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Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 20 Jul 2009, 17:33
por Armitage
Esbarrei com esse joguinho recentemente...


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O que é?

Fantasia sword & sorcery ala Conan, mas com um sistema simples e ágil (ou seja, sem a complicacão de D&D, Gurps ou BRP! ). O jogo se passa ha milênios atrás no continente da Lemúria que, segundo as lendas, se perdeu no que hoje é o Oceano Índico.

Como funciona?

O grande lance é seu sistema leve e, porque não dizer, charmoso ( :mrgreen: ).

Os testes se resumem a rolar 2d6, e tirar maior ou igual a 9. Para criar o personagem, cada jogador tem 4 pontos pra distribuir entre "carreiras". Exemplo:

Meu personagem nasceu um bárbaro nas Montanhas de Axos, mas logo na infância teve seu vilarejo arrasado e foi tomado como escravo. Depois fugiu para Qudesh, onde viveu como ladrão até crescer e se tornar um mercenário. Assim, minhas carreiras poderiam ser:

Bárbaro: 0
Escravo: 1
Ladrão: 2
Mercenário: 1

Se eu me deparar com uma situação que peça um teste relacionado a uma dessas áreas, eu posso rolar os dados. Exemplo:

Explorando um calabouço na planície de Klaar, me deparo com um baú empoeirado trancado com cadeado. Como meu personagem já foi ladrão (tem a carreira Ladrão: 2), eu posso tentar abrir. Eu rolo os dados, somando os valores de minha carreira (+2 de Ladrão) e o atributo relativo a tarefa (+2 de destreza, digamos), e se tirar um valor total maior ou igual a 9, tenho sucesso.

Além das carreiras, o jogador distribui 4 pontos entre 4 atributos (Força, Destreza, Mente e Carisma), e mais 4 pontos entre 4 habilidades de combate (Brawl, Melee, Ranged, Defense). Daí ele aponta sua região de origem no mapa..

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...e pega 1 qualidade e 1 defeito relativos a esta. Exemplo:

Nascido nas Montanha de Axos, meu personagem possui a qualidade "Estilingue", que é a arma preferida das tribos das montanhas para caça; e possui o defeito "medo de feitiçaria", justificado pelas lendas que as tribos contam sobre bruxos malignos.

Toda vez que eu fizer algo relacionado a minha qualidade, rolo 3d6 (ao invés de 2d6), e considerando apenas os 2 maiores. Quando for um defeito, é o inverso: rolo 3d6 e considerando apenas os 2 menores.

Pronto, agora é só jogar.

Tá mas e daí?

O sistema de "carreiras" é muito prático, e elimina aquele tempo perdido em meio a tabelas de skills, feats, equipamentos, etc. que vemos em jogos tradicionais (nas palavras do autor, "Conan, Brak and Thongor never went shopping; neither should characters in Barbarians of Lemuria").

Além disso, o que faz a diferença nos testes é seu próprio personagem (na forma de atributos e carreiras), e não bonus de armas, armaduras, etc. o que motiva os jogadores a adquirirem equipamentos para ilustrar e colorir a estória do personagem (e não pela "matemática do jogo" ). Isso também tem o efeito de permitir os heróis que vemos nesse gênero - pés de sandália e peitos nús - pois a diferença que escudos e armaduras fazem são mínimas.

Outra coisa interessante é sua flexibilidade - o sistema pode ser mais ou menos verossímil/realista/letal, dependendo do gosto do grupo, pois tem regras opcionais para ajustar isso (variação de danos, variação de dificuldades, conceito de "mooks" - aqueles inimigos buchas feitos pra morrer com um tapa igual D&D4, etc.), além de ser adaptável pra outros cenários.

Moral da história: um jogo simples, rápido e charmoso. Vendido a $10 o pdf no site RPGNow. É uma pechinca. E eu quero jogar!!!


