* =D

;*

Desafio - Musicontos

MensagemEnviado: 26 Jun 2010, 11:55
por Blackbird
Camel - Another Night (6:58)

“Preparem seus carros”. Não sussurrava porque ninguém precisava sussurrar. Era madrugada, era o lado perdido de uma cidade que não conhecia o Sol, mas ninguém precisava sussurrar. O mundo estava prestes a explodir e todos sabiam disso.

Tampouco gritavam.

“Preparem seus carros”, a voz se repetiu na minha cabeça. O cheiro do estofado velho do meu possante não me dava dúvida nenhuma de que tudo estava nos conformes – bastou que eu girasse a chave e desse a ignição que o cheiro seguinte – o combustível queimado – declararia uma preparação completa, total.
“Nascemos preparados”, eu disse, e meu Diablo rugiu.

Sabe por que da palavra “ignição”? Porque meu Diablo começa a queimar. Só por isso.

O gordo barbudo de boné velho do Chicago Bulls ergueu o revólver. Antes que ele queimasse a pólvora o meu e o carro ao meu lado patinavam em seus lugares, numa quase-saída desesperadora. Disparo. A pólvora explodiu, a o festim foi para o diabo, meu Diablo saiu mais direto do que nunca queimando a borracha contra o asfalto para nunca mais voltar. Era rastro de fogo e não de petróleo industrializado que deixávamos, e quando a fumaça chamuscada subia ninguém sabia distinguir asfalto, carro e poeira.

Diablo era um só com a via e o asfalto era um rio onde corríamos para nunca mais voltar.


Editado: só atualizei o link, só.