In Nomine Dei

Um pouco mais de um ano atrás, eu terminava de postar a minha, até então, mais longa obra. O resultado dela, apesar de em certas partes terem sido extremamente cansativas, fora deveras satisfatório. De longe eu tinha superado as minhas expectativas. Hoje, digo com certeza, que ela foi e é - pelo menos por enquanto, já que Busca me agrada muito também - meu melhor texto.
Pouco tempo atrás, pretendia mexer nela, mudar a grafia de diálogos, colocar opções de títulos em árabe, além do latim. Porém, meu tempo se tornou curto, e o trabalho que isso ia me obrigar a ter me levou a descartar essa opção.
Agora, a cá estou, re-postando "In Nomine". Não terão mudanças significativas, porém, irei tentar entrar em contato com alguém que saiba árabe, para colocar os textos também nessa bela língua - o que era a idéia original da primeira vez que escrevi. Assim como aceito a grafia correta dos títulos em latim - viu Madruga, rs.
Devo avisar, aqueles que não leram na primeira vez que foi postado, as partes tendem a ser longas, mas creio que isso não as torna cansativas. Por isso coragem!
O texto trata da "jornada" que um cavaleiro da Ordem de Salomão - um Templário - para reaver sua glória e honra maculadas.
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Então, um estrondo fez-se ouvir. A multidão calou-se. Pesadas patas eqüinas, em galope, faziam subir uma forte nuvem de poeira. Como ensandecidos, os cavaleiros atravessavam a liça, indo um de encontro ao outro. As armaduras reluziam sob o sol do oriente, apesar de toda terra acumulada sobre elas. Com justas ristes, tendo o alvo o corpo de rival, eles se aproximavam.
Então um estrondo fez-se ouvir.
A justa de um acertou em cheio a cabeça do outro cavaleiro, fazendo-o cair da cela. O impacto fizera seu cavalo empinar e o corpo do cavaleiro girou, jogando-o pesadamente ao chão. Sua justa tinha resvalado no escudo do oponente, que prosseguia seu galope. Todos os presentes vibravam, fossem mouros, judeus ou nazarenos. Damas acenavam seus lenços. Algumas os jogavam à liça.
Escudeiros corriam pela liça. Tentavam socorrer o cavaleiro caído. Tiravam, às pressas seu elmo - que não tinha voado apenas por causa da grossa tira de couro que o segurava - e outras partes da armadura. Foi com um suspiro aliviado que muitos responderam ao grito de um dos escudeiros que ele permanecia vivo.
Um espetáculo como nenhum outro, pois é de uma raridade ímpar ver um cavaleiro do Templo de Salomão cair para a lança de um cavaleiro sem ordens ou preceitos.
Em pouco tempo, a liça não mais contava com a presença de nenhum dos cavaleiros. O templário tinha sido retirado pelos escudeiros e irmãos de arma, sendo levado, às pressas, para o cirurgião do templo presente, seguido de alguns cavaleiros hospitaleiros. O bravo vencedor, voltava ao seu grupo de companheiros. Fora o único estrangeiro vitorioso até aquela hora dos embates na liça, seguindo as regras normandas, onde cavaleiros alienígenas tinham que desafiar cavaleiros residentes e tidos como heróis nas conquistas das terras santas.
Até o fim daquele dia, outros embates se repetiram. Os resultado sempre favorecendo os bons Cavaleiros do Templo de Salomão e os Cavaleiros de São João de Jerusalém. O primeiro estrangeiro vitorioso do dia, caiu perante a lança do Templar Ramon de Boy-Ferée, recuperando para seu irmão de ordem armadura e cavalo. Depois teve sua vida ceifada num combate de morte contra o hospitaleiro Gustav do Acre, terminando, assim, sua fulminante e gloriosa carreira de herói.
Passou-se três semanas desde que o templário caiu perante a justa do rival estrangeiro, três longas semanas em uma cama, entre a consciência e a inconsciência, entre febres e delírios, imobilizados, por talas e faixas, sofrendo sangrias e infusões.
