A Batalha de Mìr - Capítulo VII [por Elara e Dahak]

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A Batalha de Mìr - Capítulo VII [por Elara e Dahak]

Mensagempor Dahak em 24 Out 2007, 01:52

Desculpem o atraso.



A Batalha de Mìr – Capítulo IV
Antagonismo
Por Elara e Dahak




Enquanto se despia para tomar seu banho, Aka olhou-se no espelho e, como de costume, seus olhos logo se prenderam àquela cicatriz que lhe custou boa parte de seu seio esquerdo. As lembranças trazidas detinham ódio sim, mas a dor que proporcionavam era muito mais intensa que qualquer outra sentida por algum toque na região.

Ela ainda podia ouvir o barulho do fogo consumindo seu lar, consumindo sua mãe...

As memórias traziam lágrimas que tinham de desviar daquele seio danificado; o sal provocava uma ardência que a trazia de volta a realidade, de volta a seu estado agressivo e amargo.

Com a testa franzida, dirigiu-se para sua banheira de leite, retirou o esguio punhal que segurava seus cabelos e começou seu banho.

Adnes, ainda nas proximidades dos aposentos, verificou as janelas, portas, estátuas e toda a segurança.

Quem melhor que um ladrão para conhecer as falhas de segurança de um local? Era assim que a alteza pensava, motivo o qual a levou a contratar uma ladra perita, ágil e extremamente furtiva – Adnes.

Após conferir cada via de acesso do palácio, deu seu parecer positivo e desceu até o porão. Lá se encontrava um seleto grupo de assassinos, todos segurando um pergaminho com o símbolo real de Zaría.

– Interceptaram a todos?

A resposta veio em coro:

– Sim senhora!

Um sorriso fez-se evidente...

Era uma tarde ensolarada quando um dos ministros de Zaría bateu a aldrava dos aposentos de Manfred.

– Fevicz, caro amigo, trouxe-me um parecer dos reinos aliados?

Houve um momento estático.

– O que esse silêncio quer dizer?

O ministro levou os dedos aos olhos, respirou fundo enquanto olhava para o chão e balbuciou:

– Temos problemas...

– Os aliados não cumpriram com nossa aliança?

– Em verdade, não obtivemos respostas. Nada nos foi enviado até agora.

– Os mensageiros podem ter se atrasado...

– Não senhor. Encontramos pertences deles jogados nas estradas próximas. As Rapinas fizeram o reconhecimento prévio. Creio que estejamos sós, pelo menos por enquanto.

Foi a vez de Manfred se calar e assim permanecer por alguns minutos até que pediu que buscasse os mapas da região, além de que ordenasse ao Grupo das Rapinas que fizessem novo reconhecimento para então encontrá-lo na sala de reuniões.

Seu leal amigo prontamente atendeu aos pedidos de e também se dirigiu para o recinto. Ao chegar, deparou-se com seu rei rodeado de papéis, livros e pergaminhos.

– O que está fazendo, amigo?

– Procurando uma saída...

– O que tem em mente?

– Para ser sincero, não sei. Imagino que a aliança também esteja ameaçada por Aka. Ou talvez nossos mensageiros tenham sido assassinados.

– É possível. As amostras que vieram do norte continham brasas e chamuscados nos pertences. As amostras do sul continham sangue.

Manfred colocou-se a pensar e disparou:

– Ela quer nos isolar. Seus planos de conquista devem ser muito maiores do que imaginávamos...

– Temos de cogitar a iminência do ataque e pensar em...

Fevicz hesitou em completar seus pensamentos.

– O que foi, amigo? Por que se calou?

– Meu rei, meu amigo, sinto-me constrangido em dizer, mas creio que seria sábio ponderar maneiras de resistir as investidas de Eleadna.

– Você se refere a guerrear?

– Não. Sabemos das nossas condições e das vantagens alheia.

– Então, o que sugere?

– Que busquemos formas de conter, de barrar a situação.

– Como?

– Não sei. Mas não creio que a diplomacia resolva, nem invocando a aliança... E devo acrescentar que os sinais de brasa vindos do norte sugerem que já houve combate.

Manfred sabia que seu amigo estava certo. Aka parecia determinada em expandir seus domínios e o problema precisava ser encarado tal qual ele é.

