Alvorecer
A Roda das Eras tornou a se mover.
Contemplo sua estrutura divina trabalhar harmonicamente, tecendo as glórias dos heróis que estão para nascer e amarrando o fio de seus destinos aos nossos. Girando e girando... Queimam as chamas dos acontecimentos por vir.
Fartura e escassez, paz e guerra. O sangue dos primogênitos derramados pela Espada do Sol. Os corpos dos eleitos empalados pela Lança da Lua.
Sinto o vento soprar em meu rosto e deslizar tempestuoso por minhas asas. O sabor ácido da traição, o cheiro fétido da morte. Dor da perda, ânsia da vida, o vislumbre do nosso futuro já conhecido.
A Sombra do Rei se espalhará pelos campos, tomando suas ovelhas e transformando-as em seus brinquedos de escuridão. O Falcão de Prata erguerá de seu ninho ainda imaturo e voará cego pela noite. Uma tempestade de agulhas cairá.
Veneno brotará no coração do Rei.
Uma Aliança Eterna será desfeita.
Heróis serão coroados com louros mortos.
Tronos de ossos revestidos com sangue e carne.
O ensaio insano pelo qual os deuses nos obrigam a passar.
O Alvorecer precedido pelo Anoitecer.
Ciclo maldito que nos prende.
Entardecer fúnebre que se anuncia.