Talvez por ser um dos preferidos do seu Senhor Jesus Cristo ou por, secretamente, estar sob os cuidados de um cirurgião muçulmano, ele sobreviveu sem maiores seqüelas, salvo a perda de três dentes e um nariz torto, pelo menos aparentemente. Passado seu tempo de cura, conseguiu levantar-se e caminhar pelo quarto, ainda mantinham sua cabeça imobilizada por tábuas amarradas a suas laterais, e utilizava sanguessugas para tirar-lhe o sangue nos ombros inchados e roxos.
Alguns dias ainda lhe foram necessários para andar sozinho pelos corredores do Templo, e mais ainda para ele poder voltar a ministrar suas artes de guerra, como a esgrima, a justa e a cavalgada. Sua cota de anéis, ainda doíam seus ombros, e seu braço direito não tinha mais o mesmo vigor de outrora.
Após a derrota tinha se reclusado em sua cela, ser derrotado tirara toda sua vontade de ser visto pelos companheiros, os boatos minguavam suas expectativas de reaver sua glória de outros tempos. Fora derrotado, jogado para fora da sela em um único movimento, humilhado. Uma derrota apagava todas as suas vitórias anteriores, seja contra os mouros ou em outras liças. Se fosse um bom cristão, entregar-se-ia a orações e a jejuns, mas a raiva o fazia praguejar e subornar escudeiros para lhe trazerem carne e bebida de tavernas na cidade. Sua mente trabalhava em apenas um objetivo: reaver sua glória perdida.
Exigia de seu escudeiro noticias. Planejava combates. Amaldiçoava a paz que caia sobre Jerusalém. Clamava por um ataque dos mouros. Praguejava pela lentidão de Saladino e pelos acordos que o rei leproso fazia com o pagão sarraceno.
Foi em meio a um treinamento com escudeiros - pobres coitados que o templário usava para descarregar sua raiva e frustrações - que Teodoro de Funssac soube de uma comitiva que estava indo até a cidade do Acre. A oportunidade perfeita. Lideraria a comitiva. Levaria todos em segurança, e se encheria de glórias e honrarias. Esse seria seu primeiro passo para reaver tudo que tinha perdido nos últimos dias.
Colocou seu plano em ação. Entrou em contato com os priores da ordem. Mandou saber de quem era a comitiva. Depois formou um grupo de oito cavaleiros. Um numero mais que suficiente, além de coberto de misticismo. Afinal, as lendas diziam que os Templários começaram apenas com oito cavaleiros. Um numero de sorte, pensava Teodoro, um numero que lhe reaveria seu prestígio.
Poucos dias antes da comitiva partir, levando um nobre italiano da cidade estado de Veneza e sua família, Teodoro saiu pelos becos da cidade santa, não trajava seus hábitos da ordem, mas roubas mundanas, sua espada e uma adaga. Caminhava pelas partes mais obscuras da cidade. Sua caminhada durou algumas horas, vagando pelos corredores estreitos da arquitetura moura. Muitos podiam julgar que ali estava um europeu perdido, mas seu olhar e suas armas mantinham bandoleiros e aproveitadores longe. Adentrou em uma casa subterrânea. Disse o código em árabe e seguiu por um corredor escuro e silencioso.
Tão logo se pode cobrir um percurso de 16 metros, Teodoro apareceu em um salão amplo, com poucos europeus, e muitos mouros, em grupos de três a cinco indivíduos. Conversavam em meio a sussurros, e sorviam ópio e belas dançarinas.
O Templar atravessou o salão, indo até um dos cantos, se postando frente a um magro árabe, com trajes luxuosos vermelhos bordados a ouro, sapatilhas douradas, uma adaga com o cabo de marfim, sua barba e cabelos grisalhos ungüentados em óleo de azeite, seus olhos amarelos e frios analisando a tudo, algumas tatuagens sobre a face e braços, a alguns passos dele estava dois grandes escravos, empunhando longas cimitarras atentos a tudo que se aproximava do velho.