– Por favor, reúna quatro homens de bom porte físico e treino-os por três dias. Faça o mesmo com outras quatro mulheres. Além disso, preciso de um caçador e uma caçadora. Preciso enviar mensagens que devem atingir seu destino, impreterivelmente devem atingir seu destino.

– Três dias?

– Sim. Passados esses três dias retorne.

– Compreendo. Voltarei em três dias.

Fevicz deu dois passos para trás, cerrou seu punho direito e o ergueu até a altura de seu coração. Manfred fez o mesmo e tomaram caminhos opostos.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 24 Out 2007, 13:18

O que será que vem agora?

Dahak, só uma queixa. Eu quase me perdi duas vezes na leitura, porque demorei a perceber a mudança de cena no mesmo capítulo. Da próxima vez, coloca alguma coisa pra fazer essa marcação ;)
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A Batalha de Mìr - Capítulo VII [por Elara e Dahak]

Mensagempor Elara em 24 Out 2007, 13:42

Uia^^

Dessa vez você explorou bem os diálogos, né? E eu que pensava que seu forte eram as descrições. =P

Muito bom, você pensou em Adnes como eu jamais pensaria!

Concordo com a Nasti sobre a marcação.

^^

Minha parte vem aí. Só não garanto nada esse fim de semana porque tou atolada resolvendo as coisas do casamento.

Chero!
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A Batalha de Mìr - Capítulo VII [por Elara e Dahak]

Mensagempor Elara em 29 Out 2007, 13:16

Caros amigos,

Esse eu caprichei. Espero que gostem.^^

A todos que tem acompanhado, muito obrigada. O apoio de vocês, seus comentários e críticas são imprescindíveis. A quem não está acompanhando ainda, a leitura será proveitosa, eu garanto!

Chero! :victory:

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A Batalha de Mìr
Capítulo V – Costumes
Por Elara e Dahak


Os Povos da Aliança convencionaram, há dez gerações humanas, um calendário para todos os reinos aliados do Sul, de acordo com o qual uma porção de 223 dias era equivalente a um ano completo.

Dez reinos formavam atualmente A Aliança, todos do sul, desde as proximidades desérticas com as terras conquistadas de Eleadna, até os longínquos mares d’A Enguia. Cada um desses reinos possui raças predominantes diferentes, e costumes variados também. No topo da organização desses reinos está Zaría, o pólo tecnológico e científico. Quando da formalização de A Aliança, ficou convencionado que cada ano seria tido como o ano da principal divindade de cada reino, em regime de revezamento. Assim, todos os deuses seriam reverenciados por todos os povos, em respeito À Aliança.

Eram dez as Deidades principais, segundo o número de reinos, a saber: O Druida, A Rapina, A Enguia, O Dragão, A Ninfa, A Estrela, O Sol, A Lua, O Boi e O Verme. Segundo o que fora ainda formalizado na convenção d’A Aliança, cada reino disporia, no ano daquela Deidade, de cada dez nascimentos, um para o reino de origem da Deidade ou para a dedicação da vida sacerdotal daquela entidade religiosa. Isto é, como Zaría reverencia o Sol, no ano do Sol, sem contar com o reino de origem da divindade, de cada dez nascimentos de cada reino, um será enviado a Zaría, sendo adotado pelas famílias de Amas, ou ainda, servirá em seu próprio reino, nos Templos do Sol. O mesmo acontece para todos os demais reinos d’A Aliança.

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Era o ano do Verme. O ciclo se completava mais uma vez. Naquele ano, as planícies desérticas do reino de Damna receberiam novos eleitos de todos os reinos para suas terras. Além disso, todos os reinos d’A Aliança estavam em reverência ao Verme, o Ser que trazia mais fertilidade às colheitas. No ano do Verme, todas as colheitas, em todos os reinos pareciam melhores, graças aos ritos e oferendas realizados diariamente.

Damna era um reino de sentinelas. O mensageiro que recentemente passou por aquelas terras em direção aos domínios de Eleadna foi observado pelas sentinelas, que prenunciavam o início do conflito. A confirmação veio com o mensageiro de Eleadna passando por aquelas desérticas terras com a cabeça do mensageiro de Zaría.

