A céu aberto

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Mensagempor laharra em 20 Fev 2009, 02:19

Madruga, belo conto. No começo, me lembrou Guerra dos Mundos (filme), por conta da paralisação de tudo que é eletrônico e a fenda no céu. Com o passar do tempo, foi ganhando um quê leve de Eu sou a Lenda (livro), por conta do protagonista, como você mesmo falou depois, e também Extermínio.

Quanto ao final, uma escolha que eu aprovei. A síndrome de Scooby Doo, como falou Lanzi, não é algo que abomino. É uma opção para uma literatura comercial, e eu mesmo a estou usando em um material que estou escrevendo no momento. Neste caso, porém, sabemos que tiraria o brilho de sua história.

Me pergunto se você arriscaria tentar um final mais fechado caso esse conto na verdade fosse um romance? Algo sutil e para se pensar, como em Guerra dos Mundos.

Sobre o possível rótulo em que esse conto se encaixaria, eu o colocaria como um de Ficção Especulativa - algo que basicamente aborda fantasia, horror e ficção científica sob uma mesma bolha. Não sei se você é familiar ao termo. Fiz uma pesquisa imensa sobre ele quando ia me formar, inclusive com uma monografia, mas adiei a formatura e tive de mudar o tema (perdendo 34 páginas prontas :eca: ). O título era Fantasia Heróica Medieval: A abordagem da crítica jornalística brasileira.

Acho que é isso. Tô com muito sono pra me alongar. Abraço. :cool:
Tentando encontrar inspiração para terminar o conto abaixo:
O Som do Silêncio: Parte IV - A decisão
Reger está às vésperas de uma batalha onde decidirá seu futuro. Durante o que podem ser seus últimos momentos com a Espada e com Alyse, ele se pega pensando sobre a validade de suas aspirações. Acompanhe o conto no link a seguir:
http://www.spellrpg.com.br/forum/viewtopic.php?f=24&t=1067
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Mensagempor Madrüga em 20 Mar 2009, 13:25

Lorde Seth escreveu:Agora, contudo, se o céu se abrisse e voltássemos, por assim dizer, à uma medievalidade instantânea (nossa, será que isso existe? :bwaha: ) a primeira coisa que eu faria seria sair da cidade, e não permanecer nelas. Afinal, terra por aí é o que não falta, e menos ainda braços e mãos que me permitam plantar.


Para quem está perto do campo, tudo bem. Agora, com aglomerações urbanas cada vez maiores, é difícil sair do coração da cidade; eu fico imaginando São Paulo, por exemplo. Milhões de pessoas tentando sair daqui... a pé? De bicicleta?

E outra: parece fácil, mas ninguém por aqui realmente sabe plantar, cultivar.

Laharra escreveu:Sobre o possível rótulo em que esse conto se encaixaria, eu o colocaria como um de Ficção Especulativa - algo que basicamente aborda fantasia, horror e ficção científica sob uma mesma bolha. Não sei se você é familiar ao termo. Fiz uma pesquisa imensa sobre ele quando ia me formar, inclusive com uma monografia, mas adiei a formatura e tive de mudar o tema (perdendo 34 páginas prontas ). O título era Fantasia Heróica Medieval: A abordagem da crítica jornalística brasileira.


Não conhecia o termo e fiquei bastante interessado pelo seu trabalho; espero que não o tenha apagado. Se eu puder, gostaria de lê-lo.

Laharra escreveu:Me pergunto se você arriscaria tentar um final mais fechado caso esse conto na verdade fosse um romance? Algo sutil e para se pensar, como em Guerra dos Mundos.


Talvez, cara. Daria para trabalhar mais longamente uma porção de significâncias, mas creio que elas perderiam muito da força que o conto traz.
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Mensagempor Lady Draconnasti em 21 Mar 2009, 11:56

(perdendo 34 páginas prontas :eca: )


Antes 34 que 80... ;)
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Mensagempor Elara em 21 Mar 2009, 18:22

Bem, voltando conforme prometido.

As minhas principais referências foram Madrugada dos Mortos, Guerra dos Mundos, Eu sou a Lenda e, principalmente, Extermínio.

A cena final, em que a personagem está em cima do prédio fugindo da horda de canibais me lembrou muito uma cena análoga de Madrugada dos Mortos. Os demais filmes me deixaram a mesma impressão do conto pela atmosfera e características semelhantes, porém Extermínio é o que mais se aproximou de como vi o conto.

Senti no final quase como se o protagonista estivesse gostando da situação. Tipo, sentado impavidamente tomando uma xícara de leite enquanto observa o povo se comer literalmente e contempla uma fenda no céu com exclusiva proximidade.

Quanto à escrita, impecável, como sempre.

Tinha outras coisas para dizer na época do comentário, mas não me lembro mesmo...

Chero!
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Mensagempor Dragão de Bronze em 22 Mar 2009, 22:36

Seu_Madrüga escreveu:Para quem está perto do campo, tudo bem.