O europeu se aproximou lentamente. Depositou sua arma aos pés do árabe em sinal de boa fé. Em resposta, o velho ofereceu as almofadas a sua frente para Teodoro sentar-se. E, com palmas, lhe foram servidos uma bela jarra de vinho e uma jovem de beleza única para distrair o jovem templário.
- Dessa vez, negarei as jovens de seu garboso harém meu bom Abn al-Jazir, me contentarei com o vinho. - disse sorrindo o templário, enquanto enchia sua taça de prata, o mouro apenas sorriu e mandou a jovem retirar-se.
- Então, que cousas arrastam um bom cristão como tu, até o meu humilde e casto lar? - a voz soou sarcástica e vil.
- O mesmo de sempre Abn al-Jazir, estou aqui para lhe oferecer um serviço. Serviço que salvará minha alma e a de outrem, e condenará a tua ao inferno, pois eu estarei livrando a mim e a outro irmão cristão do peso de seu ouro e estarei lhe entregando o mesmo. - sorriu o cristão, enquanto sorvia do bom vinho.
- Compreendo tuas intenções nazareno. Diga-me, o que necessitas?
- Quinze dos teus homens, dos quais metade seja dispensável. Devem bater sobre a comitiva que eu guiarei. Matar os templários, menos a mim. Levarão então o veneziano e suas filhas em cativeiro. Todo os pertences serão seus Abn al-Jazir, enquanto minha humilde pessoa, seguirá teus homens e salvará sozinho os cativos. Assim, eu terei o que me apraz.
O olhar do mouro recaiu sobre o europeu, e o examinou; quem podia imaginar que tal ser, um templário perfeito, com bons modos e grande habilidade bélica seria dono de tão vis atitudes. Métodos não aprováveis em nenhuma das três grandes religiões, mas se assim fosse para ser que assim fosse.
- Como quiserdes meu bom cristão. Utilize uma fita vermelha em tua cota e meus homens te reconhecerão, entretanto como garantia dei-me um título, um tesouro quaisquer de um dos castelos de tua ordem. - disse sorrindo o mouro.
Com um gesto lento Teodoro retirou um papel de dentro da capa e entregou a Abn al-Jazir. Depois, com uma vênia, ele se levantou. Tinha armado o tabuleiro para reaver sua glória. Agora era só esperar.
Pouco tempo atrás, pretendia mexer nela, mudar a grafia de diálogos, colocar opções de títulos em árabe, além do latim. Porém, meu tempo se tornou curto, e o trabalho que isso ia me obrigar a ter me levou a descartar essa opção.
Agora, a cá estou, re-postando "In Nomine". Não terão mudanças significativas, porém, irei tentar entrar em contato com alguém que saiba árabe, para colocar os textos também nessa bela língua - o que era a idéia original da primeira vez que escrevi. Assim como aceito a grafia correta dos títulos em latim - viu Madruga, rs.
Devo avisar, aqueles que não leram na primeira vez que foi postado, as partes tendem a ser longas, mas creio que isso não as torna cansativas. Por isso coragem!
O texto trata da "jornada" que um cavaleiro da Ordem de Salomão - um Templário - para reaver sua glória e honra maculadas.
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In Nomine Dei
por
Breno Pascal de L. Brito
I
Unus Benevolentia Devotio
"Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam"
Então, um estrondo fez-se ouvir. A multidão calou-se. Pesadas patas eqüinas, em galope, faziam subir uma forte nuvem de poeira. Como ensandecidos, os cavaleiros atravessavam a liça, indo um de encontro ao outro. As armaduras reluziam sob o sol do oriente, apesar de toda terra acumulada sobre elas. Com justas ristes, tendo o alvo o corpo de rival, eles se aproximavam.
Então um estrondo fez-se ouvir.
A justa de um acertou em cheio a cabeça do outro cavaleiro, fazendo-o cair da cela. O impacto fizera seu cavalo empinar e o corpo do cavaleiro girou, jogando-o pesadamente ao chão. Sua justa tinha resvalado no escudo do oponente, que prosseguia seu galope. Todos os presentes vibravam, fossem mouros, judeus ou nazarenos. Damas acenavam seus lenços. Algumas os jogavam à liça.
