Emaranhado de palavras
Enviado: 03 Mai 2009, 00:49A ideia brotou no chat e foi a seguinte: cada um falava um elemento, uma palavra, e eu tinha que juntá-los num conto verossímil.
O resultado não foi mais um conto, foi mais uma divagação, mas enfim, o resultado é esse.
As palavras estão no fim do post, na caixa de spoiler.
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Talvez minha vida seja como se fosse um cubo gelatinoso: instável, trêmulo, vacilante. Tudo pode mudar, a todo segundo.
Talvez em um segundo, sem que se perceba, eu me sinta o dono do universo, e no outro me sinta o menor dos seres. Como um paralelo de Napoleão.
Mas... foi ele feliz? Essa metamorfose ambulante (perdão, Raul, me cobre os royalties) satisfaz? Traz o semblante alegre à face de quem a vive?
A essa altura, parece óbvio que os "talvez" são só para efeito de retórica.
Mas eu tenho medo de afirmar qualquer coisa com convicção. É como eu disse, em se tratando de mim, tudo muda.
Até num exemplo esdrúxulo de como o RPG evoluiu em minha vida isso se faz presente: quem um dia fora um pacato, alegre e infante jogador de card games, hoje se encontra jogando Barão de Munchausen, contando histórias apenas para o riso alheio, aceitando desafios...
Ao menos um lugar onde eu possa aceitar desafios.
Minha natureza covarde os evita. Por que vocês acham que eu nunca me meti em alguma discussão com o Sampaio? Aliás, outro paralelo de Napoleão: não sei sobre sua estatura, mas às vezes ele pode passar a impressão de ser pequeno, e ter que se afirmar grande, superlativo, para olhar mais longe que os outros... ou que si mesmo. Uma pessoa aparentemente tão longe de mim, sendo necessária uma corrida digna de maratona para alcançá-lo como ele se demonstra... e talvez muito, mas muito mais perto do que se possa imaginar.
Minha vida, é, é um cubo gelatinoso. Ou talvez nem isso eu possa aceitar como cem por cento verdadeiro, cem por cento das vezes.
Tudo parece tão igual em certos pontos... a vontade de ter um notebook, por exemplo. Mesmo que nem todos os lugares tenham internet wireless, mesmo que nem todos os lugares tenham tomadas próprias para se conectar um plugue de três pinos... a ideia de ter as pessoas que mais amo perto de mim, nem que o que esteja efetivamente perto seja o meio de se ligar a elas (como um papel e caneta em tempos remotos), me parece incrivelmente satisfatória.
Mas um pensamento alegre finaliza meu devaneio: já andou de trem? Sim? Então deve saber que existem os surfistas de trem, aqueles que se mantêm em pé e equilibrados em detrimento do sacolejo das paradas e arrancadas a quais são submetidos.
Quem sabe, um dia, eu não consiga virar um surfista de cubo gelatinoso. Um surfista de metamorfose ambulante...
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O resultado não foi mais um conto, foi mais uma divagação, mas enfim, o resultado é esse.
As palavras estão no fim do post, na caixa de spoiler.
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Talvez minha vida seja como se fosse um cubo gelatinoso: instável, trêmulo, vacilante. Tudo pode mudar, a todo segundo.
Talvez em um segundo, sem que se perceba, eu me sinta o dono do universo, e no outro me sinta o menor dos seres. Como um paralelo de Napoleão.
Mas... foi ele feliz? Essa metamorfose ambulante (perdão, Raul, me cobre os royalties) satisfaz? Traz o semblante alegre à face de quem a vive?
A essa altura, parece óbvio que os "talvez" são só para efeito de retórica.
Mas eu tenho medo de afirmar qualquer coisa com convicção. É como eu disse, em se tratando de mim, tudo muda.
Até num exemplo esdrúxulo de como o RPG evoluiu em minha vida isso se faz presente: quem um dia fora um pacato, alegre e infante jogador de card games, hoje se encontra jogando Barão de Munchausen, contando histórias apenas para o riso alheio, aceitando desafios...
Ao menos um lugar onde eu possa aceitar desafios.
Minha natureza covarde os evita. Por que vocês acham que eu nunca me meti em alguma discussão com o Sampaio? Aliás, outro paralelo de Napoleão: não sei sobre sua estatura, mas às vezes ele pode passar a impressão de ser pequeno, e ter que se afirmar grande, superlativo, para olhar mais longe que os outros... ou que si mesmo. Uma pessoa aparentemente tão longe de mim, sendo necessária uma corrida digna de maratona para alcançá-lo como ele se demonstra... e talvez muito, mas muito mais perto do que se possa imaginar.
Minha vida, é, é um cubo gelatinoso. Ou talvez nem isso eu possa aceitar como cem por cento verdadeiro, cem por cento das vezes.
Tudo parece tão igual em certos pontos... a vontade de ter um notebook, por exemplo. Mesmo que nem todos os lugares tenham internet wireless, mesmo que nem todos os lugares tenham tomadas próprias para se conectar um plugue de três pinos... a ideia de ter as pessoas que mais amo perto de mim, nem que o que esteja efetivamente perto seja o meio de se ligar a elas (como um papel e caneta em tempos remotos), me parece incrivelmente satisfatória.
Mas um pensamento alegre finaliza meu devaneio: já andou de trem? Sim? Então deve saber que existem os surfistas de trem, aqueles que se mantêm em pé e equilibrados em detrimento do sacolejo das paradas e arrancadas a quais são submetidos.
Quem sabe, um dia, eu não consiga virar um surfista de cubo gelatinoso. Um surfista de metamorfose ambulante...
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SPOILER: EXIBIR