As sentinelas, como eram conhecidos os habitantes de Damna, eram povos que viviam em tendas, no meio do deserto. A sede do reino fica em um oásis um pouco afastado, nas terras do Oeste. Lá se encontram, além do Rei Eh-Rif, as famílias das Amas, que recebem os eleitos e os preparam para a vida nos desertos de Damna. Ali fora preparado Sharonte, o capitão mor dos exércitos daquele reino. Sharonte era hábil na arte de conduzir o Verme gigante, uma criatura imensa, a principal arma militar de Damna. Além disso, o Verme produzia um poderoso adubo que era comercializado com todos os reinos d’A Aliança. Não se sabia ao certo quantas criaturas como aquela existiam no reino de Damna, mas eram tratadas como divindades, e o que fizessem era considerado para o bem dos habitantes de Damna.

Eh-Rif considerava estranho que até aquele momento não tivesse recebido nenhum tipo de comunicação por parte de Zaría a respeito de um possível conflito. Mesmo assim, deixou as sentinelas de todo o reino de sobreaviso para qualquer ameaça. Sharonte avisou a todos os habitantes com rapidez, já que o Verme também era um transporte veloz em épocas de guerras.

E nesta peregrinação pelas areias desérticas, Sharonte observou, uma noite, um grandioso exército, no comando de um bárbaro, em direção às terras de Eleadna. Ora, Sharonte não fora visto porque sempre acampava em cavernas que se formavam dentre as dunas. O Verme jazia longe dali, em descanso nos túneis que fazia dentro das areias.
— Preciso avisar a Eh-Rif e ao povo de Zaría. – pensou.

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Chegara o dia do pronunciamento. Aka levantou-se e vestiu uma túnica negra de ricos ornamentos prateados, produzida por um dos povos escravizados da terra do Norte. Colocou sobre a túnica uma cota de malha, banhou o rosto e dirigiu-se às varandas do castelo, logo abaixo das quais um exército vindo dos mais distantes reinos setentrionais se encontrava aguardando.

Dali Aka tinha visão privilegiada. A arquitetura do local possibilitava a propagação da voz com facilidade, dessa forma a rainha poderia falar sem muitos problemas. O local tinha sido projetado pelos poucos engenheiros competentes dos reinos do Norte.

— Povo de Eleadna e exércitos das terras do Norte, eis que Vossa Majestade e Santidade, Aka, a Serpente Noturna, tem um pronunciamento a fazer. – anunciou Adnes.
Após ter sido aclamada pela grande maioria, Aka iniciou seu discurso:

Grandiosos guerreiros de Eleadna, temos conquistado juntos uma unidade entre os reinos das terras do Norte jamais vista em dez gerações d’A Aliança. Temos unido forças para anexar todos os reinos que jaziam independentes em nossas terras setentrionais até este momento, o que conseguimos com grande êxito. Até então, somos quatro reinos, dois maiores e dois menores. Mas ainda temos muito a fazer. Sabemos que Zaría é o pólo tecnológico d’A Aliança, e por isso está no topo de nossas prioridades. Se conquistarmos Zaría, A Aliança estará enfraquecida, e teremos diversas descobertas científicas a favor de nossas conquistas. Recentemente, enviei uma carta solicitando a rendição do povo de Zaría. Sinceramente, considerei que aquele povo fosse mais inteligente, como eles mesmos se proclamam, e fosse aceitar a rendição. Porém, o que recebi foi uma carta do Rei de Zaría, na qual declara ofensivamente que nunca se renderá.
Povo de Eleadna e exércitos das terras do Norte, não podemos deixar que um simples reino do Sul ofenda nosso poder de guerrear. Bebamos o sangue deles, a começar pelos sentinelas de Damna, logo nas fronteiras desse reino!
Sejam iniciados os preparativos para a guerra! Partiremos em poucos dias.


Um grande urro de guerra ecoou até as fronteiras de Damna.
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A Batalha de Mìr - Capítulo VII [por Elara e Dahak]

Mensagempor Ermel em 30 Out 2007, 02:21

Nomes um pouco confusos que me fazem perder a atenção. Fora isso a emoção continua a mesma!!
Agora vamos ver o resultado de tudo isso - Espero que Aka ganhe - =P
"And the question is
Was I more alive then than I am now?
I happily have to disagree
I laugh more often now
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A Batalha de Mìr - Capítulo VII [por Elara e Dahak]

Mensagempor Mai em 08 Nov 2007, 14:33

Yo!