Tudo bem mais ou menos.

Tem muito plantio automatizado aí, e vai dar trabalho pra mudar isso, viu... especialmente irrigação.
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Mensagempor Sr. Pichu em 31 Mar 2009, 16:11

é interessante o modo que você narra
no presente, parece que tudo está acontecendo no momento..
final também, deixa em aberto...
eu fico meio entre finais "verdadeiros" e finais abertos
depende muito da estória, neste conto ficou bom
"What is profit to a man, if he gains the world but loses his own soul?" (Matthew 16:26)

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Mensagempor Myako Lumine em 02 Mai 2009, 12:18

A impressão que tive, ao ler o título, é que seria algo de forma figurada, não literal. E foi exatamente por ter sido o contrário que gostei tanto.

O texto, de forma geral, está impecável. O personagem, sozinho, vendo tudo se acabar lentamente... De certa maneira me lembrou "Ensaio Sobre a Cegueira", mas com um sentido completamente diferente.

A única coisa que não entendi foi se algo, que não fosse a confusão causada pela fissura, os prendia na cidade.
"Estou nessa joça há nove anos e por mais que eu xingue, reclame, despreze, sempre volto. Porque no final das contas, não importe por onde você rode nesse mundo internético, não encontrará local mais engraçado, insano, plural e possível de ter debates de qualidade com pessoas ridiculamente diferentes."
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Mensagempor Madrüga em 02 Mai 2009, 22:38

Myako Lumine escreveu:A única coisa que não entendi foi se algo, que não fosse a confusão causada pela fissura, os prendia na cidade.


Não sei se consegui passar bem a impressão que queria. Mas sem carros e similares, a maior parte das pessoas não sairia dos grandes centros urbanos. Penso na minha cidade, enfiada no meio de tantas outras. A maioria não pegaria uma bicicleta em busca do campo, da longínqua zona rural, não saberia a direção a se tomar, teria esse veículo (subitamente precioso) roubado no caminho...

Lorde Seth disse anterormente que "não faltam braços para plantar", mas quem é que realmente sabe fazer isso sem auxílio de máquinas? Quem de nós tem algum conhecimento prático de agricultura básica, de caça, de pesca, o suficiente para sobreviver CASO saísse das cidades? A solução é fazer o que o ser humano sabe fazer bem: consumir até a exaustão.

Nada prendia as pessoas na cidade, mas pense bem: nesse pânico, sem tecnologia, sem informação, sem lei, como alguém pensaria organizadamente, venceria a fome e a dependência das benesses tecnológicas para partir em direção à distante zona rural para plantar alimentos com as próprias mãos?
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Mensagempor Myako Lumine em 02 Mai 2009, 22:44

É que a minha cidade é, de certa forma, pequena. Então aqui tem, em algumas casas, pessoas que tiram parte do alimento de pequenas hortas e tal.

Mas, pensando por esse lado, é algo um tanto problemático pra quem nasceu e cresceu, por exemplo, em São Paulo.
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Mensagempor Madrüga em 02 Mai 2009, 22:50

É que o conto se foca numa cidade grande, aparentemente. Com a falta de comunicação, fica difícil saber o que aconteceu nas comunidades menores, que provavelmente saberiam se virar melhor. No caso de cidades pequenas, pouca gente controlaria o cultivo, que provavelmente não atenderia a demanda (proporcionalmente às pessoas que não sabem plantar e não têm criação de animais); isso freqüentemente levaria a uma resolução violenta, seja por pessoas exigindo saber como cultivar, seja por ladrões roubando o produto final.
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Mensagempor Irish Carbon em 05 Mai 2009, 16:59

No começo, tinha lido e pensei: "Dava pra se virar nessa situação sem todo esse pânico."

Depois, li os comentários, li de novo o conto, e peguei: claro que dava, eles só não conseguiram pensar nisso.

Ou nós. Vai saber.

Ficou muito bom, Madruga. Parabéns.
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You are a horrible person.

That's what it says: A horrible person. We weren't even testing for that.


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Mensagempor Blackbird em 06 Mai 2009, 05:34

Vim, como havia dito que viria.

Gostei; e além da concisão já apontada, preciso adicionar que é um texto despretensioso, humilde. Acho que o tom "informal" observado pelo Lanzi foi o que deu essa característica ao texto; aí ele fica atrativo, pois é fácil na leitura e por parecer de fácil escrita.
A abordagem curta das referências (Donnie Darko, Apocalipse) foi uma estratégia que me atraiu, foi ardil - nas duas vezes esperei que desse mais fôlego e continuasse, ou explicando como a lei do mais forte soberpujou as leis dos homens, ou trazendo os cavaleiros e tudo o mais; mas não se delongou, e aí contribuiu pra dita concisão.

Por outro lado, a própria simplicidade não me caiu bem. Pode ser inveja. Haha :linguinha:

Quanto ao tema... bem, fico pensando quando acontecerá de verdade.

Parabéns. (y)
i am jack's complete lack of surprise.


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