Crônicas da Lusitânia
Enviado: 15 Dez 2009, 04:17
Bem, essa é a minha primeira participação de produtividade aqui no fórum. Estou no computador do trabalho, procurando alguma coisa pra fazer enquanto minha rotina noturna não se encerra. Acho que escrever é o melhor remédio nesse momento.
O texto abaixo é um conto medieval sem muitas pretensões, estou escrevendo-o a medida que as idéias vão chegando a mente. Espero que seja digno de comentários, o pessoal que escreve aqui costuma mandar muito bem.
O Corvo...
Um cavaleiro de meia idade cavalga solitário sob a cinza luz do sol no início da manhã. O clima frio e pálido é pouco acolhedor e o cansaço da longa viagem começa a abatê-lo. Ele ainda vigora sobre sua montaria, um puro sangue lusitano de pelagem clara que escurece a medida que se aproxima das patas, mas sabe que terá que parar em algum momento. Este cavaleiro, chamado Viriato, recebera este nome em honra ao grande herói lusitano que enfrentara os romanos em anos passados. Mesmo tendo um forte nome, suas ambições eram outras. Ele fora convocado para o exército romano ainda jovem e lá moldou sua personalidade diferente do que havia sonhado seus pais.
Diante dele a trilha deixada pela cavalaria romana, que partiu da cidade de Balsa em direção às regiões centrais da província Lusitânia, em meio ao descampado verdejante, davam a direção a que devia seguir. Ele havia ficado para trás de seu destacamento enquanto se satisfazia com a pele lisa e macia de uma jovem lusitana em uma aldeia onde pararam para reabastecer com água e mantimentos horas antes. Agora ele corre para se unir aos homens novamente, antes que alcançassem seu destino.
Em meio à cavalgada seus pensamentos vagavam no ódio induzido que ele sentia daquela terra. Seus maiores sonhos eram viver em Roma e ter uma bela mulher, que lhe gerasse filhos campeões, para honrar o imperador.
Interrompendo seu transe momentâneo, um forte cheiro de fumaça foi sentido tanto por ele quanto por seu cavalo, que começava a ofegar. Mais adiante um pouco ele vê, ao longe, a fumaça de uma aldeia ainda em chamas e logo soube que se tratava de um ataque realizado por sua cavalaria. -- "Malditos sejam, perdi este ataque!" - pensava ele com cólera no peito.
A trilha que seguia até a aldeia possuía corpos mutilados e queimados largados ao chão, onde alguns, ainda vivos, gemiam e gritavam de dor. Nada ele podia fazer a não ser seguir seu caminho.
Vindo de encontro a ele, uma mulher caminhava lentamente. Ela estava ferida e com suas roupas rasgadas. Seus longos cabelos escuros e maltratados cobriam parte de seu busto e amarras de corda seguravam o restante da vestimenta que escondia suas vergonhas. Ela tinha em seus braços um infante, uma criança que ainda não atingira seu primeiro ano de idade. Enquanto ele se aproximava ela erguia um de seus braços em um gesto único de misericórdia, pois palavras ela já não conseguia mais pronunciar. O cavaleiro se aproximou da mulher e desceu do cavalo, parando diante dela. Com os olhos ele fitou a aldeia, ao fundo, ainda em chamas e num movimento panorâmico de sua cabeça observou aquela região miserável, mas nenhuma outra pessoa ali havia, apenas um corvo pousado no toco de uma árvore cortada, que observava a cena atentamente.
Com uma leve expressão de desprezo ele se volta para a mulher e apenas comenta: -- "Não posso deixar que uma prostituta suja e seu filho mendigo poluam as ruas das províncias de Roma." - Dito isto, com sua vasta habilidade com a espada, ele a desembainha e desfere uma única estocada que atravessa o corpo da criança e da mulher. Os dois corpos tombam em seco diante dele, enquanto um jorro de sangue lhe suja a face e a roupa. Neste instante o corvo grasna e alça vôo, tomando seu rumo.
O cavaleiro guarda a espada e dá um leve chute no corpo inerte constatando a morte da mulher, pois da criança ele não tinha dúvidas. Ele sabia que miserável também fora sua atitude, mas de testemunha havia apenas um corvo que fugira.