Dahaske, é verdade, ando meio sumida. Lembra aquele trabalho que eu te falei? Já apareceu um pior. -_-'''''
Sem contar as aulas e provas. Mas eu estou me esforçando pra estar mais ativa! ^^

Muito bons os dois últimos capítulos. E, não sei porque, simpatizei com a Adnes :roll:
[Ladinos. São. Demais. Ponto. :victory: ]

Estarei acompanhando! Prometo! XD
RAWR. IMMA DINOSSOR.
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Mensagempor Dahak em 10 Nov 2007, 14:45

Lala, você é uma caixinha de boas surpresas, sabia?!
Fiquei encantado com os rumos que você deu pro conto ^^"

Tou aqui em franco debate com meus botões sobre como dar continuidade :victory:

Desculpem um pouco meu atraso, mas essas semaninhas tão um inferno pra mim.
Mas ainda nos próximos dias úteis eu posto de certeza.

Mai. Lembro sim. E super acredito.
Aqui tem acontecido a mesma coisa.
Acaba um chato, vem um pior.

See ya!


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Mensagempor Lady Draconnasti em 05 Dez 2007, 23:02

Ei, quando sai a continuação? XD
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Mensagempor Dahak em 15 Dez 2007, 03:41

Hun...sorry por não avisarmos.
Eu tive uns probleminhas com tempo nas últimas semanas e combinei com a Elara pra darmos uma seguradinha...
Mas dentro em breve eu posto aqui minha parte ^^"


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Mensagempor Lady Draconnasti em 15 Dez 2007, 11:55

EI! Hoje é dia do casamento da Lala!!!

Felicidades, Lalinhaaaaaaaaaaaa!!!
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Mensagempor Elara em 04 Jan 2008, 18:08

Nhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa...

Depois de um longo e tenebroso inverno, eis que voltei!

Dahak! Cadê a continuação!!!???

Tou com saudades. De tudo. De todos. E doida para escrever.

Ah, obrigada pelas felicitações a respeito do casamento. Estou muito feliz. Estive sumida por estar organizando e curtindo meu novo estilo de vida. Afinal, agora eu sou a Dona Elara Multiuso^^.

Chero pra todos!
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Mensagempor Elara em 16 Jul 2009, 10:36

Ok, conjurando "summons dead topic" XD.

Postei o mapa de Mìr no meu DA, caso alguém queira usar a ambientação para alguma crônica.

http://e-lara.deviantart.com/art/Mir-Map-127321099

Estou trabalhando com o Dahak para que possamos, dentro em, breve, dar continuidade aos trabalhos.

Chero!
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Mensagempor Lady Draconnasti em 17 Jul 2009, 06:23

\o/
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Mensagempor Dahak em 07 Mar 2010, 23:39

A Batalha de Mìr
Capítulo VI – Corrompido
Por Elara e Dahak


Rumores, relatos, histórias das conquistas de Eleadna eram trazidas pelo povo, eram trazidas pelo vento. Aqueles que não se punham sujeitos aos caprichos de Aka eram dizimados. Os sobreviventes, apesar de poucos, incumbiam suas feições bruxuleantes de contar ao mundo os horrores e a imponência daquele exército.

Por todos os cantos via-se e ouvia-se sobre as sucessivas empreitadas vitoriosas de Eleadna. Os ventos brindaram até os olhos de Sharonte com uma amarga marcha implacável das forças inquisitoras.

Heráldica não era uma das habilidades de maior acuidade do domador de vermes, mas isso não o impediu de constatar que mais um dos brasões de Mìr havia sucumbido. Apesar de não saber a qual reino pertencia, o brasão era empunhado com desdém e deboche, sempre sobrepujado pelo altamente disseminado brasão de Eleadna.

Sem se ater muito bem para qual direção o exército tomava, o domador sabia que, ao menos por ora, eles não rumavam para Danma ou Zaría. Para não correr o risco de ser visto montando seu verme, restava aguardar que o exército se afastasse, dormisse ou fosse distraído.

Um evento comum nas proximidades das dunas é a formação de tempestades de areia. De súbito, uma começou a se formar, acelerando a movimentação do exército e impedindo qualquer trabalho de reconhecimento visual.

Esquecendo-se da normalidade do evento, o domador atribuiu-o a sorte ou a uma luz divina, não importava muito, bastava o fato do vento ter erguido areia o suficiente para que ele corresse seguro para sua montaria.

