Já estou cansado.
Olhei para trás e o que eu vi foi uma vida já formada.
Com um trabalho, um diploma de faculdade e um adulto completo.
Como diabos eu cheguei até aqui tão rápido?
Quero dizer, tive uma boa infância, uma boa adolescência e tudo o mais, mas, só agora eu me toquei que tudo já passou.
Despertei pra consciência agora, estou olhando para trás e percebendo que minha vida passou muito rápido. Ainda tenho muito pra viver, novas experiências para provar e novos caminhos para seguir. Mas, olhando agora, é que eu vejo como tudo passou rápido.
Às vezes paro para ver o jornal. Só há desgraças. E tantas outras vidas interrompidas antes da minha.
Sei lá, queria viver pra sempre. Tenho medo de não haver um “depois”.
Se não pudesse viver pra sempre, pelo menos mais uns dez mil anos. Queria ver até onde a humanidade chegaria.
Já faz dois mil e poucos anos que Cristo veio pra terra.
Já faz algumas décadas que o homem foi pro espaço.
E já faz mais de vinte anos que estou aqui.
Penso eu, minha vida teria valido a pena?
Será que levantar dia após dia, apenas para viver mais um dia, realmente fez a diferença?
Será que eu serei lembrado pelos meus atos?
Ou minha memória será esquecida tão rápido quanto ela foi notada?
Ao menos eu gostaria de receber alguns louros, algum trunfo.
Eu queria poder viajar pelo mundo tocando bateria numa banda de rock.
Queria ser como os astros, queria ser renomado e queria que esta vida tivesse passado mais devagar.
Queria voltar no tempo, reviver cada dia, e aproveitar cada experiência novamente.
A maior verdade já dita, cada novo aniversário é na verdade menos um aniversário.
Queria ter algo para acreditar, para ver que valeu a pena, para saber que cada dia em que pus o pé pra fora de casa, fez a diferença.
Mas, é com uma gargalhada triste, que eu digo, não houve. Não haverá.