Tomando as rédeas do cavalo, o cavaleiro o monta novamente e segue seu caminho, regozijando-se por ter limpado a imundice que corrompe as terras de Roma.
O texto abaixo é um conto medieval sem muitas pretensões, estou escrevendo-o a medida que as idéias vão chegando a mente. Espero que seja digno de comentários, o pessoal que escreve aqui costuma mandar muito bem.
Editado: Um errinho de concordância e alteração do título do tópico
O Corvo...
Um cavaleiro de meia idade cavalga solitário sob a cinza luz do sol no início da manhã. O clima frio e pálido é pouco acolhedor e o cansaço da longa viagem começa a abatê-lo. Ele ainda vigora sobre sua montaria, um puro sangue lusitano de pelagem clara que escurece a medida que se aproxima das patas, mas sabe que terá que parar em algum momento. Este cavaleiro, chamado Viriato, recebera este nome em honra ao grande herói lusitano que enfrentara os romanos em anos passados. Mesmo tendo um forte nome, suas ambições eram outras. Ele fora convocado para o exército romano ainda jovem e lá moldou sua personalidade diferente do que havia sonhado seus pais.
Diante dele a trilha deixada pela cavalaria romana, que partiu da cidade de Balsa em direção às regiões centrais da província Lusitânia, em meio ao descampado verdejante, davam a direção a que devia seguir. Ele havia ficado para trás de seu destacamento enquanto se satisfazia com a pele lisa e macia de uma jovem lusitana em uma aldeia onde pararam para reabastecer com água e mantimentos horas antes. Agora ele corre para se unir aos homens novamente, antes que alcançassem seu destino.
Em meio à cavalgada seus pensamentos vagavam no ódio induzido que ele sentia daquela terra. Seus maiores sonhos eram viver em Roma e ter uma bela mulher, que lhe gerasse filhos campeões, para honrar o imperador.
Interrompendo seu transe momentâneo, um forte cheiro de fumaça foi sentido tanto por ele quanto por seu cavalo, que começava a ofegar. Mais adiante um pouco ele vê, ao longe, a fumaça de uma aldeia ainda em chamas e logo soube que se tratava de um ataque realizado por sua cavalaria. -- "Malditos sejam, perdi este ataque!" - pensava ele com cólera no peito.
A trilha que seguia até a aldeia possuía corpos mutilados e queimados largados ao chão, onde alguns, ainda vivos, gemiam e gritavam de dor. Nada ele podia fazer a não ser seguir seu caminho.
Vindo de encontro a ele, uma mulher caminhava lentamente. Ela estava ferida e com suas roupas rasgadas. Seus longos cabelos escuros e maltratados cobriam parte de seu busto e amarras de corda seguravam o restante da vestimenta que escondia suas vergonhas. Ela tinha em seus braços um infante, uma criança que ainda não atingira seu primeiro ano de idade. Enquanto ele se aproximava ela erguia um de seus braços em um gesto único de misericórdia, pois palavras ela já não conseguia mais pronunciar. O cavaleiro se aproximou da mulher e desceu do cavalo, parando diante dela. Com os olhos ele fitou a aldeia, ao fundo, ainda em chamas e num movimento panorâmico de sua cabeça observou aquela região miserável, mas nenhuma outra pessoa ali havia, apenas um corvo pousado no toco de uma árvore cortada, que observava a cena atentamente.
Com uma leve expressão de desprezo ele se volta para a mulher e apenas comenta: -- "Não posso deixar que uma prostituta suja e seu filho mendigo poluam as ruas das províncias de Roma." - Dito isto, com sua vasta habilidade com a espada, ele a desembainha e desfere uma única estocada que atravessa o corpo da criança e da mulher. Os dois corpos tombam em seco diante dele, enquanto um jorro de sangue lhe suja a face e a roupa. Neste instante o corvo grasna e alça vôo, tomando seu rumo.
O cavaleiro guarda a espada e dá um leve chute no corpo inerte constatando a morte da mulher, pois da criança ele não tinha dúvidas. Ele sabia que miserável também fora sua atitude, mas de testemunha havia apenas um corvo que fugira.
Tomando as rédeas do cavalo, o cavaleiro o monta novamente e segue seu caminho, regozijando-se por ter limpado a imundice que corrompe as terras de Roma.