A viagem para casa era rápida. Logo nas primeiras horas da manhã o verme já se encontrava nas áreas proximíssimas da realeza.

Sua majestade, Eh-Rif, já se punha em pé aparentemente havia um bom tempo. Absorto em marcações e nos dizeres de outros emissários, a presença de Sharonte tardou alguns momentos até ser notada.

Um escriba improvisava um amontoado de papéis como um livro de registro de guerra. Nesse livro encontrava-se um relato dos últimos acontecimentos dissidentes, das movimentações do exército de Eleadna e outras informações relacionadas.

Percebeu-se que a estratégia de Aka dividia suas forças em três consistentes facções. A primeira, e hoje a menor delas, era a de proteção da capital. A segunda foi denominada pelo povo danmínico de facção de patrulha. A esta cabia proteger as instalações móveis de Eleadna, seu acampamento. A terceira foi tida como itinerante. Esta é a facção que efetivamente que guerreia. E a cada nova conquista, a patrulha se desloca, ocupando parte da nova região anexada.

Era uma grande estratégia que permitia rotatividade entre os soldados patrulheiros e itinerantes.
A patrulha só se desloca e avança para os territórios que foram vencidos e anexados, fruto do trabalho dos itinerantes. A cada nova região anexada, as duas facções transeuntes trocavam de postos.

Os soldados que pertenciam a patrulha partem agora em missão itinerante. E os soldados que foram itinerantes na última frente de batalha passam a compor a patrulha e assim sucessivamente.

Os homens que Sharonte avistou deveriam, portanto, estar em um momento de encontro entre patrulheiros e itinerantes, ou ao menos era assim que os danmínicos supunham.

Outra anotação importante e surpreendente era sobre o aparecimento progressivo e periódico de homens e mulheres vestindo armaduras em Zaría.

Eh-Rif, de posse desses conhecimentos, deixou uma cópia do livro com sua esposa e partiu com a outra ao lado de Sharonte e outros nove domadores de verme para as terras de Manfred.

==

Os damnícos chegaram a Zaría no começo da noite e logo se depararam com Fevicz organizando uma estranha movimentação com barris. Seu semblante era de exaustão plena, mas sua dedicação mantinha o trabalho orquestrado.

O braço direito de Manfred exibiu um sorriso tão logo avistou os visitantes em seus vermes. Ficou um pouco desconsertado, é verdade, mas o sorriso era o traço mais evidente.
Após os devidos cumprimentos, Eh-Rif tinha muitas perguntas, mas foi rapidamente levado para a sala de reuniões

Fevicz já se encontrara voltando para a estranha atividade com barris em meio aos homens e mulheres amardurados.

Assim que adentrou o recinto onde encontraria Manfred, Eh-Rif notou uma figura cabisbaixa, cercada de odres e um forte cheiro de álcool no ar. Foi custoso acreditar que aquele era a entidade maior do reino mais prodígio e austero da Mìr.

O senhor de Danma acudiu Manfred que mal conseguia se postar em sua cadeira. Eles trocaram algumas informações e Eh-Rif entregou os registros de guerra, foi quando ouviu um balbuciar ininteligível e arrependido.

- Não entendi Manfred...
- Ee...eu fiz a escolha certa.
- Que escolha?
- Você viu meu amigo Fevicz e alguns barris?
- Vi, vi sim.
- Estamos estocando água com alguns daqueles barris. Para nós e para os demais aliados...
- Estocando água? Como assim?
- Estamos aproveitando que a água que chega aos eleadnos passa por nós...
- Aproveitando? Querem secar o suprimento de água deles?
- Não...
- Então eu não entendi.

Houve um momento de silêncio, então Manfred suspirou e prosseguiu:
- Estamos matando parte de Mìr.
- Como assim?
- Com os barris de trás estocamos água. Com os da frente... Estamos envenenando a água.
Houve um novo silêncio.
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Mensagempor Elara em 08 Mar 2010, 08:17

Nhaaaaa...

Vai ser difícil bolar uma continuação à altura!

Confesso que fiquei um pouco surpresa com a estratégia de Zaría. =)

Adorei a continuação!

Dentro de uma semana devo estudar as partes anteriores e escrever algo para postar.

Mìr não pode morrer!

XD

Chero!
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