Tenho asas, mas não consigo voar. Estou no meio do oceano, preso em uma mancha negra que flutua no meio do mar. Filha de um vazamento de um navio, ocasionado pela falha de terceiros.
Grito por socorro mas ninguém parece escutar. Entre as ondas do mar, todo e qualquer barulho é feito em vão. A grandiosidade da natureza não escolhe os seus pupilos pelas suas atitudes. A aleatoriedade faz parte do ciclo da vida.
Aos poucos vou perdendo as forças enquanto tento me livrar deste líquido negro que me envolve. A cada movimento forçado pela natureza, aliado aos meus inúteis esforços para me livrar, mais entrelaçado fico, perdendo a esperança a cada dia que passa.
O alimento é escasso em meio à escuridão. Sinto-me desnutrido. Tento pensar positivamente, esperando que alguma alma me tire do meio desse breu enquanto a loucura me atormenta. Paranóia de viver em vão.
Enfim, deixo-me levar. Minhas forças já se esvaíram. Minha mente já se acostumou com o meu destino. É então que vejo distante, próximo da linha do horizonte, sinais de vida no céu. Eles passam por mim e me ignoram. O que eu mais temia aconteceu: sou parte dessa densa e negra mancha no meio do oceano.