Escudeiros corriam pela liça. Tentavam socorrer o cavaleiro caído. Tiravam, às pressas seu elmo - que não tinha voado apenas por causa da grossa tira de couro que o segurava - e outras partes da armadura. Foi com um suspiro aliviado que muitos responderam ao grito de um dos escudeiros que ele permanecia vivo.
Um espetáculo como nenhum outro, pois é de uma raridade ímpar ver um cavaleiro do Templo de Salomão cair para a lança de um cavaleiro sem ordens ou preceitos.
Em pouco tempo, a liça não mais contava com a presença de nenhum dos cavaleiros. O templário tinha sido retirado pelos escudeiros e irmãos de arma, sendo levado, às pressas, para o cirurgião do templo presente, seguido de alguns cavaleiros hospitaleiros. O bravo vencedor, voltava ao seu grupo de companheiros. Fora o único estrangeiro vitorioso até aquela hora dos embates na liça, seguindo as regras normandas, onde cavaleiros alienígenas tinham que desafiar cavaleiros residentes e tidos como heróis nas conquistas das terras santas.
Até o fim daquele dia, outros embates se repetiram. Os resultado sempre favorecendo os bons Cavaleiros do Templo de Salomão e os Cavaleiros de São João de Jerusalém. O primeiro estrangeiro vitorioso do dia, caiu perante a lança do Templar Ramon de Boy-Ferée, recuperando para seu irmão de ordem armadura e cavalo. Depois teve sua vida ceifada num combate de morte contra o hospitaleiro Gustav do Acre, terminando, assim, sua fulminante e gloriosa carreira de herói.
Passou-se três semanas desde que o templário caiu perante a justa do rival estrangeiro, três longas semanas em uma cama, entre a consciência e a inconsciência, entre febres e delírios, imobilizados, por talas e faixas, sofrendo sangrias e infusões.
Talvez por ser um dos preferidos do seu Senhor Jesus Cristo ou por, secretamente, estar sob os cuidados de um cirurgião muçulmano, ele sobreviveu sem maiores seqüelas, salvo a perda de três dentes e um nariz torto, pelo menos aparentemente. Passado seu tempo de cura, conseguiu levantar-se e caminhar pelo quarto, ainda mantinham sua cabeça imobilizada por tábuas amarradas a suas laterais, e utilizava sanguessugas para tirar-lhe o sangue nos ombros inchados e roxos.
Alguns dias ainda lhe foram necessários para andar sozinho pelos corredores do Templo, e mais ainda para ele poder voltar a ministrar suas artes de guerra, como a esgrima, a justa e a cavalgada. Sua cota de anéis, ainda doíam seus ombros, e seu braço direito não tinha mais o mesmo vigor de outrora.
Após a derrota tinha se reclusado em sua cela, ser derrotado tirara toda sua vontade de ser visto pelos companheiros, os boatos minguavam suas expectativas de reaver sua glória de outros tempos. Fora derrotado, jogado para fora da sela em um único movimento, humilhado. Uma derrota apagava todas as suas vitórias anteriores, seja contra os mouros ou em outras liças. Se fosse um bom cristão, entregar-se-ia a orações e a jejuns, mas a raiva o fazia praguejar e subornar escudeiros para lhe trazerem carne e bebida de tavernas na cidade. Sua mente trabalhava em apenas um objetivo: reaver sua glória perdida.
Exigia de seu escudeiro noticias. Planejava combates. Amaldiçoava a paz que caia sobre Jerusalém. Clamava por um ataque dos mouros. Praguejava pela lentidão de Saladino e pelos acordos que o rei leproso fazia com o pagão sarraceno.
Foi em meio a um treinamento com escudeiros - pobres coitados que o templário usava para descarregar sua raiva e frustrações - que Teodoro de Funssac soube de uma comitiva que estava indo até a cidade do Acre. A oportunidade perfeita. Lideraria a comitiva. Levaria todos em segurança, e se encheria de glórias e honrarias. Esse seria seu primeiro passo para reaver tudo que tinha perdido nos últimos dias.