EDIT: esqueci de dizer como os personagens "avançam de nível": descrevendo como torram todo o ouro que ganharam no final da saga!!! Quer mais bárbaro que isso? :mrgreen:

Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 20 Jul 2009, 19:15
por Smaug
Eu ainda quero saber no que a profissão escravo pode ajudar alguém :linguinha:

Apareceu um sistema desse jeito, inclusive com a proposta de xp em troca de como vc gasta seu ouro, aqui na spell uma vez... mas o autor se concentrou mais em dizer: como esse era o melhor jeito "old school" de se jogar do que em realmente tecer a proposta... sei lah, pelo que vc descreveu parece ser um sistema bem descompromissado, não sei se aguentaria campanhas muito longas ou se só serviria para aquele fim de semana que ninguém quer pensar em nada...

Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 20 Jul 2009, 22:29
por Armitage
Eu ainda quero saber no que a profissão escravo pode ajudar alguém

Bom, se for uma escrava sexual... :roll:

Apareceu um sistema desse jeito, inclusive com a proposta de xp em troca de como vc gasta seu ouro, aqui na spell uma vez... mas o autor se concentrou mais em dizer: como esse era o melhor jeito "old school" de se jogar do que em realmente tecer a proposta...

Esse cara mandou mal.

Mas em se falando de old-school, acho que esse jogo retém uma coisa que D&D acabou perdendo ao longo dos anos: o flavour sword and sorcery. As primeiras edições do D&D tinham um tom bem Howard, Lieber e Moorcock, mas com o sucesso de Forgotten e Dragonlance, a coisa toda desandou pra Tolkien e seu "o bem vence o mal e espanta o temporal, o azul e o amarelo tudo é muito belo". Ainda que exista uma base S&S até hoje, parece que construíram uma castelo da Disney em cima dessa base.

Nisso acho que Bábaros da Lemuria retém aquele clima da antiga. Mas bem, pode ser só uma impressão.

Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 20 Jul 2009, 22:55
por Smaug
Acho que eh soh impressão, o fato de ser um jogo de heroismo não implica em ser do bem contra o mal, vc pode ser um herói sem alinhamento algum e fazer o que te der na telha, pode ajudar o vilão ou ajudar os mocinhos a um custo...

Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 20 Jul 2009, 22:57
por Madrüga
Silva, eu achei o máximo esse sistema; sai um pouco dessa coisa na qual estamos viciados (o eixo D&D-Storyteller/ing-GURPS), e parece bem rápido para introduzir a iniciantes e parece ter um clima muito bacana. Quero pôr as mãos nele, agora.

Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 21 Jul 2009, 23:40
por Armitage
Madruga e demais que estiverem interessados em conhecer, me mandem PM.

(by the way, madruga você chegou a ver o Agon? )

Acho que eh soh impressão, o fato de ser um jogo de heroismo não implica em ser do bem contra o mal, vc pode ser um herói sem alinhamento algum e fazer o que te der na telha, pode ajudar o vilão ou ajudar os mocinhos a um custo...

Smaug, pode ser que hoje em dia a coisa tenha alcançado um meio termo, mas se você pegar o AD&D segunda edição, lançado no meio dos anos '80 (se bem lembro), a implicação de que os PCs têm que ser "do bem" e lutar contra "o mal" é óbvia. E acho que Forgotten Realms é um produto desse paradigma.

O que você mencionou, do cara pedante dizendo que esse jogo é o melhor Old-School e tal, talvez tenha a ver com isso - esse jogo meio que resgata um pouco daquele flavour dos primeiros D&Ds (pré-AD&D), o que causou um certo rebuliço lá fora com o público old-school.

Bárbaros da Lemúria

MensagemEnviado: 22 Jul 2009, 06:06
por Lector
indo um pouco pro off-topic, a ênfase no lado "Disney" da coisa no D&D foi uma reação a perseguição que o jogo sofreu por um tempo, principalmente pela B.A.D.D.
o jogo então passou a dar maior ênfase a criação de personagens bondosos, eliminando classes (assassino) e raças (Meio-Orc) malignos, trocando o nome dos demônios e diabos entre outras coisas