Colocou seu plano em ação. Entrou em contato com os priores da ordem. Mandou saber de quem era a comitiva. Depois formou um grupo de oito cavaleiros. Um numero mais que suficiente, além de coberto de misticismo. Afinal, as lendas diziam que os Templários começaram apenas com oito cavaleiros. Um numero de sorte, pensava Teodoro, um numero que lhe reaveria seu prestígio.
Poucos dias antes da comitiva partir, levando um nobre italiano da cidade estado de Veneza e sua família, Teodoro saiu pelos becos da cidade santa, não trajava seus hábitos da ordem, mas roubas mundanas, sua espada e uma adaga. Caminhava pelas partes mais obscuras da cidade. Sua caminhada durou algumas horas, vagando pelos corredores estreitos da arquitetura moura. Muitos podiam julgar que ali estava um europeu perdido, mas seu olhar e suas armas mantinham bandoleiros e aproveitadores longe. Adentrou em uma casa subterrânea. Disse o código em árabe e seguiu por um corredor escuro e silencioso.
Tão logo se pode cobrir um percurso de 16 metros, Teodoro apareceu em um salão amplo, com poucos europeus, e muitos mouros, em grupos de três a cinco indivíduos. Conversavam em meio a sussurros, e sorviam ópio e belas dançarinas.
O Templar atravessou o salão, indo até um dos cantos, se postando frente a um magro árabe, com trajes luxuosos vermelhos bordados a ouro, sapatilhas douradas, uma adaga com o cabo de marfim, sua barba e cabelos grisalhos ungüentados em óleo de azeite, seus olhos amarelos e frios analisando a tudo, algumas tatuagens sobre a face e braços, a alguns passos dele estava dois grandes escravos, empunhando longas cimitarras atentos a tudo que se aproximava do velho.
O europeu se aproximou lentamente. Depositou sua arma aos pés do árabe em sinal de boa fé. Em resposta, o velho ofereceu as almofadas a sua frente para Teodoro sentar-se. E, com palmas, lhe foram servidos uma bela jarra de vinho e uma jovem de beleza única para distrair o jovem templário.
- Dessa vez, negarei as jovens de seu garboso harém meu bom Abn al-Jazir, me contentarei com o vinho. - disse sorrindo o templário, enquanto enchia sua taça de prata, o mouro apenas sorriu e mandou a jovem retirar-se.
- Então, que cousas arrastam um bom cristão como tu, até o meu humilde e casto lar? - a voz soou sarcástica e vil.
- O mesmo de sempre Abn al-Jazir, estou aqui para lhe oferecer um serviço. Serviço que salvará minha alma e a de outrem, e condenará a tua ao inferno, pois eu estarei livrando a mim e a outro irmão cristão do peso de seu ouro e estarei lhe entregando o mesmo. - sorriu o cristão, enquanto sorvia do bom vinho.
- Compreendo tuas intenções nazareno. Diga-me, o que necessitas?
- Quinze dos teus homens, dos quais metade seja dispensável. Devem bater sobre a comitiva que eu guiarei. Matar os templários, menos a mim. Levarão então o veneziano e suas filhas em cativeiro. Todo os pertences serão seus Abn al-Jazir, enquanto minha humilde pessoa, seguirá teus homens e salvará sozinho os cativos. Assim, eu terei o que me apraz.
O olhar do mouro recaiu sobre o europeu, e o examinou; quem podia imaginar que tal ser, um templário perfeito, com bons modos e grande habilidade bélica seria dono de tão vis atitudes. Métodos não aprováveis em nenhuma das três grandes religiões, mas se assim fosse para ser que assim fosse.
- Como quiserdes meu bom cristão. Utilize uma fita vermelha em tua cota e meus homens te reconhecerão, entretanto como garantia dei-me um título, um tesouro quaisquer de um dos castelos de tua ordem. - disse sorrindo o mouro.
Com um gesto lento Teodoro retirou um papel de dentro da capa e entregou a Abn al-Jazir. Depois, com uma vênia, ele se levantou. Tinha armado o tabuleiro para reaver sua glória. Agora era só esperar.